- nova vida -

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Capítulo 1

Não, não pode ser, não consigo acreditar. Estou sendo presa, nunca pensei que um dia estaria nessa situação. Segundo o juiz, minha sentença aqui em cruz do sul era por mais nove anos. Confesso que estava bobeando no momento que fiz a merda, afinal não aguentava mais o mundo lá fora, me livrei de problemas arranjando mais.

Chego na cadeia, já havia algumas pessoas me esperando, uma delas era mulher de cabelo curto que acredito ser a diretora, além dela, havia um homem alto com uniforme de médico e outros guardas no local.

- então vc deve ser a s/n, bem vinda a cruz do sul.

- sou eu mesma, obrigada, eu acho.

- eu sou a diretora dessa prisão, Miranda Aguirre, e esse é o doutor Carlos Sandoval.

- olá, bem vinda a cruz do sul -
Ele estende a mão.

Esse tal de Sandoval me pareceu estranho, algo me dizia para ficar esperta com ele.

- fui informada que a senhorita foi acusada por diversos crimes, certo?

Miranda diz e eu reviro os olhos.

- ficará nove anos aqui, então recomendo que se dê bem conosco. Bom, mais tarde quero falar com você. Não hoje, é claro, acabou de chegar e não quero que sinta-se pressionada logo de cara, amanhã mandarei um guarda te buscar.

Não digo nada, apenas fico um pouco confusa, acabei de chegar e já me chamam para sala dela? Até pareciam felizes em me receber.

Entro na prisão e me levam até uma sala branca com mais três mulheres. Vejo a guarda que estava lá, colocando uma luva e dizendo.

- pés na linha amarela, tirem a roupa, mãos na parede e empinem a bunda.

Fiquei surpresa na hora, mas como parecia normas da prisão, fiz oque ela mandou. Quando olhei para os lados, ela estava revistando essas mulheres dentro delas, e logo seria minha vez. obviamente, não tinha nada comigo. Aquilo acabou rapidamente, foi bem desconfortável, mas finalmente saímos dessa sala.

Me entregam um kit com coisas pessoais como papel higiênico, toalha, absorvente, etc. Juntamente com essas coisas estava um uniforme amarelo com o número 02.417, logo fui informada para vesti-lo.

Um guarda veio até mim e levou cada detenta que estava ao meu lado em sua cela, até chegar minha vez. Olho seu crachá e vejo como ele se chamava, Fábio Martínez.

Enquanto ia até minha cela, as outras presas ficavam batendo palmas, assobiando e gritando coisas perturbadoras e nojentas, realmente era desconfortável ouvir aqueles gritos que mais pareciam de animais. Foi horrível, de verdade, não queria passar por aquilo nunca mais.

Quando finalmente cheguei, o guarda disse:

- detenta s/n, cela 225, entre e arrume suas coisas.

Entro em silêncio, as outras detentas já estavam na cela. Na cama de cima a esquerda, havia uma mulher lendo várias revistas, bem quieta. De baixo dela, uma mulher mais velha que parecia muito gentil, e logo quando me viu sorriu para mim. Já na cama de baixo a direita, havia uma detenta loira que estava olhando para o teto, mas logo seu olhar se voltou para mim. Continua sem dizer uma palavra, então começo a arrumar minhas devidas coisas na cama de cima a direita que estava vaga. Até que a detenta que estava lendo revistas me chama.

- eai novata, não vai dizer nada? Nem um olá?

- hum.. oi, me chamo s/n

- olá garota, meu nome é Soledad nunez, mas pode me chamar só de Sole, bem vinda a cruz do sul, essa de cima é Anabel -
A mais velha diz, logo após se referindo a mulher que falou comigo primeiro.

- oi, sou Macarena, também sou  novata, estou a menos de duas semanas aqui -
A loira diz sorrindo.

- teve sorte, aqui é uma cela bem tranquila, há celas muito piores -
Sole diz.

- que bom, pelo menos isso.

- novata, por acaso usa drogas?

- cala a boca Anabel, a menina acabou de chegar, fica na sua.

- não, não uso nenhum tipo de droga

- Ouviu né, ela não usa, não insiste -
Sole diz para ela me fazendo sorrir.

...

Um tempo depois as luzes se apagam, acredito que era o horário de dormirmos. Me deito, porém não sinto nenhuma vontade para dormir, logo fico acordada e mesmo sem perceber, acabo pensando em meu pai e minha irmã que nesse momento estão fora da prisão, sinto saudades demais, quase começo a chorar, até que ouço uma voz.

- você não vai conseguir dormir, não na primeira noite, ninguém consegue -
Anabel me chama.

- ham? ah, tanto faz, não estou com sono.

- um pouquinho de heroína você iria dormir rapidinho.

- já disse que não uso drogas, e não estou nem um pouco interessada em usar aqui e agora.

- está bem, já entendi. Mas se mudar de ideia, pode falar comigo, meu bem.

Eu a ignoro e viro de costas, aquela moça já me pareceu muito irritante. Eu nunca havia frequentado uma cadeia antes, mas também não era idiota ao ponto de aceitar drogas de um estranho, muito menos em um local como esse.

...

Passo a noite toda acordada, pensando na minha família e em toda a vida que estava perdendo lá fora. Mas logo uma sirene super alta toca e Soledad acordando animada diz:

- vamos garota, está na hora do banho.

Pego minhas coisas e vou com elas.
Estava prestes a começar meu primeiro dia na prisão.

Parrillas Calientes ~ Saray VargasOnde histórias criam vida. Descubra agora