Os Perdidos e os Achados

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Estranhamente, após as discussões daquela noite, tudo pareceu ter sido resolvido. Daryl não estava mais com sua carranca emburrada e Beth não queria mais saber de beber. Nos dois dias seguintes, o clima começou a esfriar e nós tratamos de nos agasalhar, não podíamos correr o risco de pegar um resfriado estando tão vulneráveis.

Beth e eu estávamos alguns metros afastadas de Daryl e Luna enquanto seguíamos um pequeno rastro de lebre pela terra. Ela, que andava na frente, parou e sussurrou enquanto olhava para algo na sua frente:

- Ele tá armado.

Olhei na mesma direção e vi um errante parado de costas para nós. Beth foi até ele em silêncio e eu fui atrás cobrindo-a. Mas ela parou novamente quando seu pé ficou preso em algo no chão e ela caiu fazendo barulho. O morto virou-se e veio para cima dela, mas eu o segurei e matei.

A ajudei a abrir a pequena armadilha de ferro de seu pé e perguntei olhando-a:

- Consegue mexer?

- Sim... - ela mexeu o pé tentando disfarçar uma careta de dor

- O quê foi isso? - Daryl e Luna apareceram por entre uma moita ao nosso lado

- Beth prendeu o pé numa armadilha... - apontei

- Mas já estou bem! - ela se levantou com dificuldade

- Não tá, não. - falei passando seu braço por cima do meu ombro e segurando em sua cintura

- Mas e a lebre?

- O fedido ali já deve ter comido. - Daryl apontou para a barriga levemente inchada do errante que matei momentos atrás - Vamo, eu e a Luna achamos uma coisa...

Andamos por alguns minutos até sairmos da floresta e demos de cara com um enorme cemitério:

- Podemos parar um pouco? - Beth soltou-se de mim

- Tá tudo bem? - perguntei

- Sim, eu só preciso me sentar. - ela respondeu

- Não dá pra ficar parado aqui... - Daryl me entregou a besta, deu a mochila a Luna e virou-se de costas para Beth - Sobe aí.

- É sério? - ela perguntou receosa

Ele assentiu e Beth subiu nas costas dele.

- Você é mais pesada do que parece... - resmungou

- Talvez tenham pessoas lá... - Luna apontou para uma casa ao lado do cemitério

- Se tiver, vocês duas vão na frente pra cobrir. - Daryl respondeu e nós assentimos

Quando chegamos na casa, Luna abriu a porta e bateu no batente enquanto dava um assovio. Esperamos por alguns minutos, mas nenhum errante apareceu, então entramos com cuidado e Beth disse olhando em volta:

- Está tão limpo...

- Até demais. - murmurei observando as paredes brancas

- Tem gente cuidando do lugar, podem estar por aí... - Daryl olhou para a porta

Entramos numa sala onde havia um velório, tinha um corpo de um homem devidamente preparado num caixão aberto no centro da sala. Daryl passou os dedos pela bochecha do defunto e vimos que tinha uma espécie de cera cobrindo o corpo. Tinha sido embalsamado. Continuamos a ver a casa e quando descemos no porão, encontramos outros dois corpos que haviam sido preparados em cima de duas mesas. Daryl colocou Beth no chão e Luna abriu os armários ao lado dos corpos enquanto pegava algumas ataduras dizendo:

- Vamos cuidar desse tornozelo.

- É lindo... - Beth disse encarando os defuntos - Quem quer que tenha feito isso, se importava. Queria que essas pessoas tivessem um funeral. Lembrava que essas coisas eram pessoas... Antes de tudo isso. Não deixou que isso mudasse no final...

Amor, Sangue e Zumbis 2 - Daryl Dixon x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora