Isadora
Passei a mão em meu rosto me sentando sobre o freezer, tentando processar oque acabará de acontecer, meu Deus.
No canto da cozinha, uma garota me encarava com desdém, ela tinha muitas tatuagens e usava uma roupa curtíssima, e pela blusa eu conseguia ver os piercings em seus mamilos.
Me encarava como se fosse me matar, me devorar, me dar uma surra, não sei.
Só sei que me deixou assustada, e logo saí dali pela porta dos fundos, assim que passei pela porta vi Layane encostada na parede procurando algo com os olhos.
Assim que parou em mim, começou caminhar em minha direção.
— Mona Ruiva, e não é que Sabiá tá gamadão da Nessa da Lojinha? - disse agarrando meu braço e me puxando pra muvuca.
— Quem são esses? - olhei pra ela, tendo que levantar meu queixo pela diferença de altura.
— Coroa do Russo e a mãe da Paulinha, aquela menininha atentada que vive na casa da vó dela, lá perto de casa.
Aaa, a menina era um amor, pena que era encapetada.
Nos sentamos no sofázinho lá fora, escutando o funk estralar perto de nós, Layane se levantou me dizendo que pegaria alguma coisa leve pra mim beber e eu apertei os dedos a esperando.
Logo vi a garota que me encarava na cozinha e uma loira tatuada vindo em minha direção, atrás delas estavam mais algumas garotas.
— Então você é a famosa Ruiva do chapadão? - a loira tatuada sentou-se do meu lado com um sorriso amigável.
— Ah, meu nome é Isadora mas.. - fui interrompida pela garota da cozinha.
— Qual é a tinta que você usa em seu cabelo? Parece tão real. - agarrou uma mecha do meu cabelo puxando pra ela, senti uma dor em meu coro cabeludo e tirei meu cabelo das mãos dela.
— É natural, minha mãe era rui.. - fui interrompida mais uma vez por uma das garotas que sentará na minha frente, com as pernas abertas o suficiente pra ver debaixo de sua saia.
Um detalhe: ela não usava nada.
— Bom, eu me chamo Milena, minha amiga aqui Camila, e essa gostosa aqui; Paola.
A menina da cozinha se chamava Paola.
Será que essa é a irmã da Layane?!
Olhei intrigada para a loira que me olhava estranho.
— Vamos começar o papo de garotas, vamos! - elas deram risadas histéricas, puxando minhas mãos para que formassemos uma rodinha.
Papo de garotas?!
— Ontem, mamei gostoso o Fininho, magrinho pauzudo do caralho, amo quando ele me chama de cachorra, quando atola o pau tão fundo na minha garganta que me faz alucinar de dor. - Paola disse gesticulando com as mãos e eu franzi as sobrancelhas, assustada.
Engoli seco e tentei me afastar, mas minhas mãos foram puxadas novamente.
— Russo me faz engolir toda a porra dele quando fodemos, me chama de altos nomes e deixa minha pele em carne viva, olha o último tapa que ele me deu. - se levantou e ergueu a saia, mostrando uma marca roxa.
Russo?!
Ele que fez isso?!
E, ele namora?!
Meus olhos pesaram com isso e eu me encolhi assustada com tamanha selvageria.
Mas sexo é um ato romântico..
Ou era.
— Daqui uns dias iremos fazer um ano e 5 meses juntos, desde que ele se declarou pra mim, diz que minha buceta é mais gostosa que ele já fodeu. - Camila se abanou mordendo os lábios e mais risadas ecoaram.
Eu só queria sair dali, o mais rápido possível.
Vi Layane de longe, com dois copos de bebida na mão e assim que me viu no meio da rodinha, deu os copos pra alguém segurar e voou em cima.
— Se afasta da minha amiga, bando de urubu piranha! - me puxou pra ela me abraçando, e eu retribui, ainda aérea com tudo que tinha escutado.
— Estávamos dando umas aulinhas pra Dorinha, não é Ruiva?! - Milena sorriu cínica.
Assenti trêmula, negando o olhar.
— E só mais um lembrete, Ruiva, se eu souber que anda perto do meu marido, não vou ter dó em picotar seu corpo em milhões de pedaços. - Camila disse apertando meu rosto com as unhas, acabando por cortar.
Layane deu um tapa forte na mão dela e a empurrou, começando a amarrar o cabelo pra ir pra cima.
— Desencosta dela, Camila! Ninguém tem culpa que você que seu marido é fiel, se procura rabo de saia em todo lugar. - jogou na cara dela, gritando.
— Eu vou te matar, sua puta! - Camila gritou indo pra cima dela, mas eu puxei Layane dali.
— Vamos embora Lay, por favor, não vale a pena. - a garota olhou pra mim e deu um último olhar para a irmã, pegando em minha mão pra me tirar dali, quando eu saía dali, vi Russo caminhando com uma mulher para o beco mais próximo.
Um arrepio passou por meu corpo.
Cretino.
Esse tempo todo, ele teve mulher, e eu me sinto usada.
Ele mal me tocou, mas oque fez já é um grande desrespeito com a mulher dele.
– Escuta, amiga, sei que ela envenenou sua cabeça, mas esquece tudo que ela falou, ok? E ve se fica longe do Russo, ele não é boa coisa. - me abraçou e arrumou meu cabelo bagunçado.
— Lay, elas disseram coisas tão... - eu não sabia qual palavra usar pra descrever aquele assunto.
— Ei, eu sei, eu sei, mas você não pode acreditar nisso, ok? Esquece.
Assim que chegamos em casa, Layane foi tirar sua maquiagem e roupa e eu me sentei na cama para tirar meus tênis, deixei minhas meias brancas nos pés e coloquei uma camiseta grande surrada, com um short curtinho e molhinho pra dormir.
Fiz um coque nos cabelos e peguei minha mantinha, levando até a sala, deixei no sofá para assistir um filme depois e abri a porta da casa, pra pegar minhas roupas lavadas, que estavam no varal.
Mas fui surpreendida ao ver Russo ali na frente, descendo de sua moto.
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Entre linhas [F]
Ficção Adolescente+16 | 𝕮𝖔𝖒𝖕𝖑𝖊𝖝𝖔 𝖉𝖔 𝕮𝖍𝖆𝖕𝖆𝖉𝖆𝖔, 𝕽𝖎𝖔 𝖉𝖊 𝕵𝖆𝖓𝖊𝖎𝖗𝖔. Russo nunca pensou que alguém fosse conseguir dominar seus pensamentos, até sentir seus olhos brilharem ao conhecer a ruiva das bochechas coradas.