Precisamos falar sobre Suzan - II

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Fiquei um tempo lá fora com a Juliet ouvindo sobre o sonho dela em abrir a tal grife. Não era mais um daquelas ideias malucas que a Juliet embarcava de tempo em tempo, tipo entrar pro circo de Solei ou aprender a tocar violino, dos quais ela desistia com a mesma rapidez que havia embarcado. Ela parecia realmente estar comprometida com aquilo, já havia pesquisado sobre tecidos, modelos, preços, tamanhos, calculado custos, lucro e etc...

一 Quando voltarmos pra casa eu te mostro os desenhos que o Miguel fez, são incríveis é como se ele pudesse ler a minha mente.

一 Então é por isso que vocês não se desgrudam ultimamente?

一 É, achou que fosse o que? 一Ela semicerrou os olhos.

一 Sei lá, você tinha uma quedinha por ele quando era criança.

一 Eca paiiiiii, eu era criança não tinha quedinha. Eu achava que era uma princesa e ele apareceu vestido de príncipe um dia. Sinceramente eu não quero saber de garotos nunca mais e o Miguel  além de ser ecaaa, é doido pela minha irmã.

一 Okay desculpa....  E ele ainda tá nessa, é? Achei que tivesse desencanado.

一Eu não sei, ele não fala sobre isso, mas odeia o Patrick e fica irritado com qualquer menção positiva ao relacionamento dos dois. 

一Bom, ele vai superar.

一 Mas então você achou mesmo boa a ideia? A vovó, ela entende de negócios e disse que é ruim.

一 É uma ótima ideia, sua avó pode entender de imóveis, mercado de ações mas maternidade? Moda infantil? Você já viu as minhas fotos de infância? Sério, ela não nasceu pra isso. Mas acho que devemos começar aos pouquinhos... Você logo vai ter um bebê e não é bom estar com a cabeça cheia de coisa. Então, que tal essas fraldas que você disse, eu financio a primeira remessa. Vocês fazem e vendem e depois que a Aurora nascer e as coisas estiverem mais tranquilas... Bom eu tenho algum dinheiro guardado, podemos ser sócios, tipo vocês ficam com toda a parte trabalhosa e eu só com os lucros, que tal?

一 Tá falando sério? Vai investir a sua grana numa ideia minha? 一 Ela disse incrédula e eu me perguntei em que momento deixei Juliet se perder tanto a ponto de não acreditar que era muito mais que um rostinho bonito. 一 E esse dinheiro não era pro casamento e a lua de mel dos sonhos com a Liv?

一 Era, mas não acho que a gente vá viajar tão cedo. E se esse negócio der certo, e vai dar eu vou ter minha grana de volta. Então, sócios? 一 Falei estendendo minha mão a ela.

Quando voltarmos pra dentro minha mãe ajudava a servir o almoço feito por Simon. Fiquei observando se Suzan iria pedir desculpas a neta pela falta de empatia de mais cedo, mas não. Ela agiu como se nada tivesse acontecido e Juliet fez o mesmo. Quando fugi pra Roma, foi por medo de acabar perdendo a minha filha, mas permanecer lá sempre foi uma maneira de manter as minhas meninas longe de toda a toxicidade da minha mãe narcisista. Mesmo voltando pro Canadá eu sempre mantive certa distância e a verdade é que no caso dela esse afastamento nos mantinha mais unidos, afinal seriam menos ofensas, críticas e palavras cruéis para lidar. Com ela envelhecendo e a insistência em participar mais da nossa vida, me fez deixar a Suzan voltar ao nosso cotidiano e aquilo tinha um sabor agridoce. Eu amo minha mãe e sou extremamente grato por tudo que ela fez por mim e por minhas filhas, mas porra ela é muito filha da puta as vezes.

一Nossa isso está uma delícia 一 falei ao provar a massa Al pesto e as batatas rústicas assadas. 一Nem parece que não tem carne.

一 O molho tá um pouco pegajoso 一 minha mãe criticou revirando a comida no prato com asco.

一Deixa de ser chata dona Suzan, isso aqui tá uma delícia.

一 Tá mesmo  一 Juliet falou dando mais uma garfada 一 Simon poderia abrir um restaurante, cozinha muito bem.

Minha Vida em Perfeitas Escalas - EM ANDAMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora