Dinah Jane

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Normani está totalmente no clima de karaokê. Duas taças de espumante e bum. Ela está no palco. Não é nem a vez dela, mas acho que essa é uma das vantagens de ser linda e ter uma amiga igual. Bastaram oito segundos e dois sorrisos bonitos de Lori e Normani (com uma ajuda do decote de Lori, acho) para convencer os caras que eram os próximos da fila a deixar que as duas passassem na frente.

- Sua garota é boa nisso. - Jason me diz, sentando ao meu lado com um copo de uísque.

Fico tensa por uma fração de segundo ao ouvir Jason se referir a Normani como minha garota, mas sei que ele já disse isso um milhão de vezes, quando ainda não tínhamos transado, e ele só quer dizer que ela é... bom, minha garota. Mas não nesse sentido. Enfim. Normani canta bem. Muito bem por sinal. Ela e Lori escolheram uma música antiga do Destiny's Child, o tipo de música que eu cantaria em qualquer situação da minha vida. Também sou apaixonada por esse grupo. O bar está adorando as duas. É raro aparecer alguém num karaokê com uma voz e um visual arrasador, mas é o caso de Normani. A voz de Lori não é tão boa, e ela se limita ao acompanhamento, mas está longe de ser desafinada. Além disso, está mais do que compensando a falta de talento vocal com dança. Ao terminar, elas são aplaudidas de pé, e voltam para a mesa aos risos.
Normani pega minha bebida e dá um gole enorme.

- Delícia!

- A cerveja ou o palco? - pergunto.

- As duas coisas.

Ela se recosta no assento com um sorriso.

- Acho que a gente precisa de mais champanhe.

- Você sempre acha que a gente precisa de mais champanhe. - Lori diz. - Mas dessa vez eu concordo.

Jason chama um garçom com cara de tédio e pedimos outra rodada enquanto Lori e Normani se preparam para a próxima música.

- Vamos colocar nosso nome na lista. - diz Lori. - Apesar de que com certeza vão deixar a gente furar a fila depois da nossa apresentação.

- Tá. Só preciso de uma bebida primeiro. - Normani avisa. - Uma dose de coragem.

- Hum-hum. - Lori responde.

Em seguida seus olhos se voltam para mim.

- Faz um dueto comigo Hansen.

Paro de beber a cerveja e noto que Normani lança um olhar de surpresa antes de se virar para mim. Faço que não com a cabeça.

- Sem chance. Chama o Jason.

- De jeito nenhum. - ele retruca. - Eu não canto.

- Pensei que o karaokê tivesse sido ideia sua. - Normani comenta, inclinando a cabeça.

- Gosto de ver outras pessoas passar vergonha. - ele diz, apontando para o palco, onde um grupo de mulheres embriagadas atropela a letra de "Girls Just Wanna Have Fun"

- Qual é? - Lori insiste, me dando um chute de leve por baixo da mesa. - Vai ser divertido.

Olho para Normani como se tivesse pedindo permissão, que dá de ombros.

- Vai lá. Sua voz é linda e vai dar um banho em todos que estão cantando.

O que Mani não diz é que em geral eu canto com ela. A gente ia ao karaokê quase todo fim de semana na época da faculdade, escolhendo desde baladas country até hits. É divertido. Ou pelo menos costumava ser. Mas ela não parece nem um pouco incomodada com o fato de que minha primeira música da noite vai ser com Lori. E por que ficaria? Normani me dá uma piscadinha. Encolho os ombros, olhando para Lori.

- Certo. Beleza. Uma música. Vamos nessa.

O sorriso de Lori é um pouco mais empolgado do que deveria, e o jeito como ela segura minha mão assim que fico de pé também é bem desnecessário, mas enfim... Sua certeza de que vai conseguir furar a fila se revela bem fundamentada. Instantes depois, estou com um microfone na mão, cantando "You're the One I Want", de Grease , com Lori. A plateia parece gostar de nós quase tanto quanto delas duas. Percebo uma boa quantidade de olhares interessados tanto da parte feminina quanto da masculina da plateia quando imito a dancinha do John Travolta. Pisco para uma garota interessante em uma mesa mais ao fundo. Uma morena com um vestido vermelho matador. Mas então meu olhar se volta para nossa mesa. Jason ainda está lá. Normani não. Por sorte, conheço de cor a letra dessa música irritante, graças a nossas idas ao karaokê na época de faculdade, então posso cantar no automático, sem precisar olhar para a tela, enquanto esquadrinho o recinto em busca dela. Lá está, conversando com um cara. Perai, um cara? Será que bebi demais e tô tendo alucinações? Olho novamente e sim, aquilo é um CARA. E por incrível que pareça, ela está interessada. Hum. Lori pega minha mão para um passo de dança meio ridículo dos anos 50 que combina bem com a música. Então encerramos de maneira espetacular, sem falsa modéstia. Está todo mundo gritando e aplaudindo. Todo mundo menos Normani, que mal tira os olhos do loiro com quem conversa no bar. Fico um pouco sem entender essa mudança, porém fico feliz por ela. Talvez finalmente esteja pegando o jeito da coisa. Porra, talvez ela só precisasse de sexo bom de verdade. Não estou me gabando, só falando a verdade. Precisava de sexo bom para se soltar. O sexo com Normani foi muito mais que isso. Foi excelente na segunda, quando quebramos o gelo. E ainda melhor na terça. E na quarta, e na quinta. E hoje, quando transamos na cozinha poucos minutos antes de sair para encontrar Lori e Jason. Não que o loiro de camisa branca vá me agradecer por isso. Ele não faz ideia do que ela gosta e de que sou a responsável pela recém - conquista da autoconfiança sexual de Normani. Estou tão preocupada tentando avaliar o que está rolando com Normani que nem percebo que Lori não soltou minha mão quando descemos do palco. Só ao chegar à mesa consigo desvencilhar meus dedos dos dela, usando minha cerveja como pretexto.

Just Friends - NorminahOnde histórias criam vida. Descubra agora