CARLA MARAISA NARRADORA
Eu dormi na terça-feira, e acordei na quinta-feira. Numa cama de hospital, pensando que tinha morrido, que finalmente tinha ido, mas acordei num sonho mal.
Não sabia o que 'tava ocorrendo, mas sabia que era consequência do erro que cometi dois dias atrás, Um frasco não me caiu bem, coincidência?
Remédios enjoo agora me traz. Overdose, overdose foi o que tive, eu vomitei tudo o que não queria, 'Tô escrevendo o que não era pra existir, Mas agora estou aqui de novo.
Talvez, eu esteja sendo egoísta, mas é porquê o que eu sentia que ninguém poderia resolver, porque todos 'tão ocupados com seus próprios problemas, então, os meus são deixados de lado, porque não posso resolvê-los sozinha.
A minha solidão me consome, os meus demônios me possuem, o meu vazio rouba meu calor e as pessoas só vieram me oferecer ajuda quando eu quase realizei meu suicídio.
Por quê eu sinto esse vazio dentro de mim?
Por quê eu sinto que as pessoas são falsas comigo?
Por quê eu sinto que eu não tenho ninguém?
Por quê eu sinto que eu não sou uma amiga boa?
Talvez eu realmente não seja uma amiga boa, talvez seja por isso que eu esteja me sentindo assim. No fundo, eu sabia que iria me sentir assim, só não estava preparada.
Queria esquecer isso tudo, queria que essa solidão passasse, queria uma resposta.. Mas uma resposta eu não vou ter.
Pensei que tentando o suicídio a dor iria aliviar, os problemas iriam fugir, as pessoas iram se torna mais próximas de mim. Mais tudo o que eu arrumei agora foi um grande vazio.
Olhava aquele quarto e sentia uma angústia por saber que não deu certo de novamente, Luísa desde da hora que acordei me encheu de broncas, dizendo que eu só dava trabalho a ela. E se irritou mais ainda quando falei um "Vai se fuder" baixo mais que foi ouvido por ela.
– A mocinha já está liberada! - A médica falou calma dando um sorriso simples enquanto me ajudava a levantar da cama.
– Pensei que iria ficar aqui o dia inteiro. - Luísa bufou enquanto olhava a hora em seu relógio. - Vamos logo Maraisa! Não tenho todo tempo do mundo.
Saímos do hospital em um silêncio absurdo, Luísa não trocou nenhuma palavra comigo até chegamos em sua casa, saí do carro sentindo meu corpo fraco a ponto de desmaiar ali mesmo.
– Você vai embora da minha casa, agora! - Falou assim que entramos. – Você só me arruma trabalho Maraisa, eu tô cansada já disso. Não confio em você sozinha, te trouxe pra cá para ter uma vida melhor e você só tá me dando desgosto.
– Por favor Luísa eu não quero voltar pra lá! Por tudo o que é mais sagrado, não me deixa na casa de Tia Almira.
– Eu sinto muito Maraisa, mais na minha casa você não entra nunca mais!
E foi ali que meu mundo desabou...
Foi ali que eu percebi que era um fardo para as pessoas, iria voltar a sentir a dor novamente, iria ver meu pesadelo frente a frente, iria ser infeliz novamente. Assim como todo os dias da minha vida.
[....]
Assim que Luísa estacionou na frente da casa de Almira, peguei minhas bolsas e saí do carro enquanto escutava Luísa me pedindo desculpas. Mais suas desculpas não iriam adiantar de nada.
Ela me tirou do inferno e me colocou novamente, suas desculpas para mim não iriam mais valer. Tudo o que eu sentia agora era que ainda até o final do mês de setembro, ninguém iria se preocupar comigo.
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Cardigan - Malila
Teen Fiction"Você não vai conseguir." "Você é um fracasso, deveria se envergonhar!" "Vale a pena viver sendo assim? Eu acho que não. Acabe logo com Isso!" "Você está sozinha." Essas são algumas das frases ditas (e muitas vezes repetidas) na cabeça de Maraisa. D...