Capítulo 2

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O clarão do fogo iluminava o corredor do quarto de sua mãe, e Hideki agradeceu aos deuses o fato de Hiroshi já estar lá, seria impossível arrastar o menino em silêncio até o quarto da mãe deles. A porta estava trancada, sem paciência e um tanto desesperado ele socou a porta e ouviu o choro de sua irmãzinha, com preces de que ela estivesse bem.

- Mãe sou eu. - Ele disse e em segundos Sakura abriu a porta, ainda de camisola, mas com um vestido e botas nas mãos.

- O que está acontecendo lá fora? - ela perguntou irritada.

- Não sei, mas tudo esta pegando fogo.

- Estamos sob ataque - ela disse vagarosamente. Começou a se vestir muito rápido colocando o vestido simples sobre a camisola e as botas em seguida. Se aproximou do bebê com apenas três dias de vida, a embrulhou nas cobertas, ela daria um jeito de fugir com seus filhos, se estavam sob ataque eles seriam as primeiras vítimas com certeza. - Hideki, sua espada?

- Está aqui. - Ele não era tão habilidoso quanto o pai, obviamente, pois tinha apenas onze anos, mas já seria uma arma a mais em caso de alguém cruzar o caminho deles.

- Use-a sem hesitar. - ele confirmou com a cabeça, enquanto ela abria uma gaveta onde se escondia uma adaga.

Sakura tinha um motivo para gostar muito mais do Castelo das Cerejeiras, além de ser mais quente e confortável, ele tinha passagens secretas em quase todos os quartos, diferente do Castelo do Fogo, sendo assim ela e as crianças teriam que caminhar até a saída mais próxima totalmente expostos. O filho mais velho estava alerta, com seus olhos verdes vasculhando e ouvindo tudo, lá fora havia uma gritaria, o que a deixava nervosa, pois a mesma sabia que era sua obrigação fazer algo para ajudar o povo, mas como fazer isso recém parida e com três crianças? E ainda mais que grande parte do exército estava fora, naquela maldita guerra. Por um minuto ela se perguntou se Sasuke estaria morto e o exército inimigo havia vindo tomar o castelo. Se isso acontecesse ela teria que fugir de qualquer forma, mas antes disso ela tentaria ajudar o máximo possível aos súditos do reino.

- Hideki, consegue carregar sua irmã? - engolindo em seco o garoto estendeu os braços onde a pequena foi depositada. - Siga para as cozinhas, embaixo da mesa existe uma alçapão. Se esconda lá.

- Mas e você ? - ele perguntou quase choroso, mesmo com todo o treinamento pesado ele não deixava de ser uma criança.

- Eu … - ela hesitou, iria mentir para o filho mas ela desistiu, visto que ele era o herdeiro, pedia aos deuses que os protegesse e desse o entendimento para que seu filho mais velho fugisse e levasse seus irmãos. - Eu vou tentar ajudar aos outros, preciso que vocês fiquem em segurança e … - engoliu em seco - Se eu demorar para voltar de um jeito de ir para o castelo das Cerejeiras. - O menino sentiu uma lágrima quente escorrer pelo seu rosto, mas a mãe a limpou. - Hiroshi obedeça seu irmão. Você entendeu? - o pequeno limpou o rosto molhado e afirmou com a cabeça. - Hideki, talvez a sua hora tenha chegado.

Ela se virou e saiu a passos firmes em direção ao clarão alaranjado do fogo, deixando o garoto de cabelos rosados atônitos, se havia chegado a hora dele significava que seu pai estava morto. Ele não diria isso a Hiroshi, guardaria até que estivessem em segurança, mas por dentro ele estava destruído.

Os gritos se tornavam mais altos à medida que Sakura avançava no corredor, a adaga em punho e até o momento ninguém havia passado por ela, nem mesmo os serviçais. Tentou andar o mais rápido possível até chegar no hall de entrada do castelo, onde havia homens e mulheres mortos, pelo jeito o exército inimigo entrou na calada da noite e rendeu a todos, tirando suas vidas, por isso o silêncio, por isso ninguém foi até o quarto dela a proteger. Ledo engano.

A rainha lobaOnde histórias criam vida. Descubra agora