1|Mudando de Vida

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Ambra Galaretto

Hoje é o meu primeiro dia trabalhando como uma verdadeira profissional. Estou tão feliz por ter essa oportunidade, tenho certeza que meus pais e minha avó devem estar muito orgulhosos de mim lá no céu!

A minha vida nunca foi fácil e depois que perdi todos aqueles que eu amava tudo se tornou mais difícil. Minha vida começou a ficar sem cor no momento em que eu estava no parque brincando com o meu irmão mais velho, eu tinha 5 anos e ele 7 quando um estranho aproveitou enquanto minha mãe ia comprar doces para nós para se aproximar e induzir meu irmão a ir pegar doces em seu carro.

Depois disso eu nunca mais vi meu irmão. Sim, ele foi sequestrado e eu não faço a mínima ideia se ele está vivo ou não. Até os meus 10 anos de idade eu acreditei que ele foi para um colégio interno do outro lado da Itália e que por isso ele nunca pode vir para os meus aniversários. Depois dos meus 10 anos eu finalmente soube toda a verdade e nunca me doeu tanto saber que quando ele fizesse 18 anos ele não iria voltar do colégio como minha mãe e meu pai me diziam.

Eu escrevia cartas toda semana contando tudo que acontecia na semana e sempre entregava a minha mãe ou ao meu pai para enviá-las para ele. Mal sabia eu que ele nunca recebeu.

Aos meus 13 anos eu fiquei na casa da minha avó para meus pais viajarem a negócios, eles me deixaram lá às 7:53 da manhã e nunca mais voltaram.

No dia seguinte acordei com minha avó chorando ao telefone. Era um médico amigo da minha família e ele dizia "Sinto muito, mas quando chegamos eles já tinham falecido." Depois disso eu apenas me lembro de ter caído no chão com muita intensidade. As lágrimas caiam cada vez mais e eu não conseguia me controlar.

A tarde do mesmo dia os corpos dos dois chegaram e eu não me controlava. Chorei tanto naquele dia que desmaiei durante o enterro. Primeiro meu irmão que eu nem sabia se estava vivo e agora meu pai e minha mãe. Era difícil suportar a dor da perda de 3 pessoas queridas, mesmo existindo a possibilidade de que meu irmão ainda estivesse vivo já tinha se passado muitos anos.

Aos meus 18 anos recebi um e-mail da minha escola que pedia para que eu comparecesse imediatamente à escola. E assim eu fiz, chegando lá estava a diretora e outro homem. Ele estava vestido muito formalmente e assim que cheguei ele se levantou e me comprimentou. Adiantando o assunto que foi tratado naquela sala, o homem era dono de uma faculdade nos Estados Unidos e queria me oferecer uma vaga na faculdade dele para a área que eu quisesse em Medicina.

Eu fiquei muito feliz e aceitei a proposta. Era a minha chance de mudar totalmente a minha vida e levar minha avó comigo para outra vida! Uma vida melhor! Tudo que eu sempre quis. Apesar de viver bem quando meus pais estavam vivos, quando eles morreram as coisas mudaram. Como não tinha ninguém para sustentar eu e a minha avó e o dinheiro que eles deixaram na conta era pouco e era para a minha faculdade minha avó se viu obrigada a trabalhar.

Éramos muito humildes e vivíamos uma vida simples. Nunca me faltou nada graças a ela que sempre fez de tudo para que eu estudasse e tivesse um futuro melhor. E agora era minha chance de dar tudo que ela me deu!

Quando eu cheguei em casa eu estava quase pulando de alegria para contar a grande notícia a minha avó. Ela com certeza ficaria muito feliz e orgulhosa de mim. Mas quando cheguei lá minha avó estava caída no chão. O desespero tomou conta de mim e quando eu me aproximei dela só confirmei aquilo que eu temia desde o momento que a vi caída.

Ela estava morta.

