—— CAPÍTULO SETE,
“ autoconfiança ”
EMILY SE ARREPENDEU UM POUCO enquanto se arrumava. Surpreendentemente, não havia mudado de ideia durante a semana e se manteve firme em sua decisão. Parte pelo conselho de Johnny, parte por insistência de Ida.
Porém, de frente para o espelho as sete horas da noite, o que fazia não lhe parecia muito certo. O que havia dito para Nate não era uma mentira – ela não gostava de festas; na verdade, as detestava. Sempre se sentia uma forasteira e era como se não se encaixasse nunca, mesmo quando estava com os melhores amigos. Se eles decidissem seguir rumos diferentes aquela noite, era certo que ficaria perdida, já que não conhecia ninguém e não poderia contar livremente com o Kravz, que tinha um objetivo bem diferente para a festa.
De qualquer maneira, não teve muito tempo de contemplar a vida e suas decisões, porquê logo a buzina do carro de Archie fez barulho do lado de fora. Emily nem precisou olhar no relógio, sabia que o amigo estava pontual como sempre.
Sabendo que nem ele nem Ida dariam para trás naquela altura do campeonato, decidiu apenas se dar por vencida e pensar que tudo ficaria bem. Encaminhou uma foto para o namorado e disparou para descer as escadas correndo.
Fazia alguns bons meses que não ia a uma festa, mas quase nunca errava no dress code. Um top de mangas longas e rendas florais transparentes com uma calça jeans parecia o suficiente para sobreviver uma noite inteira, não parecer brega, e não exagerar. Tudo ao mesmo tempo. Muitas coisas que um jovem aprende com as festas de ensino médio.
Quando chegou no andar de baixo, sua mãe estava sentada no sofá já a olhando com aquele sorriso costumeiro em seu rosto. Ele era convidativo e simpático, e a mulher apenas o expandiu ao ver a filha.
— Já de saída, querida? — perguntou ela.
— Sim, mãe. É o Archie aí fora. — explicou, dando um beijo na testa da mais velha e pegando sua bolsa na mesa de centro. — Volto cedo.
— Ah, não se preocupe com isso, minha filha! É a primeira vez que sai desde que Johnny foi embora. Estou feliz, acredite. Se dê a liberdade.
Ela deu duas batidinhas suaves na cabeça de Em antes de voltar a prestar atenção no que passava na televisão. Um programa de culinária, como sempre. Era o que a distraía quando não saía com as amigas nos finais de semana. Naquele em específico, Hana decidiu ficar em casa por causa dos planos da mais nova.
Emily saiu de casa tentando não pensar nas palavras de sua mãe.
Archie e Ida estavam discutindo encostados no carro quando ela fechou a porta atrás de si. Seu amigo estava com uma jaqueta de couro, os fios rosados arrepiados e uma calça cargo preta. Sua amiga estava com uma blusa de zíper e saia preta combinando como se fossem uma peça só.
As duas se abraçaram.
— Como conseguem discutir tanto?
— Desculpa por não querer ouvir Joji no nosso trajeto de casa até uma festa. Se ele bater o carro e morrer de tristeza, qual vai ser nosso destino?
— A morte — ela disse, dando a volta ao carro e sentando no banco do carona e seus amigos fizeram o mesmo. Passou o cinto de segurança pelo corpo. — Mas eu também não concordo.
Tirou o telefone dele do bluetooth, colocando o próprio. Seu amigo a olhou, ofendido.
— Eu não tenho nada contra o cara, você sabe, mas se vamos 'pra uma festa, seria melhor ouvir algo mais...
Ela fez uma pausa dramática, ligando o som. Alguma música datada de Taylor Swift começou a vibrar o carro. O garoto revirou os olhos e bufou conforme as duas meninas começavam a cantar imediatamente, acompanhado a voz da cantora. Archie avançou com o carro claramente contrariado.
