02 | Chance.

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⸻ CAPÍTULO DOIS,
"chance"

EMILY BRICKELL SABIA O QUÃO ERRADA ELA ESTAVA AO FECHAR AQUELE ACORDO COM NATE, mas, andando pelos corredores com os seus amigos em seu encalço, eles somente lhe deixavam confusa sobre tal fato. Nenhum dos dois tinha uma boa relação com o atleta, e não que fosse sobre antigas intrigas – até porquê eles nem mesmo interagiam com ele –, mas era só pelo jeito babaca que usualmente ele agia com as pessoas em geral.

⸻ Assim, você ajuda ele a passar de ano e a gente nunca mais vê ele! ⸻ deu a solução Ida, gesticulando com as mãos e agindo como se tivesse colocado as cartas na mesa. Um gênio.

⸻ Não, nós não devemos ajudar o inimigo ⸻ discordou Archie, entretanto, fazendo careta para as ideias da melhor amiga. ⸻ Deixa ele se ferrar sozinho, Emily. Isso não é da sua conta.

⸻ Você tá sendo burro agora, Archie. É a única vez que você tem a chance de ser mais inteligente do que eu, e você é burro. ⸻ ofendeu Ida, graitutamente. Emily soprou uma risada pelo nariz.

⸻ Parem com isso. Não interessa se é burrice ou não, eu já combinei. Tá marcado. ⸻ finalizou.

⸻ E você tá sendo inteligente.

⸻ Devia deixar ele repetir de ano. ⸻ insistiu ele.

⸻ Pra gente aguentar ele por mais um ano? Burrooo! ⸻ exclamou a indiana, se inclinando na direção do amigo, empurrando ele pelos ombros.

⸻ Vocês parecem crianças, eu já disse que não adianta discutir. ⸻ deu um fim na discussão quando chegaram aos seus armários. Um do lado do outro. O de Archie era o primeiro, Emily o segundo, no chão, e Ida, o terceiro. ⸻ Vamos nos encontrar hoje às quatro e meia.

⸻ Eu aposto que ele vai se atrasar, isso é clássico de atletas gostosões e super ocupados que nem ele ⸻ sonhou alto Ida Das, ao parar em seu armário também, abrindo e jogando a cabeça para trás, sorridente com seus próprios planos.

⸻ Eu mandei ele não se atrasar.

⸻ Não é como se ele fosse simplesmente respeitar. ⸻ Archie adicionou, do contra.

⸻ Tanto faz. Se ele se atrasar, acabou tudo.

⸻ Quadro de estudos com o gostosão indo ralo abaixo! ⸻ exclamou a indiana, mexendo seus dedos para simular algo caindo e fazendo um biquinho.

Emily apenas riu da infantilidade da melhor amiga.

Eles três se conheciam desde que se entendiam por gente: uma vez no parquinho, Ida comeu terra e Emily se aproximou para dizer que era burrice e que ela iria morrer. Logo após, Archie se juntou as duas para reforçar a ideia de que a indiana iria morrer. Por mais que parecesse trágico, fez com que eles fossem melhores amigos por dezessete anos consecutivos, em uma dinâmica meio confusa, mas suportável.

Ida Das havia saído dos da Índia com seus pais para os Estados Unidos com três anos de idade. Com um sotaque americano perfeito e uma inteligência quase anormal, ela se encaixara naquela cultura sem mais nem menos. Era uma adolescente meio nerd – apesar de muito bonita –, clássica e sonhadora. Estranhamente atraída por filmes clichês americanos e se considerava sortuda por estudar em uma escola tão "temática" quanto, sendo assim, a todo momento acreditava que um deles estava prestes a viver um amor de cinema. Na vida real não era muito boa com os garotos que gostava, tampouco relacionamentos, mas quando se tratava da ficção, era experiente.

Já Archie Bricks era um peculiar garoto de Vancouver. Seus cabelos rosas há tanto tempo, que já quase naturais sob a raiz preta, e bissexual desde que se entendia por gente. Ele nunca realmente precisou beijar um garoto quando eram pré-adolescentes – como Emily e Ida fizeram a vida inteira – para entender do que gostava, mas sempre fora decidido muito antes delas, e nunca foi um problema para as demais amigas. Em comparação a Ida, o garoto sempre era muito mais pé no chão, preso a realidade. Muitas vezes pessimista, mas em alguns momentos era até que necessário, só que nem sempre.

"jogo da conquista" demoOnde histórias criam vida. Descubra agora