Talulah
Respirei fundo. Senti o braço de Nicolas se afastar lentamente do meu corpo. Olhei pra ele com os olhos embargados, perdi a voz. Depois olhei para Antony. Seu relato era sincero.
Meu pai tossiu, pra desviar o assunto.
- Precisamos saber o que vamos falar para a mídia. - relembrou.
- Você pode dizer que me traiu. - Antony sugeriu.
- Não! Tá maluco? - respondi quase imediatamente. - Vou aparecer só para falar que é filho de Nicolas.
- Eu... - Nicolas gaguejou. - Vou ir ver Kni.
E saiu as pressas. Vi ele desaparecer ao entrar no quarto.
- Tá tudo bem? - Heitor perguntou baixo, só para eu ouvir.
- Não sei... - respondi inclinada, para Tony não fazer leitura labial. - Essa história mexeu comigo. Não sei se eu teria terminado caso soubesse a verdade. Isso deve ter surgido na cabeça de Nico. - confessei.
- Mas agora você sabe. - arqueou uma sobrancelha. - Vai fazer o que sobre isso?
Neguei.
- Não sei. Esse é o problema.
- Antony é louco por ti. Se tu estalares o dedo ele vem... e Nico? O que tu realmente sabe sobre ele? - questionou em favor do seu amigo.
- Nicolas foi quem me deu suporte nesses últimos dois anos. Preciso lembrar que perdi meu filho? Vocês não estavam lá. - lembrei. - Nico estava.
- Tulah, você sabe que não podíamos ir. - considerou. - Eu sinto muito.
- Eu também senti. - falei e me afastei dele.
Sentei ao lado de Antony.
- Temos que conversar. - eu disse.
- Fique a vontade. - ele me encarou e gesticulou. - Por algumas horas, eu estava na esperança do seu menino ser meu também. Meu sonho sempre foi esse... tu sabe. - falou baixo, desenhando com a ponta do dedo na própria coxa.
- Ele não é seu filho. Ele é meu e de Nic. - falei firme. - Mas você precisa saber porquê eu estava indo pra sua casa naquele dia. - Antony me olhou confuso, então continuei. - Eu ia te contar que eu tava grávida.
- O quê?!
- Nosso filho, Luca, nasceu morto. - joguei a bomba sem enrolar. - Eu sinto muito que...
- Você tá me contando agora?! - engrossou a voz. - Tu teve meu filho e tá me contanto AGORA?! Depois de dois anos? Queria terminar comigo? Terminava! Mas meu filho?! - se levantou do sofá com raiva.
- Ei, mano. Calma. - Heitor o segurou, tentando acalmar.
- Calma?! Ela fugiu com meu filho. Ele nasceu e eu nem o conheci! - respirou fundo.
- Eu não pensei que isso seria tão difícil pra você, desculpa. - confessei, nervosa. - É que tu tiveste um filho também, então... - levantei tentando explicar.
- Knight tapou o buraco do nosso filho? - perguntou.
- Quê? Não...
- Pois é. Lucas não tem nada a ver com essa conversa. - passou a mão pelo cabelo.
Ele sempre fazia isso quando estava nervoso, tenso.
- Tony.. - tentei acalmá-lo também.
- Não me chama assim. - falou, apontando o dedo.
- Chega, né. - meu pai disse. - Viemos aqui pra resolver a questão da imprensa e até agora não falamos de nada.
- Claro! Sua filha sequestrou nosso filho e nem me avisou da existência dele!
- Você me traiu! - argumentei, segurando o choro.
- Eu tava drogado! - refutou.
- E eu não sabia! Só vi você e ela transando! - gritei. - Minha melhor amiga e o amor da minha vida na mesma cama! - sem perceber, soltei.
- Talulah... - Heitor começou.
Olhei pra ele e depois para onde meu irmão olhava. E pra piorar, lá estava Nicolas com nosso filho no colo.
- Nico... - tentei começar entre as lágrimas, mas nada q eu falasse iria retirar o que foi dito.
- Tudo bem, Tulah. Tá tudo bem. - ele falou. - Knight se assustou com a gritaria e chamou por você. - se aproximou.
- Mamã... - meu filho se jogou em cima de mim.
- Posso levar ele pra passear enquanto vocês resolvem o que... - arfou. - o que estão tentando solucionar. - Passou a mão na barba.
- Nicolas... - chamei suplicante.
-Eu o levo, sem problemas. - pegou o menino e foi saindo pela porta. - Vamos passear, campeão?
- Tulah, eu sinto muito. - Antony falou quando Nicolas sumiu. - Espero que isso tenha solução.
- Eu tenho namorado, Antony. - falei.
- Podia ter um marido... - ouvi meu pai sussurrar.
- Você mesma acabou de falar que eu sou o amor da sua vida. Foi um erro que eu não tive escolha! - argumentou. - Podemos tentar.
- Você era o amor da minha vida. - enxuguei meu rosto. - E, além disso, foi um erro naquele dia. Pelo visto, tu continuou errando por dois anos e o resultado foi um guri. E ainda colocou o nome que nós tínhamos escolhido. - falei rude.
- Tu foi embora, Talulah. Tudo que aconteceu depois não teve nada a ver com nosso relacionamento. - falou. - Emily foi uma válvula de escape.
- Ela é a mãe do seu filho. - repudiei. - Eu não conseguiria ter que ser amistosa com ela.
- Vocês nem precisariam se ver. - falou.
- Eu ia ter pavor, Antony, de você ir visitar o Lucas na casa dela e acabar com outro chifre. - confessei. - Estou feliz com Nicolas, ele é o pai do meu filho e ele é o amor da minha vida.
- Sweet... - meu pai tentou.
- Não, pai. Nem comece. - interrompi. - Creio que nesse momento não vamos conseguir mais resolver nenhum problema. Então, eu vou ir atrás de Nicolas e do meu filho.
E assim o fiz, saí do apartamento, chamei o elevador e tentei organizar meus pensamentos, na tentativa de achar as palavras certas.
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Inacreditável
RomanceInacreditável: a traição não começa no beijo A vida de Talulah muda completamente ao se deparar com seu namorado, Antony, traindo-a com sua melhor amiga. Em uma noite desesperadora, ela compra uma passagem para o exterior e não se importa com o qu...