A rainha loba

Capitulo 12

O cheiro doce de camomila invadiu o quarto junto com a luz do sol, a brisa fresca da manhã balançava as cortinas que dançavam delicadamente, o silêncio só era quebrado pelo som de um suspiro, calmo e baixo, tão baixo que era quase impossível de se ouvir, não fosse pelo silêncio instaurado no ambiente. Tudo era macio ao toque, tão macio que pareciam ser nuvens, se é que nuvens tinham essa textura, uma calmaria acolhedora, e ele se perguntava se aquilo era o céu. Se fosse, estaria feliz de estar ali, mesmo que o desejo de viver fosse maior. Era um bom prêmio de consolação.

Tentou se mexer, mas algo prendia seus pés e seu braço esquerdo estava tão quente e macio que ele teve receio de erguer o braço e ser derrubado da tal nuvem, mas aquela sensação era tão boa que ele não se importou em se manter naquela posição.

Abriu os olhos bem devagar, e a claridade o cegou por algum tempo, achou que realmente tinha morrido e ido para o paraíso, ou seja lá o que teria de bom na vida após a morte. Mesmo ele achando que não merecia, se sentiu grato de alguma forma ter ido para um bom lugar, imaginou como estaria Sakura e se conseguiria olhar por ela. Pensou em se mexer, ver o que o prendia, se conseguiria encontrar seu irmão ou seu pai, sua mãe, mas algo o fez perceber que no mínimo ele estava alucinando e com toda certeza estava vivo. Seu abdômen doeu ao tentar se levantar, uma dor incomensurável, algo que nunca sentiu antes, e que ele teria certeza de que não sentiria se estivesse morto, mexeu a perna, no intuito de aquela dor amenizar, e ele conseguir ver o que havia em volta, mas um rosnado o fez travar, algo se mexeu em seu braço e em seus pés, percebeu que algo realmente aquecia seu braço, que não era uma alucinação e que também essa massa quentinha e fofinha se mexia, assim como o peso em seus pés. E qual não foi a surpresa quando começou a ouvir o choro de um bebê, um choro agudo e até um pouco assustado. Tentou pensar em algo mas ele não conseguia se levantar para ver o que estava acontecendo. Teve certeza de que estava alucinando, pois um latido de filhote começou a ecoar junto com o choro de bebê.

- Shishiii - Alguém entrou acalmando o pacote que havia em seu braço. - Você acordou seu pai, Sarada. - A voz terna de Sakura fez o peito do rei se encher de felicidade. Ele estava vivo. A bebê se acalmou e o latido cessou. - Você está de volta. - Ela disse a Sasuke chorosa.

- Estou.. - Ele respondeu com a voz rouca, fraca. Respirar estava difícil e doía, mas ele queria entender o que havia acontecido e quanto ele tinha dormido, pois ele teve certeza de que estava morto, de que não sobreviveria aquele golpe. Queria saber tudo, ver tudo. Contudo a dor não deixava que ele nem mesmo falasse. Ela segurou a mão dele, com firmeza, como se realmente quisesse ter certeza de que aquilo não era um sonho. 

- Poupe sua energia. Você quase morreu. - Agora ela realmente chorava, as lágrimas grossas desciam e pingavam na mão dele…Sasuke sabia de sua quase morte, na verdade ele achou até que tinha morrido, mas como era possível ele estar vivo? - Tsunade conseguiu te salvar. - Como se entendesse o que ele pensava, Sakura explicou, claro sem todos os detalhes cruciais como o sangue e o feitiço que ela contaria, mas quando ele estivesse em perfeita saúde. - Achei que ia perder você.

- Chegou perto de se livrar de mim. - ele sorriu, mas a rainha não achou graça. - Mas os deuses me permitiram conhecê-la - Sakura se aproximou com a pequena se mexendo agitada em seu colo, pegou a mão do marido e colocou sobre a mão da pequena. Os dedinhos pequenos, delicados e quentinhos tocaram o dorso da mão de Sasuke, que mexeu o braço para ajustar a mãozinha na sua, como se formasse uma concha protegendo a mão de sua princesa. O cheiro de camomila agora fazia sentido, Sakura a encaixou de volta entre o tórax e o braço esquerdo, enquanto o lobinho deitou mais uma vez sobre as penas dele.

- O que… ? - ele não entendia porque tinha um cachorro no quarto.

- É o Guardião, o lobo dela. - Sasuke pareceu confuso. - É uma longa história… - suspirou, sentindo o alívio de vê-lo se recuperando. - Cada um deles agora tem um lobo. Assim como eu tenho Cali.