Soulmates Kingdom

Insegurança

Reggie

A atitude da princesa assustou a todos, porém o cavalheiro de escuros fios viu-se ainda mais perdido, visto que não esperava a reação dos amigos. Sir Ortega estava, claramente, impactado pela situação, já a dama não fazia questão de ocultar seu arrependimento por ter tocado no assunto. Flynn culpava-se por ter abalado Sua Alteza.

— Eu deveria ter-me calado... Julie não merece reviver tudo isso... – O contínuo fluxo que era originado em seus olhos cortava o coração daquele jovem rapaz. Reggie, mesmo que não entendesse o que estava acontecendo, seria incapaz de permitir que lágrimas dominassem a face da moça por qualquer que fosse o motivo.

Por isso, não hesitou em envolver a dama em seus braços ao dizer, com toda sinceridade que carregava em seu coração:

— Não chores, senhorita... Tudo ficará bem, estamos aqui para apoiá-los, corta-me o coração não saber como agir para amenizar a dor que vejo em seus olhos – O cavalheiro afaga, delicadamente, a face da jovem, mantendo seus olhos conectados para transmitir toda segurança que podia.

A nova dupla, talvez, não soubesse ainda, mas o rapaz de encantadores olhos castanhos entendia a importância de não se sentir sozinho em momento como o que presenciava. Graças a sensibilidade de um exímio cavalheiro, no sentido mais nobre da palavra, Sir Peters sabia que a tratativa com o cenário seria particular, por isso, sinalizou para que Alex estivesse com o jovem Ortega, enquanto acalma a dama de tranças.

Em uma atitude cautelosa, rapaz dirigiu-se até um dos bancos mais afastados, sabia que aquela seria uma conversa delicada e precisava compreender para conseguir ajudar aquelas pessoas que, a cada aurora, tornavam-se mais importantes em sua vida. Assim, após estarem acomodados, ele alcança as mãos da dama, em um gesto que deixava clara a mensagem: esperaria o tempo que fosse para que ela estivesse confortável em partilhar suas angústias.

— Sabe, como comentei certa vez, muito de minha relação com a Família Real é exatamente isso para mim: uma família. Estou ao lado de Julie por mais tempo do que sou capaz de lembrar, passamos por muitas coisas juntas, mas sei que ela carrega uma dor imensurável... E não sei mais o que faz para ajudá-la, entende? A música faz muita falta na vida dela, das duas, em verdade... Não gosto desse sentimento de impotência, adoraria ser o apoio que ela precisa...

E não posso deixar toda a responsabilidade de lidar conosco abaladas a cargo de Willie, ele também já perdeu muitas coisas... Sou a única que não tem de que reclamar e, ainda sim, não consigo ser o suporte que meus amigos precisam...

A divagação da jovem continuava, mas algo em seu discurso capturou a atenção de Sir Peters. Como era possível que a dama tomasse para se um lugar inferior ao de incrível e leal? Não era ela capaz de perceber seu próprio valor? Essa constatação assustou o rapaz, no entanto, Reggie não se deixou abater pela força daquelas palavras e interrompeu a dama ao dizer:

— Espero que consiga me perdoar, Mi Lady, contudo, preciso discordar de seu posicionamento. A senhorita é uma amiga de ouro, sua preocupação e cuidado para com todos são um aspecto ímpar de sua personalidade, imploro para que não dê ouvidos a pensamentos dessa natureza...

Não é porque temos vivências diferentes que uma provação é menos válida. Com o tempo, aprendi que guardamos mais conhecimento em nós mesmos do que somos capazes de registrar, ninguém pode desmerecer nossas angústias, minha senhora...

O tom doce e contido despertou a dama de seus pensamentos. Os olhos refletiam entendimento, enquanto as palavras eram absorvidas em seu interior. Tal percepção, o jovem observou, atingiu a postura com a qual Flynn vinha enfrentando toda a situação.

— Não quero parecer ingrata, apenas... – Ela hesita um instante e, puxando vagarosamente o ar, continua:

— As Molina e Willie sempre foram muito importantes para minha família. Mathias e o Ortega cresceram nos protegendo, entende? Queria saber como ajudá-la nesse momento...