NENHUMA DAS BRUXAS aguentava mais ouvir Sophie tagarelando que tinha certeza que uma das princesa havia provocado o fogo para chamar a atenção de Tedros.
De acordo com a imaginação de Sophie, ele tinha salvo Beatrix da torre em chamas e beijado-a, enquanto o Bem queimava, e eles já haviam marcado a data do casamento.
Silenciosamente, Maeve almoçava mingau empapado e pé de porco, sentindo que ficar naquele quarto com as companheiras estava fazendo-a beirar a insanidade.
Sophie cantando e se maquiando da forma horrível que apenas ela conseguia, Anadil treinando os barulhentos ratos, Hester lhe lançando olhares assassinos e Dot devorando um novo chocolate a cada minuto.
De repente, Sophie arremessou o prato pela janela, e se virou para Maeve, com um olhar esperançoso. — Você sabe onde eu poderia encontrar pepinos neste lugar?
Maeve não respondeu.
Hester fez uma cara feia para Sophie, do outro lado do quarto. — O Ganso. Como fez aquilo?
— Pela última vez, Hester, eu não sei — ela deu de ombros, sentindo a barriga roncar. — Ele prometeu trocar-me de escola, mas mentiu. Talvez tenha ficado doido depois de colocar tantos ovos. Você conhece uma horta por aqui, com alfafa ou grama, ou-
— Você falou com ele? — disparou Hester.
— Bem, não exatamente — disse Sophie, nauseada. — Mas eu podia ouvir seus pensamentos. Diferentemente de vocês, princesas podem falar com animais.
— Mas não ouvir seus pensamentos — lembrou Dot, lambendo um grude que parecia ter sabor de chocolate. — Para isso, sua alma tem de ser cem por cento pura.
Sophie sorriu, aliviada. — Pronto! Sou cem por cento Boa.
— Ou cem por cento Má — respondeu Maeve, com os braços cruzados. Deitada na cama, a bruxa tinha a privilegiada vista da baía pela sua janela, que costumava encarar durante horas enquanto pensava.
Sophie arqueou uma sobrancelha. — Cem por cento Má? Eu? Isso é absurdo! Maluquice! Isso é-
— Impressionante — afirmou Anadil. — Até Hester já poupou um ou dois ratos.
— E nós todas achando que você era uma incompetente — Hester olhou Sophie com escárnio. — E você é apenas um lobo em pele de cordeiro.
Sophie tentou parar de rir, mas não conseguia.
— Aposto que ela tem um Talento Especial que vai arrasar com os nossos — disse Dot, mastigando algo que parecia um pezinho de chocolate.
— O que é? — sussurrou Anadil, com um sorriso letal. — Qual é o seu talento? Visão noturna? Invisibilidade? Telepatia? Garras venenosas?
— Não me importa o que é — rosnou Hester. — Ela não pode superar meu talento. Não importa quão vilã ela seja.
Agora Sophie ria com tanta força, que estava chorando.
— Escute aqui — Hester estava furiosa, fechando os punhos ao lado do corpo. — Esta é minha escola!
Sophie ria. — Pode ficar com sua mísera escola.
— Eu sou Capitã da Turma! — rugiu Hester.
— De jeito nenhum! — exclamou Maeve, ficando de pé, com um semblante de raiva. — Está completamente enganada se acha que é melhor do que qualquer um nessa escola!
Hester sorriu com deboche. — Acha que é superior a mim?
— Eu não acho, tenho certeza — sussurrou Maeve, cerrando os punhos. Não costumava participar das conversas daquele grupo, mas aquele tópico chamou sua atenção.
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✓ | DISENCHANTED ━ tedros of camelot.
Fantasia𝕯 𝐈 𝐒 𝐄 𝐍 𝐂 𝐇 𝐀 𝐍 𝐓 𝐄 𝐃 ❪ 𝐚. ❫ alguém que perdeu o encanto ou a magia que possuía, desilusão. Maeve realizará de tudo em seu alcance para seguir os passos da falecida mãe, a lendária Rainha Má, após ser admitida na Es...