Coloquei as mãos nos olhos de Renjun enquanto o guiava pela rua, naquele momento já havia um grande movimento de pessoas mas nada muito agitado. Eu decidi que levaria Renjun para uma apresentação de jazz que havia todas as terças nesse local de festas e o conheci através de Mark, ele havia dito que conheceu um lugar "chato e sem graça" que combinaria comigo.
Eu sou um apreciador de jazz desde novinho pois meu pai era o maior fã de Frank Sinatra e minha mãe amava a melodia de Chet Baker e dizia que ele era o melhor trompetista que o mundo já viu. Pensei que Renjun fosse gostar tanto quanto eu gostava desse mundo.
— Surpresa! — Sussurro no seu ouvido antes de tirar as mãos no seu rosto e mostrar onde estávamos, ele olhou envolta e viu as pessoas, o palco e a placa que avisava as apresentações que iriam ter essa noite — O que achou?
— Isso é...Show de jazz?
— Isso mesmo, gatinha! Você gosta, não é?
— Eu amo!! Jazz e música clássica são os meus gêneros musicais favoritos — Ele se empolgou e deu pulinhos, me puxando para mais perto do palco — Você realmente sempre me surpreende e me faz amar essa cidade cada vez mais.
— Talvez assim eu te faça voltar mais vezes.
— Pode apostar que está funcionando.
Abracei a sua cintura e não demorou para que a primeira apresentação da noite começasse, como se eu já não estivesse extremamente feliz, ainda tinha como ficar melhor. No palco havia um senhor, provavelmente de uns 50 anos, e ele cantava My Way de Frank Sinatra, simplesmente a minha favorita.
— Você gosta bastante dessa, não é? Não pensei que fosse fã de Frank Sinatra — Renjun comentou me olhando com um sorriso enquanto eu cantava a música baixinho no seu ouvido.
— Eu cresci em um lar onde jazz era o gênero predominante, com um pai apaixonado por Frank Sinatra e uma mãe que vivia falando de Chet Baker, eu fui contaminado pela mesma energia deles. My Way fala sobre você enfrentar o mundo e fazer as coisas do seu jeito apesar de parecer impossível ou arriscado, me deu muita inspiração para realizar o sonho de abrir um restaurante com o Jaemin — Eu lembrava de todas as tardes em que ia trabalhar de garçom em uma sorveteria e muitas vezes essa música tocava no ambiente, era inspiradora e a voz de Frank era o que trazia o charme para a música.
— As músicas dele são excelentes e que bom que ele te ajudou com o seu sonho, fico imaginando que essa cidade perderia um pouco da magia se não existisse aquele restaurante incrível — Nós sorrimos um para o outro e nossos lábios se tocaram em um selinho demorado, de novo. Eu queria aprofundar pois sou um cara impaciente, mas estamos falando de Huang Renjun, se eu tivesse que esperar dez anos para beijá-lo eu estaria lá esperando quietinho.
Após a apresentação do senhor, uma mulher subiu ao palco e segurava um violão, assim que a música estava nos seus primeiros segundos vi Renjun soltar um gritinho de empolgação.
— Nono, essa menina está cantando "Valentine" da Laufey, é minha música favorita dela! — Ele contou ainda pulando de animação e vi os seus olhinhos brilharem.
A música não era agitada, era bem calma, ouvir ela na voz de Huang Renjun era como ouvir um anjo cantando. Fiquei abraçado à ele enquanto o ouvia cantar a música do começo ao fim, logo depois quem subiu o palco era um grupo de jazz bastante conhecido na cidade já que eles se apresentavam com frequência nos bares e casas de jazz.
Eles cantavam e tocavam músicas agitadas, fazendo as pessoas dançarem e aproveitarem aquele ritmo gostoso, Renjun não foi exceção, ele começou a mexer o seu corpo e eu sorria feito um idiota vendo ele dançar e tentar cantarolar a música que ele nunca tinha ouvido antes.
Eu odiava multidões, mas não queria sair dali, na verdade eu não via mais ninguém ao meu redor, só existia Renjun e eu, presos na nossa própria bolha. Meus olhos presos nos seus pequenos olhinhos brilhantes que pareciam dizer tanto, principalmente declarações que não precisavam ser ditas pela sua boca, eu já sabia que o que eu sentia por ele era completamente recíproco.
Ficamos lá por horas, quando dei por mim já havia dado 22:00 e ainda as ruas estavam cheias, levei o mais velho para comprar maçãs do amor em um carrinho, e enquanto nos deliciavamos com aquele doce ficamos vendo as pessoas andando pelo parque. Não falamos muito, nossas bocas estavam ocupadas com a maçã do amor e sabíamos que palavras não eram necessárias para expressar que estávamos a vontade na companhia um do outro.
Quando vi no meu telefone que já estava muito tarde, deixei o Huang na frente do hotel e nos despedimos com outro selinho, logo depois eu segui meu caminho para casa e adormeci assim que me joguei na cama. Eu estava cansado, mas acima de tudo feliz.
Feliz por ter ouvido My Way de Frank Sinatra, feliz por ter ido ver a apresentação de jazz, feliz por ter Huang renjun ao meu lado aproveitando aquele momento que era tão importante 'pra mim. Esse baixinho me fazia feliz, mais feliz do que qualquer pessoa já conseguiu e isso era péssimo.
O que eu faria quando ele voltasse para Suíça? Como lidaria com a saudade sendo que tudo ao meu redor me lembrava ele? Amsterdam em si havia se tornado uma cidade mágica na minha cabeça, mas não pelos seus pontos turísticos belos, mas porque agora tudo me lembrava Huang renjun. Como poderia passar na frente daquele parque sem me lembrar dele saltitando nas folhas? Como poderia visitar o vilarejo com meus amigos sendo que me lembraria do dia que o levei até lá? Como passaria pela ponte Brouwersgracht sem lembrar do nosso primeiro toque de lábios?
Eu estava contaminado por aquela baixinha e tenho certeza que não será uma tarefa nada fácil conseguir tirá-la da minha cabeça. E principalmente, do meu coração.
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𝐄𝐍𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐎 𝐃𝐔𝐑𝐀𝐑
Fiksi PenggemarLee Jeno vivia uma vida tediosa onde nada de novo acontecia, pensou que estaria condenado a viver uma vida sem graça se não fosse pela sua bela decisão em visitar o parque no final do dia. Lá ele pode ver um grupo de amigos, um em específico chamou...