–912 Qual sua emergencia?
– Preciso de ajuda. Estava voltando da minha casa e vi um corpo no chão.
– BENNER! Onde está aquele imprestável? - Ouvi logo cedo meu chefe gritando.
– Estou aqui, chefe. E o senhor sabe que não sou imprestável. Tenho credenciais aqui a mais de 14 anos.
– Tá bom. Escute. Recebemos uma denuncia anônima de uma morte. Vá checar agora.
Entrei então em meu carro, depois sem reclamar ainda mais com aquele senhor, mas claramente desejando novamente sua morte e então parei na clinica Rorscharch para levar Hermann até a cena. Ao entrar naquela clinica, me deparo com a recepcionista conversando com um jovem alto, de cabelos castanhos e longos. Ouvi uma leve conversa sobre automedicação enquanto sento-me para esperar e vejo-o acariciando o cabelo dela. Ele então sai e vou rapidamente em direção a ela.
– Boa tarde, senhor. O que deseja? - Ela me pergunta
– Então - meus olhos buscam pelo seu corpo um crachá - Clarice. Tenho uma consulta com o Dr. Hermann. Ele está me esperando e preciso ser rápido.
– Sim senhor. Pode subir.
Subo então rapidamente até o segundo andar e ando por aquela estrutura estranha pensando se não seria melhor um corredor ligando as duas extremidades daquele "U" e entro na ultima porta a direita já anunciando a que vim
– Doutor. Temos um caso.
– Achei que o senhor era casado, meu caro Baudelaire. - me respondeu Hermann. O mesmo encontrava-se sozinho em sua sala, deitado em seu divã com fones de ouvido. Ele se levantou, tirou os fones e tateando os objetos, sentou-se em uma cadeira. Sentei-me em sua frente.
– Você entendeu, imbecil. Um garoto de 17 anos. É dito que cometeu suicídio, mas não tinha motivos para o fazer. Era um excelente goleiro, era dito que não perdia um único lance sequer.
– Hmm. Ele gostava tanto assim de pegar em bolas?
– Deixe de ser ridículo, Doutor. Ele defendia todas e o time dele iria invicto só por causa dele. Tinha enormes expectativas mas foi descoberto que morreu há 18 horas atrás.
– Então ele não levava tão bem as expectativas - Hermann então riu.
– Hermann, estamos levando em conta um possível homicídio, seu filho da puta. Porque está rindo? - levantei da mesa
– Porque este caso me entendia. - Agarrei o colarinho de Hermann e puxei-o para perto de mim, obrigando-o a se levantar - Se acalme, meu caro. É simples. Foi um suicídio. Não há armas no local? Revistem o corpo . Ele deve ter um buraco de seringa. Se se preocupasse menos em pensar em mortes e condenados e percebesse que algumas mortes são óbvias saberia que ele se matou. Motivo? O simples fato de ele não aguentar as expectativas. Ou isso ou foi o Coronel Mostarda com o Castiçal no Anfiteatro. Agora se me da licença. - E então ele soltou minhas mãos de perto dele e pegou um bastão, que se estendeu sendo um bastão-guia para cegos. Ele tateou o chão usando o bastão e sem a menor dificuldade saiu do escritório. - Não estou num dia muito agradável e tenho que fazer coisas realmente úteis. Afinal, não é todo dia que tenho uma companhia tão ilustre. - Senti-me lisonjeado por segundos - Agora se me da licença, irei ver a tal companhia. - E ele saiu calmamente.
Com raiva segui-o porta afora, quando trombei com algo. Cai no chão e aparentemente também o derrubei. Ao abrir meus olhos, percebi que é aquele jovem que estava conversando com a secretaria. Pedi desculpas e disse a ele que ele tem muita sorte por ter uma namorada como a recepcionista. Ele riu, agradeceu sem dizer muita coisa a mais. Seus olhos pareciam um pouco marejados, ou melhor dizendo, perturbados, mas não era de meu interesse saber o motivo. Pedi novamente desculpas, ajudei-o a levantar. Ele então disse que estava com pressa pois tinha que resolver assuntos pendentes e pessoais e então andou calmamente para as escadas. Estranhei o fato de ele dizer estar com pressa mas não correr, porém nada disse.
Voltei ao quartel general, após uma tentativa frustrada de encontrar o Hermann e contei toda a teoria para meu chefe. Ele disse que um buraco de seringa foi encontrado no corpo e então começou a me xingar por gastar meu tempo com algo tão óbvio. Me segurando para não mandar aquele senhor de idade dar meia hora de cu, de preferência com o relógio parado, pedi desculpas e concordei com ele para manter meu emprego.
Até hoje, me pergunto se aquela parceria entre mim e Hermann daria certo se fosse convencional.
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Rorschach - Entre a Lei e a Alma
AdventureA historia a seguir contem o selo "The Next" Everfrost. Cidade na Dinamarca, conhecida por diversos crimes. Popularmente conhecida como "Gotham City Fora da Ficção", crimes dos mais diversos ocorrem diariamente. Para evitar isso, fora criado o SIF...