Talulah - Flashback
Deixei Knight dormir no berço. E me sentei na poltrona de seu quarto. Acariciei minha barriga que havia crescido bem pouco, sentindo pontadas fortes, dolorosas. Essa sensação não parecia normal. Sei que nenens chutam, mas meu instinto apontava para anormalidade.
Peguei o telefone do quarto e liguei para emergência, à medida que a dor aumentava, relatei rapidamente o que estava aconteceu. Em poucos minutos, eu estava na ambulância. Meu filho mais velho estava nos braços de uma paramédica desconhecida. Com seis meses de vida, Knight teve seu dia de aniversário escolhido por mim, e mesmo não lembrando de seus traumas, ele era um bebê desconfiado, e isso o fazia chorar alto.
- Me dê ele. - Pedi, me sentando devagar na maca e recebendo apoio do paramédico.
- Senhora, você não pode fazer esforço. - Negou, nervosa.
- Meu filho está berrando e isso fere meus ouvidos. Machuca ouvir seu choro. Vai ser um esforço ignorar. - argumentei, com lágrimas leves descendo em meu rosto.
Ela entregou Kni, relutante. E como em um passe de mágicas, ele parou de chorar. Olhei seus olhinhos verdes inchados, seu rosto vermelho de tanto chorar. Ô dó. Acariciei seu rostinho e seus cabelos ralos. Acalmei meu filho e foi o tempo que chegamos ao hospital.
Desci na cadeira de rodas com Knight em meu colo. Meu bebê me fez distrair da dor que eu estava sentindo. A preocupação com meu filho não nascido cresceu.
Ouvi as informações dos meus batimentos cardíacos, da minha oxigenação e pressão serem passadas ao médico. Mas, para ser sincera, não prestei atenção. Não conseguia. Segurei forte Knight com um braço e coloquei o outro sobre a minha barriga. Algo estava errado.
- Senhora? Senhora? - voltei a mim quando o médico estalou os dedos na frente do meus rosto.
- Sim?
- Precisamos fazer uma ultrassonografia. - avisou. - Hemograma. Tens feito o pré-natal?
- Sim. - respondi, monótona.
- Para fazer a ultra, precisamos que solte a criança.
Olhei para Knight que estava agarrado ao meu corpo.
- Não, fora de cogitação.
- Senhora...?
- Não precisa me chamar de senhora, tenho 22. Não sou tão velha assim. - ri de nervoso. - Meu nome é Talulah.
- Então, Talulah, é impossível fazer a ultrassom com o menino no colo.- explicou, e deu um sorriso de lado, pareceu nervoso também.
Suspirei e concordei com a cabeça. A enfermeira pegou Kni de meus braços e foi como um botão: nesse instante ele voltou a berrar. Aposto que Toronto inteira conseguia ouvir.
- Merda. -o médico murmurou.
O doutor, o qual eu não tinha identificado o nome, pareceu pensar. Não demorou muito para ele falar:
- Passa pra cá. - e, aproximando-se da enfermeira, tirou Kni de seus braços. - Ei, rapazinho, quer ver algo?
O médico apontou para a maca, levantei da cadeira e deitei nela. Knight ainda chorava. O médico inclinou a cabeça e apontou para minha barriga, entendi que perguntava se podia levantar a camisa, então assenti. Ele derramou um gel no meu abdômen e derramou um pouco no dedinho de Kni.
Isso o fez rir. Talvez por ser gelado, mas o fez rir.
- Quer? - pegou a mão do meu filho e fingiu passar na minha barriga.
Knight tentou mas o médico o afastou e fez cosquinha de leve. O menino gargalhou com a palhaçada. Depois, o rapaz usou a mão do meu filho para espalhar o gel pela minha barriga, isso só fez com que ele gargalhasse mais. Dei um sorriso vendo a cena.
- Como pulamos as apresentações... - o médico falou, com Knight em um braço, começando a ultrassom com a outra mão. - Me chame de Nicolas, ou Nico.
- Talulah, esse é Knight. - sorri de lado, nos apresentando.
Kni estava entretido com a mão melada de gel, passando uma na outra e dando risadas intensas.
- Belo nome. - elogiou e olhou de soslaio. - Consigo reconhecer brasileiros de longe.
Fiz careta.
- Tão evidente assim?
- Claro, só pelos trambones que esse menino carrega. - brincou, me fazendo rir. - Estás de quanto tempo?
- Seis meses. 25 semanas.
- Quer saber o sexo? Ou já sabe?
- Não sei, sempre apareceu de pernas cruzadas. - meus olhos brilharam. - Já dá para ver? Conta!
- Ao que me parece, esse garotão aqui vai ter um amigo pra jogar basquete. - ele sorriu contando a notícia
Meu pequeno Luca. Eu vou ter um menino. Lágrimas surgiram, esses hormônios a flor da pele estavam me matando. Qualquer coisa me fazia chorar ou querer chorar. Mas essa emoção não durou muito tempo, foi interrompida quando vi dr. Nicolas franzir a sobrancelha.
- O que houve? - questionei preocupada.
- Vamos ter que fazer mais exames, querida. - informou. - O seu marido já está a caminho?
- Eu não sou casada. - tossi para disfarçar. - Os meninos não tem pai.
- Oh. Sinto... sinto muito. - coçou de leve o nariz, desligando a máquina de ultrassom.
- O que meu filho tem? - perguntei de novo.
- Olha... não tenho como ser exato. Mas, você já o sentiu chutar? - neguei. - Precisamos fazer mais exames, Talulah. Sua gravidez pode ser de risco.
Enquanto falou isso, Nicolas ajeitou Knight em seu colo, trocando-o de braço.
- Seu bebê pode colocá-la em risco também.
- Nicolas... - sussurrei, clamando por uma explicação coerente.
- Só saberemos com mais exames. - seus olhos gritavam que isso era verdade, pediam para que eu não insistisse muito em uma resposta.
Então, assim o fiz. Fiz os exames e esperei o resultados deles.
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Inacreditável
Roman d'amourInacreditável: a traição não começa no beijo A vida de Talulah muda completamente ao se deparar com seu namorado, Antony, traindo-a com sua melhor amiga. Em uma noite desesperadora, ela compra uma passagem para o exterior e não se importa com o qu...