"Fetinho"

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 — Se é uma possibilidade, eu posso tentar... abortá-lo?

 A doutora tentou não demonstrar o quão decepcionada ficou com a pergunta.

Claro, não podia julgar Jimin. O jovem estava assustado, vivenciando algo raro na medicina e ainda por cima era uma figura pública, haviam consequências drásticas para todas as suas escolhas. Contudo, era uma verdadeira pena. O caso do garoto era raro, e como tal, seria um milagre se o bebê vingasse, e como médica, ela queria presenciar isto.

 Mas infelizmente o cantor sentia a necessidade se livrar dele.

 Entretanto, mesmo que quisesse, não seria tão fácil assim.

 — Há a possibilidade tanto de o bebê morrer quanto vingar. É diretamente proporcional, entende? Mas tem que deixar seu corpo decidir, se tentar interferir agora pode acabar prejudicando sua saúde. Se algo der errado quando seu organismo tentar eliminar o feto, se a medicação para o abortar der errado, ele pode calcificar dentro de você. Vai virar uma pedra que vai precisar ser removida por meio de cirurgia. Uma cirurgia complicada que precisaria de muito tempo para recuperação. E você não parece dispor assim de tanto tempo, não é, Jimin-ah?

 A Dra. Choi estava sendo parcial, não disse nenhuma mentira claro, entretanto estava sendo visivelmente parcial. Ela queria que a gestação fosse levada até o fim. Mas o garoto estava confuso demais para notar e mais inseguro ainda para procurar outro médico.

 — Então eu tenho que esperar? — o garoto perguntou derrotado.

 — Bem, é o que resta. — lhe ofereceu um sorriso condescendente. — Sei que não quer a criança, está muito óbvio isso. Mas você não tem o dever de criá-lo, sabe que pode sempre contar com o sistema de adoção. Se nascer, é claro.

 Jimin não sentia intimidade alguma com o feto, mas não achou certo desova-lo em algum lugar para este se tornar problema de outra pessoa. Veria como ia lidar com a situação futuramente. Por fim concordou com a cabeça. A médica lhe sorriu condescendente e se pôs de pé.

 — Pode se deitar ali. — apontou para a maca e Jimin concordou mecanicamente se pondo em pé e se dirigindo até a mesma.

 Depois de se ajeitar na cama de ferro estreita, Jimin esperou a médica se preparar e aparecer novamente ao seu lado, lhe instruir a levantar a barra do moletom – única peça que usava em cima - e aplicar o gel gelado que já tinha experimentado antes no baixo abdominal. Sentiu até uma nostalgia. Lembrou-se de quando foi passar por um check up e simplesmente descobriu que estava grávido há quatro semanas.

 — Sua barriga está bastante pequena. — a médica comentou espalhando o liquido sobre sua pele.

 — Isso é ruim?

 — Não sei dizer ainda. Mas é comum na maioria das mulheres.

 Legal, mas eu sou um homem. - pensou amargo consigo mesmo.

 Jimin fechou os olhos e não os abriu em momento algum durante o exame, até a médica afastar o aparelho da sua barriga e lhe entregar lenços para secar a pele. Jimin ia sentar-se quando a médica o deteve.

 — Não, não! Só mais uma coisinha.

 — Ok. — voltou a deitar-se e cogitou a ideia de tirar um cochilo enquanto esperava.

 Para sua surpresa ela se afastou novamente e voltou com uma outra aparelhagem estranha, colocou uma espécie de disco de metal sobre sua barriga e ligou-o ao computador. De repente um som baixo e ritmado começou a sair das caixas de som.

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