Isadora
Depois que meus pais morreram, morei com minha avó por todo tempo, acontece que minha velinha se foi a algum tempo, então Layane tem me ajudado, apenas a me manter, arrumar um emprego, me ajudou a passar pela fase do luto, foi difícil, mas eu consegui.E a um mês atrás ela me chamou pra morar com ela aqui no chapadão, confesso que foi bem complicado pensando sobre isso, afinal aqui não é nenhuma Disney.
Mas, quando se sofre de síndrome do abandono, você topa qualquer coisa pra não ficar sozinha, e eu topei.
E ontem me mudei pra cá, as pessoas são até amigáveis, bom, pelo menos algumas, já que as meninas parecem não ter gostado muito de mim.
Elas ficam encarando meu cabelo como se fosse alguma anomalia, isso me incomoda um pouco, os olhares delas me deixam intimidada.
Mas Layane já quase voou em cima de uma loira quando fez um comentário maldoso sobre mim.
Eu não me afeto muito com esse tipo de coisa, não é que eu me ame, apenas ignoro porque já tenho problemas demais.
[...]
Olhei pra minha amiga que me olhava de olhos arregalados segurando a risada, Russo acabou de sair daqui, depois de me dar uma daquelas piscadelas.
Meu Deus, que homem lindo.
Mas não é pro seu bico, se liga Isadora.
Não mesmo, quero distância.
— Menina, além de chamar atenção dos noias, dos de frente, dos aviãozinho, chamou atenção do patrão?! - disse abismada. - minha amiga é uma gostosa! - bateu na minha bunda e apertou minhas bochechas.
Eu ri envergonhada e ela me puxou escada acima.
— Hoje tem resenha na casa do Galego, e óbvio que a gente vai, comemorar a chegada da minha irmãzinha vermelha. - me puxou pro quarto dela e eu me joguei na cama assim que entramos.
— Não sei se é uma boa ideia. - abracei os joelhos.
— Meu amor, você precisa curtir, tá quase com seus 18 anos e não curtiu nada da sua adolescência. - pegou em minhas mãos e me olhou fazendo biquinho.
— Tá bom. - suspirei e ela me beijou na bochecha, contente.
— A única merda que vai acontecer hoje é que vou ter que ver a vagabunda da minha irmã. - revirou os olhos e começou a revirar seu guarda roupa imenso.
Fico besta de olhar pro tanto de roupa que ela tem, não tenho nem um terço disso.
— Então quer dizer que vou conhecer a tão amada Camila? - disse risonha e ela me jogou um sutiã, dei risada e deixei meu corpo cair pra trás na cama.
— Mudando da merda pra flor, já decidiu sua roupa? - arqueou a sobrancelha pra mim, bufei e olhei pro teto.
Não tenho nenhuma opção de roupa.
— Dorinha, pode pegar uma minha, mas não sei se vai ser seu estilo. - olhei pro guarda roupa dela.
Preto, brilho, preto e mais brilho.
Torci os lábios e ela riu, me puxando pro quarto que agora seria meu.
— Vamos ver. - abriu meu guarda roupa e analisou as roupas, pegando um vestido rosado que ganhei de aniversário de 14.
Neguei imediatamente, minha bunda ficava toda de fora.
Ela viu mais algumas roupas e parou em um vestidinho branco, manga princesa, um decote bonito, na cintura é coladinho e no quadril soltinho.
Assenti sorrindo e ela deu um gritinho o entregando pra mim.
— Vou tomar um banho daqueles, porque hoje é dia de dar chá de perereca. - sorriu safada e eu neguei com a cabeça, rindo.
A maioria das coisas que sei em relação a isso é porque Layane me ensinou, digamos que minha vózinha não tinha muito conhecimento pra me ensinar.
Tudo que ela pode fazer, ela fez por mim, sou grata a ela.
Meus olhos ardem só em pensar nela, então balanço a cabeça pra espantar esses pensamentos.
[...]
Me olhei no espelho e sorri dando uma voltinha, puxo o decote pra cima tentando deixar meus seios menos expostos, em uma tentativa falha.
Passo um gloss de morango nos lábios e uma máscara de cílios, apenas isso e ajeito meus cabelos soltos.
Me sentei na cama pra calçar meus tênis brancos surrados e passei um perfume docinho, sai do quarto encontrando minha amiga se maquinando no quarto ao lado.
Ela estava linda, um short jeans preto desfiado com um cropped pink decotado, finalizou o batom escuro nos lábios e colocou um tênis nos pés, olhando pra mim com um olhar sexy.
Finjo um desmaio e me encosto no batente da porta, dando risada depois.
— Olá rapazes, essa é minha amiga Ruiva gostosa, menos conhecida como Isadora. - fantasiou e eu revirei os olhos, abraçando sua cintura enquanto ela passava o braço pelo meu pescoço, pra sairmos da casa.
Subimos o morro capengando, porém não era muito longe então logo chegamos no sobrado do tal ficante da Layane.
O lugar tava cheio, gente bebendo, se pegando, fumando pra lá e pra cá.
Inutilmente me encolhi do lado da minha amiga, nunca frequentei um lugar assim.
— Relaxa gata, logo se tá inturmada.
[...]
Layane me apresentou uma amiga dela, chamada Patrícia, todo mundo chama ela de Paty aqui.
Adorei ela, me fez rir horrores enquanto Layane dava um perdido com o boy dela.
Estávamos sentadas em um sofazinho no canto da grande sala, eu tomava um copinho de água e ela com uma latinha de cerveja na mão.
— Mona Ruiva, já volto, vou ali bater um papo com meu irmãozinho, tá vacilando. - beijou minha bochecha e se levantou, fiquei olhando em volta enquanto bebericava minha água, até ver um rosto conhecido me encarando.
Russo estava encostado na parede do outro canto da sala, perto da porta, com um cigarro entre os lábios e um copo na mão, me encarando fixamente.
Ele me deixa intimidada, mas sinto que não é de uma forma ruim, enquanto ele me olha, sinto meu corpo formigar e minhas bochechas esquentarem, abaixo o olhar para minhas cochas, envergonhada.
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Entre linhas [F]
Ficção Adolescente+16 | 𝕮𝖔𝖒𝖕𝖑𝖊𝖝𝖔 𝖉𝖔 𝕮𝖍𝖆𝖕𝖆𝖉𝖆𝖔, 𝕽𝖎𝖔 𝖉𝖊 𝕵𝖆𝖓𝖊𝖎𝖗𝖔. Russo nunca pensou que alguém fosse conseguir dominar seus pensamentos, até sentir seus olhos brilharem ao conhecer a ruiva das bochechas coradas.