O desespero tomou conta de mim e eu fiquei ali chorando enquanto segurava a mão dela por quase uma hora. Mas tive que desligar a emoção e ligar a razão. Minha avó estava morta e eu tinha que fazer aquilo que eu não queria.

Ligar para a funerária, tomar a frente do enterro e comunicar aos amigos dela.

Foi um dos momentos mais difíceis de toda a minha vida. Enquanto enterravam ela as lágrimas caiam sem parar. Naquele momento eu estava sozinha. Era apenas eu por mim mesma.

Nunca fui de muitas amizades e todas que eu tive nunca foram verdadeiras.

Sem amigos, sem irmão, sem mãe, sem pai e agora sem avó.

Completamente sozinha no mundo. 

Morava em uma cidade pequena e correu o boato que eu era uma sem coração por no dia seguinte ao enterro da minha avó ir viajar para os Estados Unidos.

Era a minha única opção de mudança de vida. Fazer essa faculdade, arranjar um lugar para morar e conseguir um emprego pra me sustentar enquanto ainda estivesse fazendo a faculdade.

Não foi fácil. Ninguém nunca disse que ia ser, mas eu consegui!

Hoje dou um grande passo em toda a minha vida! Finalmente formada e com um emprego. Tinha que estar no hospital às 7:00 AM e acordei às 6:00 AM para que eu conseguisse me preparar para o dia tão esperado de toda a minha existência.

Tomei um banho, escovei os dentes, arrumei meu cabelo e vesti minha roupa. Calça branca, blusa branca e um blazer também branco. Estava toda de branco. Desci as escadas do meu prédio e fui até a garagem, entrei no meu carro e dirigi até o hospital.

Quando desci do carro fui caminhando em passos lentos e curtos até a entrada enquanto mentalmente eu dizia a mim mesma que tudo iria dar certo.

Assim que passei pela porta fui direto para a recepção onde fui atendida por uma moça jovem. Ela tinha os cabelos pretos como café e sua pele era clara. Tinha peitos medios e um quadril largo. Muito bonita. Quando voltou sua atenção a mim, ela me encarou alguns segundos como se me analisasse. 

Ela me encarou por uns 3 minutos e pelas suas feições ela estava surpresa, chocada e confusa.

-Desculpe. É que você parece com o Dr.Michael Smith.-Diz com um pouco de vergonha. Suas bochechas ficam vermelhas em questão de segundos.

-Sem problemas! Me chamo Ambra Galaretto e vim para ocupar a vaga de Cirurgiã Cardíaca.

-Claro! Um minuto e já te direciono a sala do chefe.-Fala enquanto teclava alguma coisa no teclado

-Sala 025, corredor 10, andar 14. Está tudo anotado no cartão. Boa Sorte!

-Obrigada!

Sigo para o elevador e quando ele finalmente se abre no andar 14 minha ansiedade está a mil.

Vou caminhando e falo com a secretária do andar que diz que o chefe no momento está ocupado mas não hesitou em bater na porta para anunciar a minha chegada.

O Sr.Williams logo me mandou entrar. Assim que entrei o Sr.Wiliams se levanta e assim o jovem que estava a sua frente faz o mesmo. Ele paralisa ao me olhar e eu me sinto do mesmo jeito que estava na recepção. O seu olhar é interrompido pelo Sr.Wiliams que logo me cumprimenta.

-Ambra Galaretto certo?-Sr.Wiliams pergunta

-Sim! Sou a cirurgiã cardíaca que vocês contrataram da Faculdade do Sr.Lins.-Digo 

-Que ótimo! Já vou logo lhe apresentando Matthew Miller o nosso neurocirurgião.-Ele diz e o moço que estava ao seu lado acena com a cabeça em forma de comprimento e assim faço o mesmo.

-Com licença. Vou deixá-los a sós.-Diz Matthew e sai 

Eu e o Sr.Wiliams conversamos brevemente e logo em seguida ele me entrega o contrato que assim que termino de ler assino. Agora sou oficialmente uma profissional deste hospital!



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