turistas

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Mais um dia se iniciou, e com isso eu iria começar mais um dia na minha rotina tediosa.

Me levantei da minha cama, me arrastando até o banheiro e tomei um banho quente, trocando de roupa e depois indo para cozinha, começando a preparar o meu café da manhã e depois me sentando na mesa e pegando o telefone para ver as mensagens. Como esperado, não havia nada demais além de notificações dos meus joguinhos.

Depois de pronto, saí de casa e subi na bicicleta velha que usava há anos, todos estavam saindo de suas casas para irem aos seus trabalhos, as mesmas pessoas que eu via todos os dias. Peguei o mesmo caminho que fazia de segunda a sexta até chegar no restaurante com fachada rústica, na porta ainda havia a plaquinha escrito "fechado", mas pela enorme janela dava se notar que os funcionários já haviam chegado.

Estacionei a minha bicicleta e entrei no estabelecimento, vendo meu melhor amigo, Na Jaemin, conversando animadamente com os funcionários.

— Bom dia, Jeno — Jaemin desejou abrindo um sorriso na minha direção, ele parecia mais animado do que de costume e isso entregou que algo aconteceu na noite passada.

— Bom dia, Jae — Dei um pequeno sorriso e guardei a minha bolsa no armário que havia na cozinha, onde os funcionários guardavam as suas coisas — Posso saber o motivo do sorriso?

— Eu estou animado, o meu amigo que mora na Suíça chegou ontem aqui na cidade, iremos nos ver amanhã porque hoje ele vai tirar o dia para descansar ja que ele detesta viagens — Na deu pulinhos de animação e então me olhou com olhinhos pidões, isso indicava que ele estava prestes a me pedir algo — O que acha de ir comigo? Eu chamei o Mark para ir também, o meu amigo veio com os melhores amigos dele.

— Eu não sei não, eu não sei nada desse seu amigo.

— O nome dele é Zhong Chenle, ele mora na Suíça junto com outros dois amigos e o namorado, os quatro tem a própria loja onde fazem acessórios customizados, pelo que eu sei a lojinha deles faz sucesso por lá — Ele se aproximou de mim, segurando minhas mãos — Vamos, Jeno! Vamos! Vamos!

— Ok, eu aceito ir com você nesse jantar com o tal do Chenle — Revirei os olhos e me virei para os funcionários que estavam conversando — E vocês, hora de trabalhar, vamos abrir daqui 20 minutos!

Jaemin continuou animado pelo resto do dia, atendia os nossos clientes com um sorriso gigantesco no rosto e sendo super receptivo, as vezes até mesmo arriscando em falar holandês mesmo que ele fosse melhor em entender o idioma do que falando. Já eu continuei no modo automático de todo dia, enquanto meu amigo ia até as mesas eu ficava no balcão, na maior parte do tempo apenas encarando o movimento.

Fazia mais o menos uns três anos desde que Jaemin e eu abrimos esse restaurante, éramos especializados em culinária holandesa e coreana e para nossa surpresa havia se tornado um sucesso na cidade, tanto que se tornou um dos pontos turísticos de Amsterdam e ficou conhecido como o lugar que serve a melhor torta de abóbora de toda a Holanda. Claro que isso fez Na Jaemin se exibir pois a receita da torta era sua e quando queria me irritar ele soltava a frase "o nosso restaurante não seria nada se não fosse pela minha tortinha", não que esteja errado, realmente a torta de abóbora foi o principal motivo para que o nosso restaurante fizesse sucesso.

Ele não era fluente em holandês, porém era em inglês, espanhol e francês e isso fez com que ele lidasse bem com a clientela, principalmente com os turistas. Já eu, nascido e criado em Amsterdam, só sabia falar holandês e inglês, nem mesmo coreano eu sabia mesmo que meus pais fossem já que eles conversavam comigo em inglês desde o dia que eu nasci, diz eles que era para me acostumar com o idioma.

No final da tarde, me despedi de Jaemin e ele pegou a sua bicicleta, saindo pela rua enquanto cantarolava sem medo de o acharem estranho. Eu pedalei em direção a minha casa, passei pelo parque e vi que as árvores já estavam começando a mudar de cor graças ao outono que havia começado hoje.

Decidi em mudar um pouco da rotina e visitar o parque, enquanto pedalava pelo parque vendo casais trocando carícias, famílias com crianças pequenas brincando e tomando sorvete mesmo que estivesse frio, havia um casal de velhinhos sentados em um banco e ambos riam animadamente como se não houvesse nenhum problema no mundo.

Estava quase pensando em dar a volta e ir para casa quando notei um grupo de garotos reunidos, eram três meninos. Um deles tinha o cabelo castanho escuro e estava sentado no banco enquanto tirava foto das coisas ao redor, já o garoto de cabelo preto que estava ao seu lado estava com olhos focados no menino na sua frente e sorria abertamente. Foi então que meu olhar caiu no terceiro menino, esse que havia juntado algumas folhas e agora pulava nelas e as espalhava pela grama.

O que chamou minha atenção foi que o último garoto citado usava roupas femininas, uma blusa bege de gola alta, um sobretudo da mesma cor, uma saia preta que ficava marcada em sua cintura e coxa, uma meia calça da mesma cor e botas de salto marrom escuro. Poucas pessoas olhavam na direção do trio e o menino não parecia se importar que os olhares, estava ocupado demais rindo e conversando com os seus amigos.

Eu o olhei de cima a baixo, chegando a conclusão que aquelas roupas caiam bem nele, talvez melhor do que muitas garotas que já vi. Aqueles três deviam ser turistas pois nunca os vi no meu bairro e pelo fato do primeiro garoto estar tirando foto de tudo.

Quando percebi já havia ficado encarando eles por tempo demais, então apenas balancei a cabeça e dei a volta com a bicicleta e voltando para a minha casa.

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Holanda é conhecida pela sua maravilhosa torta de maçã, mas aqui o Nana é especialista em torta de abóbora. Por que? Porque eu quero e daí

espero que tenham gostado desse primeiro capítulo viu, rafa ama vocês

beijoquinhas 😚😚😚😚

𝐄𝐍𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐎 𝐃𝐔𝐑𝐀𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora