(013). evil queen

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O CAMINHO QUE serpenteava por entre as árvores era tão estreito e escuro que os três tinham que ir um atrás do outro, tropeçando a cada momento.

Enquanto Tedros usava a luz dourada de seu dedo para iluminar o caminho, continuava olhando para trás, para Maeve, com uma expressão preocupada. Aquela viagem e todo o silêncio que precisavam fazer não estava sendo bom para nenhum deles.

Maeve bufou, irritada com aquela caminhada sem sentido. - Pare de ficar me checando, princezinho.

- Ah, não, é só... - Tedros murmurou algo inaudível e voltou a caminhar, parecendo que não olharia para trás tão cedo novamente.

A bruxa não respondeu, já farta dos olhares preocupados e da conversa açucarada, como se ela estivesse prestes a ter um colapso nervoso ou a se afogar no lago mais próximo.

Além disso, ela não estava a fim de falar com ninguém, receando que a conversa voltasse à sua mãe. Mas, acima de tudo, Maeve estava preocupada na futura batalha que teriam contra um exército de mortos-vivos e o Diretor da Escola.

Se a Rainha Má realmente estava de volta, assim como tantos outros vilões dos contos de fadas, então todos estavam em perigo.

- Eu vou resgatar a Sophie, quando nós a encontrarmos - Tedros falou, como se tivesse decodificado seu silêncio. - Pra ser honesto, eu não tenho certeza se ela vai querer você por lá. Deixe-me falar com ela sozinho.

Maeve ergueu os olhos, com um sorriso cínico.

- Primeiro, você já passou por muita coisa, meu amor - acrescentou o príncipe, pulando por cima de um tronco de madeira antes que pudesse tropeçar. - Segundo, como Sophie e eu temos um passado, acho que ela irá me escutar se eu pedir que ela quebre a aliança do Diretor da Escola.

- Estou ótima! - retrucou Maeve, andando ao lado do príncipe, fazendo um esforço maior ao acompanhar os passos largos dele. - E quem disse que você vai resgatar ela? Eu sou a pessoa mais adequada para o trabalho.

- Olha, é melhor se eu fizer isso - Tedros argumentou, passando um braço ao redor dos ombros da bruxa. - Vocês parecem ter sérios problemas de comunicação.

- E vocês não têm? - zombou Maeve, com um tom de escárnio. Ela cruzou os braços, vendo o olhar de Tedros.

- Eu gosto mais de vocês dois quando estão quietos - chiou a Princesa Uma, olhando-os.

Tedros suspirou, então seguiu marchando adiante, sem olhar mais para trás para checar sua companheira.

Durante as três horas seguintes, Uma, Tedros e Maeve prosseguiram arduamente na fila única por entre a Floresta Sem Fim, parando somente quando Maeve colidia com uma árvore (frequentemente), ou quando Tedros precisava fazer xixi (mais frequentemente ainda).

- Você viu algum outro vilão ressuscitado? Além do lobo e do gigante? - perguntou a bruxa, tentando fazer com que a professora continuasse falando.

- Ainda não - Uma olhou de volta pra ela, sabendo o significado oculto da pergunta. - Outro motivo para ficarmos em silêncio.

O amanhecer desabrochou uma bela manhã de vento, e os alunos já não precisavam da luminosidade de seus dedos para enxergar.

À medida que Maeve e Tedros adentravam mais a floresta, encolhidos em suas capas, ela notou uma névoa verde fria e sinistra se adensando no ar, com um cheiro azedo.

- Quando é que vai esquentar? - perguntou Tedros, batendo os dentes pelo frio. - O sol parece que está meio dormindo.

Maeve também estava esperando que o sol ficasse mais forte, mas, a cada hora que passava, ele ficava mais pálido, mesmo quando estava alto no céu.

✓ | DISENCHANTED ━ tedros of camelot.Onde histórias criam vida. Descubra agora