Capítulo 4: Os Estranhos de um Lugar Esquecido

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Ariel e Arielle acompanharam os soldados sem dizer uma palavra. Pelo fato de não se entenderem, qualquer coisa que dissessem, de nada adiantaria, e poderia ser arriscado eles entenderem da forma errada e complicar ainda mais a situação.

Então, estavam marchando aqueles 6 soldados liderados pelo "comandante" enquanto Ariel carregava o estranho baú.

Apesar do baú não ser tão pesado, ainda era grande e bem volumoso. Isso fazia com que Ariel tivesse muita dificuldade ao se movimentar, já que, por ser forçado, tinha que mover os dois corpos praticamente ao mesmo tempo que levava aquele objeto.

E tinha um problema adicional.

Além daquela dor de cabeça caso os dois corpos abrissem os olhos simultaneamente, havia o medo incondicional do desconhecido. O que era isso? Simples, assim como alguém acostumado a enxergar passa a desacelerar à medida que não consegue ver seu caminho, esse era Ariel, mais especificamente, no corpo feminino.

Diferente das outras vezes que os corpos se movimentaram juntos, dessa vez, não havia corpo segurando o outro, seja pelas mãos, seja na garupa. Mesmo que Ariel conseguisse enxergar, a garota estava tendo que seguir seus passos com os olhos fechados.

Para solucionar esse problema, Ariel passou a contar até 30 segundos e fechava os olhos do garoto enquanto abria os de Arielle. Não que mudasse muito já que ela praticamente estava grudada nas costas dele, mas, por algum motivo, dessa maneira facilitava Ariel continuar o percurso sem se preocupar com "medo do desconhecido".

No tempo que caminharam pelo vilarejo, Ariel pode ver que aquele lugar era muito mais do que ele imaginava. Não só de tamanho, mas de "importância".

A princípio, diante daquela colina e por causa da tempestade, não conseguiram ver mais que algumas casas abandonadas, no entanto, agora de dia e sem a neblina, é notável quão grandioso é o lugar mesmo que abandonado.

É possível ver várias casas e quase todas estão destruídas, tal como se um terremoto ou algum tipo de desastre natural tivesse caído sobre o lugar, porém, mesmo com a destruição, em algum momento no passado, essas terras seriam grandiosas.

A caminhada levou vários minutos e enquanto continuavam, Ariel podia ver no horizonte alguns morros e colinas. E nestes lugares, torres e o que restou de algumas estruturas. No lugar mais longe, o que parecia um castelo. Pelo fato de estar em direção ao sol, não dava para ter mais detalhes.

Então, isso seria algum tipo de cidade-forte ou cidade de fronteira? Ariel pensava.

Depois desse caminho, seguindo o que parecia ser aquela estrada principal, os soldados guiaram Ariel e Arielle para fora dos limites da "vila". Estavam em uma planície, tal qual a que o garoto percorreu depois de sair da floresta. No entanto, essa não dava acesso a nenhuma floresta, pois se continuasse o caminho, provavelmente iria para as montanhas no fim do horizonte.

Depois de um longo declive, nessa mesma planície, o garoto já podia ver o que parecia um acampamento militar feito de diversas tendas brancas e verdes.

Quanto mais se aproximavam, mais conseguia distinguir os detalhes que cobriam as tendas, as bandeiras e os uniformes dos soldados. Na maior das tendas havia um tipo de bandeira com seu símbolo: uma serpente, uma espada e uma cruz.

Aquilo era um brasão de armas, não tinha dúvidas. Seria esse exército de algum país ou reino? Ariel pensava.

Mesmo chegando a esse acampamento, pelo fato de não saber como seria tratado, sua situação não era reconfortante. Ao menos os soldados não tinham acorrentado seus pulsos e pés, o que era um sinal claro que ele não tinha se tornado um prisioneiro – ou pior, um escravo.

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