— Você me prometeu uma caminhada antes do meu recesso, eu lembro.Também lembro. Resmungou a voz em sua mente e a cauda balançou em um gesto de desagrado.
— Não está sol.
— Que pena. Ainda vamos andar lá fora.
Harry resmungou algo inexprimível. Ele não estava cansado, mas sua lombar doía. Ao se deitar de lado, descansando, sentiu o corpo relaxar no colchão e sem a pressão do próprio peso suportado pela coluna sentiu-a doer em protesto.
Sabia que acabaria cedendo aos desejos do moleque. Ele queria-o perto com aquele cheiro delicioso que parecia sempre amenizar seus incômodos, entorpecendo quaisquer as dores quando sua língua resvalava na glândula de cheiro dele.
Só precisava descansar por um momento depois da sua falta de controle; aquele desejo territorial aflorado como que pela primeira vez envergonhado-o para o pequeno ômega, não sabe conseguirá evitar passar mais vergonhas apenas que precisa de um banho.
Tendo pedido uns minutinhos já há uns minutinhos deixou-se ser guiado para fora do ninho e pelo quarto sem resmungos. Ele realmente precisava de um banho. Estar todo molhado era constrangedor - apesar de que, não pensava exatamente a mesma coisa em ver seu ômega molhado também.
Porcaria de instintos...
Pois eu acho que não precisa de banho! Ele está perfeito assim. Cheirando como o nosso ômega, como deve ser, e você sabe disso. Não tenha vergonha... aceita os desejos da sua classe. Hmmm, não vai falar comigo? Ah, ok. Fica emburrado. Mas o docinho gostou.
Harry revirou os olhos. Voltou a atenção para quem ele realmente queria.
— Por que você é tão animado de manhã cedo, moleque? — espiou a cauda branca esticada acima do chão. Aparentemente Louis não curvava-a para cima, mas era melhor do que vê-la no chão.
Ângulo interessante. Pensou.
— Bem... eu sou jovem e vejo o céu com arco-íris até em dias de terríveis tempestades, foi que você me disse isso, uma vez, acho que porque sempre estou pensando positivo. Diferente de um certo lobo mau humorado que conheço.
— Hmmmm. — resmungou. — Não lembro disso, mas é tudo verdade.
O alpha pediu para deixar que cuidasse dele primeiro, lavando seus cabelos com cuidado depois virando-o de costas e cuidando de sua cauda com certa timidez, não só porque cresceu aprendendo respeitar tal parte de um corpo tanto quanto todo ele, e seu dono, como também pela confiança dada à ele nesses momentos.
Harry se sentia o lobo mais sortudo do mundo nesses raros momento. E o mais feliz. Louis estava sensível do cio recente mas ficou em pé em sua frente, permitindo-o cuida-lo. Ele podia sentir seu cheiro oscilando, contente por conseguir distinguir as primeiras nuances só com seu faro - ainda que incerto - parecia ser ansiedade misturada a excitação, certa timidez e uma realização que o alpha julgou envolver inseguranças do seu ômega em ter a atenção de um lobo adulto. Ou do seu alpha. Gostava mais dessa última opção.
Fazia bastante tempo desde que ele teve outro ômega ao redor, principalmente durante um período tão longo e que exigisse novamente controle dele. O modo como Harry reagia tão fácil e instavelmente à Louis mostrava estava despreparado para voltar a conviver cercado de outros feromônios desconhecidos, mas isso não era problema atual. Estava bem em casa. Só precisava se com o moleque dele.
Claro, ele vinha se esforçando bastante para medir os próprios feromônios e agora que lhe foi revelado aquele cheiro delicioso Harry faria questão de entendê-lo como apenas um lúpus pode: minuciosamente. Mal podia conter os pensamentos do lobo dentro dele: territorial e protetor. Uma fome selvagem da companhia do ômega.