pequena. miúda.

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Machuco tanto o ser físico para parecer o que não sou, todas as extensões do meu corpo revelam o que quero que vejam, sobre tudo que escondo. Dor. Choro. Alívio. Melancolia. Escondo também essa angústia que é sentir tanto, mas se adaptar a realidade que me move.

"Trago e trazido. Trazido e trago."
Temos que carregar algo, a necessidade de dar apoio a todo momento. O ser solitário. Culpado. As culpas que carrego por ser sozinha é a conjuntura das culpas que tenho que carregar por ser mulher. O que serei? Mãe, esposa, dona de casa, tia, avó, professora, escritora, artista.

A minha permissão era a não existência. É poder ser miúda. Nadinha.
Queria ter o direito de ser miudinha. Pequena. E fazer basiquinhas. Queria ter o direito de apenas ser e deixar. De poder não fazer nada. De não exigir tanto de mim e doar tudo que tenho ao outro.

Queria não me sentir mal porque estou dormindo.

Desabafanda.
Desabanda.
Descansada.

Luto pelo direito de ser;

Só.
Pequena.
Miúda.

Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora