Bêbados

107 9 12
                                    

Nosso fôlego já estava no fim quando nos deitamos esbaforidos num extenso gramado exageradamente afastado da prisão. Passamos o restante do dia caminhando pela área na esperança de encontrar alguém, mas só encontramos errantes deslocados indo em direção ao nosso antigo lar, provavelmente atraídos pelos tiros do tanque.

Luna, Daryl e eu não conseguimos dormir, então ficamos acordados em silêncio e quando o céu começou a ficar claro, Beth acordou e permaneceu com os olhos fixos na pequena fogueira à nossa frente.

- A gente tem que fazer alguma coisa. - ela falou repentinamente - A gente tem que fazer alguma coisa! Não foi só a gente que sobreviveu, não pode ser. O Rick e a Michonne podem estar por perto, a Maggie e o Glenn podem ter saído do bloco A. O Carl, Judith podem ter pego o ônibus ou sei lá... - correu os olhos por nós - Podem sim.

- Ou podem estar mortos... - murmurei sem ânimo enquanto observava as chamas queimando os pequenos galhos e folhas secas

- Você é um caçador, pode rastrear! - ela se colocou de pé e nos encarou - E nós podemos te ajudar de algum jeito, não é, Lara? Luna? Anda, já tá amanhecendo, a gente consegue! - Beth bufou ao ver que ninguém se moveu - Tá bom! Se vocês não quiserem, eu vou!

Ela segurou sua faca nas mãos e afastou-se sumindo da nossa vista.

- Vamos lá... - Luna suspirou levantando-se colocando a mochila nas costas

Daryl e eu fizemos o mesmo e o esperei apagar o fogo chutando terra por cima. Logo alcançamos Beth, que andava sem hesitação na nossa frente. Algumas horas depois, estávamos andando por uma pequena trilha na floresta quando vi algumas folhas amassadas num canto e, pelo que Daryl havia me ensinado, aquilo só podia significar uma coisa. Me agachei e comecei a retirar as folhas revelando as pegadas na terra macia. Os três tinham se aproximado para ver o quê eu estava fazendo, mas permaneceram em silêncio, exceto por Beth:

- Pode ser Luke, ou Molly talvez. - ela deu de ombros - Seja quem for, pode ser que esteja vivo.

- Não, quer dizer que estavam vivos a quatro ou cinco horas... - Daryl resmungou

- Estão vivos! - ela aumentou o tom de voz e se afastou de nós

Continuamos a seguir o rastro, que se transformou num caminho na trilha entre altas moitas de videiras. Até Daryl, que ia atrás, dizer:

- Apertaram o passo, bem aqui.

Olhei para onde ele apontava e vi algumas uvas amassadas no chão que passaram despercebidas pela minha visão.

- Saíram correndo. - ele voltou a andar apontando a direção - As coisas ficaram feias.

- Não vai te matar ter um pouco de fé. - Beth continuava irritada

- Fé... - Luna sussurrou com uma ponta de desdém

- Fé não fez diferença pra gente, com certeza não fez nada pelo seu pai. - ele retrucou e eu o encarei não acreditando em suas palavras

Beth o encarou também, pude ver seus olhos cheios de lágrimas que ela segurava fervorosamente, então se virou para uma moita ao seu lado e começou a pegar as uvas falando enquanto engolia o choro:

- Eles vão estar com fome...

Olhei para Daryl e acenei com a cabeça em direção a ela, ele comprimiu os lábios e rolou os olhos. A seguir tirou um lenço do bolso, entregou a ela para colocar as frutas e se afastou indo na direção dos rastros.

- Você o conhece, é o modo dele de se desculpar. - murmurei a ela que assentiu e olhou para o caminho à frente - Vamos...

O seguimos por alguns minutos até encontrarmos dois errantes mortos. Daryl olhou um pequeno ramo de folhas perto de seus corpos e perguntei vendo o líquido carmesim escorrendo pelos galhos:

Amor, Sangue e Zumbis 2 - Daryl Dixon x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora