O Limite

Capítulo 1

Letícia

Eu tava descendo a Rocinha quando eu vi o Vg, ele me avistou de longe e sorriu de lado.

Aquele sorriso filha da puta, que me dá vontade de dar pra ele aqui mesmo. Passei direto por ele e segui em direção a pista

Vg: Qual foi preta, não cumprimenta mais não? - disse ele, eu me virei e fui cumprimentar ele. - tá cheirosa, tá indo onde?

Letícia: Tô indo trabalhar, ganhar o pão de cada dia. - disse num tom voz cansada.

Vg: Te levo pô, tem caô não. - neguei na hora e sair andando nervosa, tinha muito medo dele.

Vagner era de Lua, uma hora tava tudo mec e do nada ele surtava.
Nunca fui de me prender muito as regras, sempre gostei de viver a vida do meu jeito.

Mas nem tudo é como realmente queremos e uma hora ou outra, mesmo que tardiamente, percebemos o erro.

Eu tenho medo dele me machucar igual foi com sua ex, mas eu o amo tanto.
É que infelizmente a vida não é um conto de fadas como o dá tv, nem tudo é como parece e eu prefiro evitar, do que me machucar.

Saí dos meus pensamentos quando vi a Pat, minha colega de trabalho. A gente ia todos os dias juntos.

Patrícia: Oi amor. -me abraçou. - Tenho fofoca bala pra tu. - essa louca sabe de tudo que acontece no morro inteiro.

Letícia: Conta rápido então, sabe que eu tenho ansiedade. - fomos andando lado a lado, já que o loja onde a gente trabalhava era perto.

Patrícia: Não tem o Pitoco da boca 8? - só confirmei com a cabeça. Então amor, ele pegou a Ratinha mano, e agora os mano tá tudo gastando ele com essa idéia.

Ratinha é um apelido interno nosso pra uma menina que a gente não gosta.

Letícia: Meu Deus mano. - dei risada. Não tenho nada contra ela, se pá acho ela uma mina legal, só que ela age igual uma puta. Só quer o luxo e depois vai ter o mesmo final de muitas, quem atropela os adversários pra chegar em primeiro, nunca é um vencedor digno de medalha. - Patrícia concordou.

Patrícia: Pois é mana, ela acha que tá bonita, quando se fuder pelas ações inconsequentes, aí eu quero ver.

A gente chegou no trabalho e já foi trocar de roupa. Logo a pós, fui atender uma mana muito linda.

Letícia: Bom dia, o que você deseja? -ela me desejou bom dia também.

Luiza: Oi, eu quero um vestido colado preto com uma fenda nas pernas, aqui tem esse tipo?

Letícia: Tem sim moça, vem comigo. - ela me seguiu e eu mostrei os vestidos que tinham de acordo com o que ela pediu.

Ela ficou encantada com um preto e branco de tubinho. Não era pra menos, o vestido era lindo, era aberto nas costas, com um decote nos peitos. E ficou extremamente lindo nela.

Luiza: Obrigada moça, amei muito o vestido e o atendimento. Até mais. - deu tchau e eu sorri.

O restante do dia foi assim, tivemos nosso horário de almoço, fofocando como sempre e depois voltamos ao trabalho até o fim do dia.

Patrícia: Tchau amada, até amanhã, se cuida. -me deu um beijo na testa e saiu andando. Ela morava na rua de entrada da rocinha, mais afastada da minha casa.

Letícia: Tchau pra você também. - gritei pra ela ouvir.

Fui subindo a Rocinha bem calma e devagar, como sempre. Tava anoitecendo, tudo o que dava pra ver era a lua nascendo, os moradores voltando do trabalho e os traficantes trocando de turno, mais um dia normal.

Letícia Torres 21 anos

Patrícia Malbec Stella 22 anos