Jajangmyeon

113 16 0
                                    

Alguns dias mais tarde.

Casa da Família Jeon.

Yeonhwa-Ri, Gijang gun, Busan.

A mamãe Jeon sentia-se, pela falta de melhor adjetivo, abandonada.

Faziam semanas que era mantida no escuro – duas especificamente, que correspendiam ao espaço de tempo desde o acidente em Seoul–, sem notícias do filho, do genro ou mesmo de Park Eunseo. Queria poder entrar em contato, ligar para eles e cobrar uma reposta, mas não sentia-se no direito para tal, afinal ainda estava reestruturando seu relacionamento com o seu menino e não queria se exceder e parecer intrusiva, ou forçar uma aproximação indesejada. Embora de qualquer forma, nas poucas ocasiões em que conversara com a Sra. Park ou mesmo com Jungkook, nada lhe apagava a impressão de que estavam sempre escondendo algo de si. Evitando deixá-la entrar demais, saber demais.

Mas no final das contas não era menos do que merecido, Eunha sabia que a culpa daquela

distância com filho era inteiramente sua.

— Omma? — foi desperta de seus devaneios com a aproximação cautelosa de Junghyun para não assustá-la. — A senhora está bem? — perguntou preocupado ao notá-la tão

melancólica.

A senhora assentiu lhe sorrindo doce. Desde sua "redenção", Junghyun e a mamãe Jeon têm voltado à se aproximarem rapidamente, uma aproximação mais fácil do que com o

próprio Jungkook, e nada aquecia mais seu coração do que ter o carinho do filho de volta.

— Eu só estava pensando no seu irmão. — confessou cabisbaixa. — E no seu noivo também, eu não tive notícias desde que aquilo tudo saiu na tevê, não sei nem se ele se recuperou ou se está bem. Não quero soar pretenciosa, mas fiquei preocupada de verdade com o garoto.

Junghyun assentiu, parando ao lado da genitora e apoiando-se na janela para onde ela

olhava tão absorta momentos atrás.

— O Kookie não ligou, não é mesmo? Aquele irresponsável cabeça de vento. — bufou

revirando os olhos. — Nem pra mim ele disse nada, eu tive que procurar a Sra. Park.

— Mesmo? E ela respondeu você? — questionou tentando não demonstrar interesse

demais.

— Sim.

A mamãe Jeon ficou então em silêncio, pensativa por um tempo, sendo observada por um par de órbes atentas. Talvez estivesse apenas magoada, mas não podia deixar de se sentir possessa com o fato de Park Eunseo ter mais acesso à vida pessoal de seus filhos que ela própria, e que mesmo Jungkook confiava mais nela que na própria mãe. Sabia que estava numa situação delicada ali, acabando de superar um conflito familiar grave, mas isso não significava que gostaria se manter indiferente quando o pobre Jimin quase perdeu a vida

num acidente de trânsito!

Era um ser humano afinal, possuía empatia como qualquer um! Lhes custariam tanto assim simplesmente mantê-la inteirada da recuperação do rapaz?

— Meu filho, você por acaso sabe de algo mais que... eu não tenha conhecimento? Seu irmão por acaso não está escondendo algo de mim, ou está? — perguntou ela, hesitante. E, pego de surpresa, Junghyun hesitou visivelmente, engasgando em suas palavras. — Aparentemente sim. Mas tudo bem, se não puder contar do que se trata, não vou forçá-lo. — suspirou rendida por fim, voltando a fitar a paisagem litorânea agora fria e opca do outro

lado da vidraça.

— Mas o que levou a senhora à acreditar que o Kookie está... escondendo algo?

— Eu não sei. É só um pressentimento que tive nas últimas vezes em que conversamos, especialmente quando tratávamos sobre o casamento, o que eu se eu pensar bem... era praticamente todo o assunto que tínhamos. Essa... essa fase delicada de reconciliação tem sido mais complicada do que eu esperava, Jungkook é um menino muito sensivel e retraído, ele sempre foi, e isso torna tudo tão mais difícil. Lembro que ele sempre guardou as coisas para si, quando tinha medo de repreensão ou mesmo da minha reação se contasse... e é o que eu sinto que ele está fazendo agora. Eu só não entendo porque ele ainda sentiria a necessidade disso justo agora, e tenho sinceramente medo que seja um caso sério... algo com a saúde por exemplo. Ah! Esse pensamento tem me atormentado à noite.

Gyeoul Seuta Onde histórias criam vida. Descubra agora