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Estávamos deitados em cima de um lençol grande no gramado do quintal de sua casa. Sua família estava toda lá dentro, a Tia Joyce estava conversando ao telefone com o Senhor Murray (homem que ainda não tive o prazer de conhecer), Jane estava escrevendo uma cartinha pro namoradinho dela que ainda morava na antiga cidade deles e Jonathan estava assistindo televisão após o jantar.

Levamos nossas sobremesas para comer ali fora, enquanto víamos as estrelas e conversávamos, mas isso foi a bons vinte minutos e agora só estávamos deitados apreciando a vista.

O céu estava bonito, cheio de pontinhos brancos brilhantes, estrelas essas que você tentava contar uma a uma, mas sempre se perdia por volta das trinta ou quarenta, eu ria daquela palhaçada, porque você ficava tão fofo vermelhinho de raiva, frustado por não conseguir contar ao menos cem delas. E eu sorria, tentando entender como podia sentir meu coração palpitar tão freneticamente por você mesmo nessas situações engraçadas.

Eu sou um idiota, como eu ainda poderia gostar de alguém que já estava apaixonado por outra pessoa? Eu devo gostar de me ferrar mesmo... afinal, como esse rapaz que ele gosta é?

— Will, posso te perguntar uma coisa? — murmurei alto o bastante para que ele ouvisse.

— Claro, Ran. — você virou seu rosto para mim e sorriu de olhos fechados. Que fofo...

— Como... Bem, como é o garoto que você gosta? Ele gosta de garotos também? — desde aquele dia tinha de passado uma semana, mas eu nunca cheguei a me aprofundar no assunto.

— Ele é bem inteligente, gosta de jogar aquele jogo que eu te falei que gostava, o cabelo dele é preto como esse céu e ele é bem legal. Mas sabe de uma coisa?Nos últimos dias eu tenho percebido que é melhor esquecer dele. Por mim, por ele e por Jane. — a maneira com que ele falava... Parecia que estava falando sobre um amigo qualquer e não do garoto que gostava. E o que a irmã dele tem haver com isso...? Não me diga que...?

— Você gosta do namorado dela, né? — perguntei, em seu rosto um sorriso tortinho apareceu.

— Infelizmente. — com um suspiro sentido, ele voltou a observar as estrelas.

— Cara, pula fora dessa o quanto antes puder. Diga não ao homem comprometido! — com meus braços formei um x, que fez Will se virar para olhar e rir, dando um tapinha nos meus braços para que eu os tirasse daquela posição, coisa que eu fiz enquanto também ria.

— Eu sei, uma merda. Mas não se manda no coração, certo? — ele levou uma mão ao peito em cima de onde ficava o coração e apertou o tecido da camisa com uma carinha de conformado.

— Mas sabe? Quando você o descreveu não parecia que estava falando de alguém que você gosta nesse sentido e sim como se ele fosse só um amigo. — disse com a mão no queixo, pensando.

— É porque ele é. — disse o óbvio, me fazendo dar um aperto fraco em sua bochecha bonita.

— Não foi isso que eu quis dizer, espertão. — ri de nervoso.

— Então espero que tenha razão. — voltou a dizer após meio minuto.

— Eu sempre tenho. — virei para deitar de lado com a cabeça descansada no meu braço para observa-lo melhor. Ele sob as luz das estrelas...

— Idiota, convencido. — ele deu uma leve apertada no meu nariz, sorrindo, me despertando do leve transe.

— Seu idiota. — por fim respondi, tendo a clara impressão errada de suas bochechas ficando vermelhas. Devo estar alucinando.

— E convencido. — não negou, isso me fez sorrir.

— Seu idiota e convencido, só seu.

Quadrinhos; Will Byers.Onde histórias criam vida. Descubra agora