Rorschach - Entre a Lei e a Alma

Prólogo

- Eu não fiz nada! Sou Inocente! - rugiu aquele criminoso. Eu sabia que ele não era. Sabia que ele tinha cometido aquele crime, mas como faze-lo provar? Como provar que esse filha da puta cometeu a atrocidade de matar aquelas crianças? Preciso de um psicólogo ou algo que veja a verdade através de mentiras.

Passado alguns dias, conheci um psicólogo diferente. Fui até lá para ter um controle de stress e então o ouvi fazendo uma consulta, quando o paciente gritou:

"-Não! - gritei para o senhor que estava a me perseguir. - Estava ensanguentado e com uma faca apontando em minha direção. - Não me mata, senhor. Fiz tudo o que o senhor queria"

- Deixou escapar meu segredo , meu jovem. O mundo todo irá saber de tudo o que aconteceu com Barbara."

- Não, senhor. Juro que não fui eu. A Barbara gravou um áudio contando o que o senhor faria com ela."

" - E QUEM CONTOU A ELA? - a silhueta se aproxima cada vez mais de meu rosto com a faca tocando meu pescoço - A informação vazou, meu caro. Alguém tem de pagar."

"- Está bem, senhor - grito desesperado. - Foi o Malconm. Ele que contou tudo"

" - Besteira! - ele ruge para mim - Malconm está morto e você é o próximo."

"- Não! - grito em pânico. - E morro"

- Tem certeza que é tudo isso que você vê nessa mancha , meu caro? - ouvi o psicólogo perguntar para o paciente, que estava transtornado - Se for, você será diagnosticado com síndrome do pânico. Estou realmente preocupado mas nosso tempo acabou. Próximo.

- O que era tudo aquilo? - perguntei assustado quando entro na sala. Ele estava guardando uma placa de Rorschach na mesa. Tinha cabelos castanhos e usava óculos escuros.

- Você pode achar que era algum tipo de síndrome ou algo assim, mas devo admitir. Aquela na verdade era uma confissão. Ele confessou o crime que cometeu através dessa mancha de Rorscharch que eu criei especificamente para ele. Se eu dissesse que ele cometeu aquele crime, teria de explicar sobre suas múltiplas existências e reencarnações, mas acho que não são todos que estão prontos para ouvir, não é? - O psicólogo fixou seu rosto em mim - Hm. Interessante.

Ele pegou uma pena e um pedaço de pergaminho e não resisti a rir.

- Está um tanto quanto atrasado, não? Pergaminho e Pena?

- Assim que eu acabar isso, você me contará sobre a morte da sua sobrinha, que você se culpa até hoje, apenas pelo fato de ter negado a ela um sorvete. - E ele virou para mim seu desenho e então enxerguei a cena que atormenta meus pensamentos até hoje. Desabei a chorar.

-Fique calmo, meu caro. Isso aconteceu com todos. Prazer, sou o Doutor Demetrius, mas chame-me de Hermann. No que posso te ajudar? - Ele tira os óculos e então vejo os olhos esbranquiçados dele. - Sei muito bem o que está pensando. Sim, sou cego. Tive de fechar meus olhos mundanos para abrir os meus espirituais. Enxergo apenas o que estou destinado a enxergar. Auras. Tudo o que desenhei foi o que sua alma refletiu para mim. Seu cérebro fez o resto. O que mistura a razão e a emoção nada mais é do que sua alma. E ela me transmite seus arrependimentos. Tudo o que faço é transcreve-los. Lhe atormenta essa ideia?

- Gostaria de trabalhar em investigações criminais? - gritei por impulso. Quando percebi, falei informações sigilosas em um volume não desejavelmente alto. - Desculpe. Deixe me me apresentar. Eu sou...

- Policial de campo. - Ele me interrompeu - 34 anos. Filho Único. Casado. Um filho de 17 anos e uma garota de 16. Você tem medo de sua filha desenvolver alguma doença devido ao fato dela ter heterodoxia e tem medo de seu filho ter sequelas daquele acidente que ele sofreu no balanço ano passado. Sua esposa tem 4 irmãs e 3 delas não tem filhos, devido ao fato delas serem estéreis, o que faz com que você se sinta ainda mais culpado pelo fato de sua única sobrinha ter morrido quando estava com você. Isso causou uma magoa em sua esposa e por isso estão sem se falar. Seu filho acha que você não foi culpado por nada enquanto sua filha demonstra indiferença. Sei de tudo isso, senhor Baudeleire. Vi isso em sua alma. Ela conversa comigo.

- Impressionante. - fico sem reação por alguns minutos. Sento-me e pego um copo d'agua e então pergunto -Quando começa?

- Quem disse que irei trabalhar com o senhor? - e ele riu

- Como assim? - pergunto assustado - O senhor não quer trabalhar com a gente?

- Trabalhar com investigações ou trabalhar com consultório. - ele coçou a leve penugem castanha que tem em seu queixo -Arriscar minha vida ou manter meu segredo em paz? Qual escolher? - e ele sorriu para mim com ironia. Tive de ser esperto e então disse:

- Estamos aberto a propostas de aumento salarial chegando até mesmo a quadruplicar o que você ganha agora

- Quando começo? - Ele me responde rindo e então vejo um grande potencial para uma excelente parceria.