Uma coisa que eu tinha certeza era: eu nunca tinha chegado naquela fase.Sabe a fase: a pessoa que você gosta, gosta de você também?
Sim, eu nunca tinha chego, eu era um garoto gay descendente de asiáticos na Califórnia nos anos 80.
Eu nunca pensei que fosse chegar, que eu seria capaz de gostar de um garoto que gostava de garotos também e que esse garoto fosse me beijar, me corresponder e agora... Me dar esse desenho...?
Um desenho, mano!
Do Will!
Eu tô muito realizado, cara...
Desde que eu o conheci, eu sempre soube que ele era um artista, ele vivia me mostrando seus desenhos e, cara, eu sempre quis que ele fizesse um para mim.
E ele fez!
Comigo segurando rosas vermelhas... as minhas favoritas... ele fez...
Inconscientemente, lágrimas começaram a rolar pelas minhas bochechas, enquanto eu apreciava o belo desenho, eu tomei um susto quando senti seus dedos quentinhos contra as minhas bochechas, secando as lágrimas com um sorriso meigo no rosto.
— Isso quer dizer que você gostou, Ran? — você riu, acariciando minha bochecha.
— Tá brincando? Eu sempre quis ganhar um desenho seu! Obrigado, Will! — Pulei para abraça-lo, pouco me importando o lugar que estávamos.
Você tinha me convidado para ir na pracinha perto das nossas casas, estávamos perto de uma fonte bem bonita, dando um ambiente romântico para nosso momento.
Era perfeito. Seu sorriso, seu abraço e o olhar apaixonado com o qual você olhava para mim.
Eu não tinha entendido como você poderia me amar em tão pouco tempo, mas não estava reclamando.
Eu gosto de você. Queria poder te falar isso.
Queria ter a coragem que você tinha de me beijar, mas mesmo com só um abraço, senti olhares pesando sobre a gente.
— Vamos tomar sorvete lá em casa? — perguntei sorrindo para você, algo que você retribuiu, confirmando com a cabeça.
Logo nos afastamos daquele lugar, indo para minha casa. Você cumprimentou Nico e meus pais, eles ficaram tão felizes em te ver, encantados pelo desenho que tinha feito para mim.
Eu os amo tanto...
Puxei você para a cozinha, na Califórnia fazia muito calor, você dizia que em Hawkins era bem mais frio e por isso ainda não estava acostumado.
Lá pegamos três bolas de sorvete de morango com pedaços de chocolate para cada, subindo para meu quarto para comer lá.
Guardei o desenho na gaveta da minha mesinha de estudos, sob um olhar orgulhoso seu.
No meu quarto tinha uma pequena sacada, onde tinham cadeiras para duas pessoas e uma mesinha, nos sentamos ali, escondidos do sol por causa do teto da sacada, apreciando a vista e o sorvete. Não era meu sorvete favorito, mas eu sabia que você gostava e, cara, nos últimos dias eu tinha aprendido a gostar (assim como você agora gostava de milkshake de maracujá, o meu favorito).
— Ran. — ele começou, após tomar a primeira colherada de sorvete.
— Oi, lindo? — mesmo sem vê-lo, eu sabia que suas bochechas estavam vermelhas, ele nunca ia estar acostumado aos meus elogios repentinos.
— Você... Gosta de mim? — ele ainda teve a cara de pau de perguntar, não tá estampado no meu rosto que eu amo esse garoto?
— Achei que tava na cara. — comecei a rir, enquanto pegava mais uma colher do doce.
— E agora o que a gente faz? Nunca cheguei nessa fase... — ele riu comigo, senti seu olhar em mim. Virei meu rosto para olhá-lo, ele tinha até colocado o seu pote de sorvete sobre a mesinha, suas mãos tremiam, você brincava com seus dedos, desviando o olhar quando comecei a olhá-lo de volta. Que gracinha...
— Agora a gente namora, né? Acho que é assim... — coçei o queixo, pensando. — nunca perguntei aos meus pais como eles começaram a namorar...
— Tem que ter um pedido bonito primeiro... — ele disse, envergonhado. Nem parece o mesmo garoto que tomou coragem para selar os meus lábios. Ele é a pessoa mais fofa que eu já vi.
Me levantei sob seu olhar, deixando meu pote de sorvete do lado do dele, dando dois pequenos passos e parando em sua frente.
— Eu sei que se deve ter anel ou aliança, sei lá, mas esse pedido é do coração, depois eu faço um mais bonito... — murmurei, me ajoelhando em sua frente, colocando minhas mãos sobre as suas que estavam trêmulas e as pegando para enche-las de beijinhos. Os beijos aparentemente fizeram cócegas nelas, porque você começou a rir e ficar menos nervoso. Ótimo, era isso que eu queria.
— Se você demorar, eu mesmo irei fazer um pedido com direito a aliança e tudo... — riu, apertando de leve minhas mãos, como se dissesse que estava tudo bem e que era para mim prosseguir.
— William Byers. — chamei, começando meu discurso para o pedido de namoro. — Eu me apaixonei por você, não durante a primeira vez que nos falamos, nem depois, eu me apaixonei muito antes, quando via você pelos corredores da escola ou pelos mais variados lugares da cidade. Eu amo você e amo ainda mais o Homem-aranha por ter nos dado a oportunidade de estarmos aqui hoje. Eu sei que eu não tenho uma aliança aqui ou qualquer símbolo material para representar oficialmente nosso namoro, mas meu coração já é seu, então... Quer namorar comigo? — falei com calma, olhando em seus olhos bonitos. Vi lágrimas descendo de seus olhos, suas bochechas ficando vermelhas e seu sorriso aumentando a cada palavra que eu dizia.
— Eu seria louco se não aceitasse, eu te amo, Ranma Park. — e pulou em cima de mim, me abraçando com força.
Você tomou meus lábios novamente para si em um demorado selinho, eu fechei meus olhos, apreciando o momento e levando minhas mãos para sua cintura, apertando de leve.
O simples, mas bonito, selinho se transformou em um beijo ainda mais apaixonado depois que você pediu passagem com sua língua. Eu explorava sua boca com lentidão, o gosto de morango do sorvete se misturando, eu apertava sua cintura com um pouco de mais força e você me apertava contra seu corpo como se eu fosse fugir. Era maravilhoso.
Quando nos separamos, encostamos novamente nossas testas uma na outra, repetindo a mesma coisa que fizemos quando demos nosso primeiro selinho. Eu estava ofegante, era meu primeiro beijo assim.
Você me olhava apaixonado e, cara, eu admiro tudo em você.
— Eu te amo. — falamos ao mesmo tempo. Aquilo foi um choque para a gente. Sem entender, começamos a rir pela coincidência.
Ah, cara, como eu amo você...
E agora vamos ter que tomar sorvete derretido, mas tudo bem, porque agora eu namoro Will Byers.
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Quadrinhos; Will Byers.
Fanfic"Acho que devo agradecer a Stan Lee por criar o Homem-aranha. Afinal, sem ele, você nunca teria tomado a iniciativa para falar comigo." [William Byers x Male Oc]