O trono

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Havia algo muito curioso durante aquele dia de comemoração; os estandes ostentavam o símbolo da serpente da família Malfoy e a população voltava a relembrar como a família real os libertou de dor e sofrimento durante o reinado de tirania do falecido Tom.
Todos estavam felizes. Todos menos Harry Potter. Ele achava injusto a forma do povo apenas se lembrar dos feitos dos Malfoy durante a guerra, seja porque eram a família real naquele momento ou seja porque não tinham conhecimento de como todos Lordes e Ladys se sacrificaram para libertar as terras do reino. Hermione Granger havia sacrificado muitas coisas dirante a guerra, disso Harry se lembrava bem, assim como Cedric que havia perdido seu pai em campo de batalha. No fim, todos haviam perdido alguma coisa, mas, só os Malfoy eram lembrados.

O aniversário de Scorpius era preparado com grande devoção dos servos, era tudo bem ornamentado, principalmente na sala do trono onde Harry observava aquele pedaço de ferro, encravado por pedras preciosas ao redor do encosto; aquele assento era, simplesmente, o que ele mais almejava quando jovem, ele ouviu histórias de seus pais sobre as conquistas e os bons reis que os Potter já tiveram oportunidade de ser. Infelizmente, a única chance de outro Potter subir ao trono era que Lily se casasse com Scorpius.
Harry esperou uma filha mulher na segunda gravidez de Gina, até mesmo Remus, seu meistre, lhe jurou que todos os sinais da gravidez davam pistas de que seria uma menina e, semanas depois, Harry e Gina viajaram para a capital e fizeram o acordo com Draco e Astória, que também estava grávida de Scorpius na época; Snape se encarregou de fazer o pacto de sangue entre as mulheres, para que seus filhos em seus ventres fossem ligados e que estariam prometidos um para o outro durante toda a vida, mas, como nem tudo na vida de Harry Potter é perfeito, meses depois, Gina deu a luz a um menino, Albus.

A maldição recaia nos ombros de Harry sempre que lembrava o momento que Remus gritou que era um menino, um belo e saudável garoto. Ele amava seus filhos, mas, agradecia muito por sua última tentativa ter dado certo, Lily ia elevar o nome dos Potter, ia gerar filhos parte Gryffindor a Scorpius, e, outra vez, os Potter estariam no trono.

- o que olha com tanta vontade, Potter?- Harry se virou, vendo Cedric Diggory, Lorde de HufflePuff, ele havia chegado a pouco tempo para a celebração do aniversário do herdeiro e dia do nome.

- Cedric, bom revê-lo- comentou formalmente- como estão Cho e as crianças?-

- eles não puderam vir, Cho está grávida novamente e dessa vez é de risco- suspirou Cedric se aproximando do velho amigo- consegui trazer apenas meu filho mais velho para se ajoelhar perante o herdeiro-

- ah, sim, ajoelhar- Potter se virou voltando a olhar o trono, Cedric o olhou levemente desconfiado.

- almeja o trono, não é? Eu também já almejei- comentou parando ao lado de Harry- mas esse trono é maldito, Harry. É apenas um pedaço de ferro que todos respeitam mais do que o que é certo-

- esse pedaço de ferro custa a vida das pessoas- disse Harry e Cedric assentiu- custou a do seu pai, acho muito admirável que ainda vá se ajoelhar ao herdeiro de Draco-

- Draco Malfoy é meu rei- Cedric respondeu meio incomodado pela fala do amigo- me ajoelharia para um fardo de feno se assim ele me pedisse, além disso...- e se virou lara Harry, apontando para a janela- existe uma coisa monstruosa ao lado deles que, nem eu e nem você, podem ir contra-

Dito isso, Diggory se despediu e foi se preparar para a comemoração do dia do nome de Scorpius. Harry continuou parado na sala do trono por alguns minutos, voltando a encarar a janela e vendo o grande dragão voar para o entorno da torre onde o príncipe se preparava para a cerimônia, Potter respirou fundo sentindo o leve tremor de pensar que aquela monstruosidade poderia machucar Lílian.

...

Sentado ali, vendo seu pai observar tudo com calma enquanto todos os ladys e lordes entravam na sala do trono, Scorpius só conseguia pensar em uma pessoa: Albus Potter e em como se sentia apreensivo por ver os cabelos tão castanhos daquele jovem rapaz que havia roubado sua afeição para sí.
Se sentia ansioso, queria conectar seus olhos mais um vez nos esmeraldinos e poder dizer que preferia mil vezes que Albus tivesse nascido mulher e ser sua noiva prometida do que Lily. Pelo menos teria esperança de uma boa e forte amizade.

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