08 | Quinta

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—— CAPÍTULO OITO,
“ quinta ”

EMILY NÃO MENTIU QUANDO FALOU COM NATE: ela não gostava de festas. Não era por nenhum motivo clichê de querer ser diferente ou algo do tipo, apenas acontecia que não era o lugar onde ela mais se sentia confortável no mundo. Muito pelo contrário. Música alta, ambiente lotado, suor, drogas e a impossibilidade de comunicação — sem contar no cardápio extenso, que consistia apenas em cerveja e água (se você não se importar em beber da pia).

Realmente não era muito do seu feitio. Mas era engraçado que aquele fosse o justo subjeto que Nate quis conversar sobre, se tendo em mente que fora sobre isso sua última conversa com Johnny. E por isso, apenas por isso, ela se permitiu de fato pensar sobre enquanto a aula de inglês avançado acontecia na sua frente.

Ela vinha sim negando todos os convites de Archie e Ida que consistiam em sair de casa e encontrar mais pessoas além deles dois. Desde que seu namorado mudou de estado, a disposição de Emily parecia ter caído em cinquenta porcento. Antes de conhecê-lo ela já não era a pessoa mais social do mundo, mas ao menos tinha um pouco de energia e conseguiu sair da caverna durante o namoro. Mas agora, com ele longe, não sentia muita vontade de sair. E era algo que todos reclamavam sobre. Seus amigos, sua mãe, seus familiares e até seus professores (loucura, não?).

Seus dois melhores amigos eram o completo oposto de si. Enquanto ela se trancava no quarto e fingia não existir se não estivesse na escola, para os dois mais presença era igual mais luxo. As agendas estavam sempre lotadas, mesmo que quando Emily perguntasse, em um final de semana seguido de feriado, eles mentissem e dissessem que estavam livres para ir até a sua casa e assistir Diário de Uma Paixão de novo e de novo.

Mas ela nunca, nunca olhou para a sua agenda vazia e disse a eles que tinha tempo para ir a casa de Joana Banana ou sabe se lá quem é que dava festas naquela escola.

Foi por isso então que eles quase deixaram o queixo cair no chão quando, sem citar Nate é claro, mencionou por livre e espontânea vontade a tal festa de Julia Susan. Eles estavam sentados na arquibancada,  lanchando de frente para o gramado vazio e por pouco um grito de Ida não preencheu aquele silêncio que ficou entre os três depois da garota ter manifestado seu interesse por isto.

⸻ Você 'tá brincando! ⸻ Ida quem disse. ⸻ Emily Brickell? Você ainda está dentro desse corpo?

Perguntou, aproximando uma batata frita meio murcha do rosto da melhor amiga, que deu um tapa em sua mão. A batata voou direto para o banco e a indiana a encarou com uma tristeza comovente nos olhos. Emily deu a ela a sua própria batata que segurava.

⸻ Sim, idiota, e estou falando sério. Vocês sabem alguma coisa sobre?

⸻ Bem, é óbvio que sabemos. A gente não vive nas montanhas do Himalaia que nem você, Lily. Temos coisas 'pra fazer.

Ouch.

⸻ Ela 'tá certa, nós saímos de casa ⸻ deu de ombros Archie. ⸻ Não devia se sentir ofendida se você finge que morreu 'pra não sair de casa. Mas acho fofo que não faça isso pelo Johnny.

⸻ Pois eu não acho! Onde já se viu? Que coisa ridícula, não ache mesmo que ele parou a vida dele lá na Flórida por você, queridinha. Nosso garoto deve estar fazendo vários touchdowns seguidos.

Os dois encararam a menina, que levantou os ombros como se não ligasse para o comentário. E não ligava mesmo. Emily se ajeitou no banco. Ela e Archie estavam na mesma altura, enquanto Ida estava sentada um degrau abaixo deles com o lanche todo ao seu lado. Quando tinham tempo e dinheiro, gostavam de torrar dinheiro na cantina do colégio. E agora ainda existia o bônus dos doces de atleta fornecidos por Nate, o que tornava tudo ainda melhor.

"jogo da conquista" demoOnde histórias criam vida. Descubra agora