O general apaixonado ( Finalizado)

Capítulo 2: Operação pedido de desculpas

  E os piores temores de Cyno se realizaram. Já no dia seguinte,  o espetáculo de Nilou foi cancelado por todos pensarem que tinha quebrado alguma lei da Akademya, pois se o general Mahamatra estava presente no Grande Baazar, era porque estava em investigação, e se ele estava investigando, com certeza tinha algo errado acontecendo. 

  Sim, o povo de Sumeru não conseguia conceber a ideia de que ele tinha direito a um dia de folga, muito menos a um tempinho dedicado a lazer.

  Como não havia nada que ele pudesse fazer para mudar a opinião popular - pelo menos não no período de uma tarde- resolveu que não valia a pena se desgastar com isso, e se focou em seu trabalho. Diariamente chegavam até ele por volta de uns 1.000 relatórios de investigações, aos quais ele tinha que ler, checar os procedimentos, e por ultimo os carimbar e assinar as sentenças. Ele tinha assistentes? Sim, mas mesmo assim o número de documentos que precisavam de sua atenção não diminuíam nunca.

  Esse volume de trabalho por si só já era exaustivo, por sorte sua presença em uma investigação só era necessária quando havia uma ameaça séria à segurança pública. Ou quando um suspeito conseguia esquivar de todos os esquadrões dos matras por mais de um ano.

  Na situação embaraçosa em que se encontrava, Cyno ficou até que feliz de receber uma ordem para capturar um fugitivo no deserto. Se ele enrolasse bem, conseguiria passar umas três semanas nessa missão, e quando voltasse as pessoas estariam ocupadas com a próxima grande fofoca- que provavelmente seria uma das brigas lendárias de Al Haitham com Kaveh, ou a Arconte Dentro aparecendo para fazer algo incompreensível na frente da população. Com o povo ocupado com esse novo assunto, ele poderia achar uma maneira de se encontrar com Nilou para devolver os Aranaras de pelúcia, e de pedir desculpas por ter arruinado seu espetáculo.

  Da cidade de Sumeru até a tumba do rei Deshret ele caminhou distraído, pensando sem parar na dança de Nilou. Ela não saia de seus pensamentos em nenhum momento, os movimentos graciosos dela o encantaram, junto com a voz gentil, e o olhar cativante... aí nesse momento ele se lembrava da expressão de horror que ela fez ao vê-lo e seus pensamentos ficavam mais sombrios.

  Se ele tinha desistido de mudar a opinião popular sobre ele, não queria desistir de tentar mudar a opinião dela! Tinha que ter um jeito! Depois de capturar o fugitivo iria conversar com Candace, ela era uma mulher muito sábia, devia ter bons concelhos para ele.

  Encontrar o fugitivo foi tão fácil quanto ele havia previsto, capturá-lo foi igualmente fácil, só havia um problema nisso tudo: estava tão acostumado em ser a própria definição de eficiência, que já tinha resolvido tudo em apenas uma semana. Ele tinha se programado de ficar três semanas fora! Não tinha outra opção além de improvisar. Olhou para a pirâmide a sua frente e resolveu entrar com o fugitivo lá.

  Há pelo menos um milênio que o lugar estava lacrado, muitos acadêmicos brilhantes foram levados a loucura por não conseguirem desvendar o funcionamento dos mecanismos que ativavam a porta de entrada. Mas eis que a porta estava lá não só aberta como escancarada. Uma lembrança veio a sua mente: Lumine e Paimon contando, entre uma mordida e outra em seus pratos de frango biryani, que tinham trabalhado com uma equipe arqueológica, e juntos tinham aberto as portas de todas as ruinas espalhadas pelo deserto. No momento que elas contavam isso, Cyno achou que estavam contando vantagem e não deu muita atenção.

  Só que agora via a prova irrefutável que as amigas eram muito mais incríveis do que ele achava que eram. Ele foi exatamente o que mais detestava: um acadêmico arrogante! Agora para se redimir de seu erro seria obrigado a verificar o trabalho que a outra tinha feito nas ruínas, e quando a encontrasse iria parabenizá-la pelo feito histórico. Mesmo que seu treinamento na Akademya o fizesse detestar as ações dos Aventureiros - ele não mediam consequências na hora de fuçar em artefatos ancestrais, só  se preocupando em encontrar tesouros valiosos- eles costumavam  ter um conhecimento prático inigualável na hora de explorar lugares como as ruínas do deserto em questão.