O general apaixonado ( Finalizado)

Capítulo 9: Grandes descontos, grandes batalhas

  Cyno e Nilou entraram no galpão onde a Matra fazia seu leilão anual de objetos inofensivos, os quais eram apreendidos em suas missões rotineiras - já os objetos considerados nocivos eram destruídos imediatamente. Toda a busca e apreensão resultava numa série de numerosos objetos completamente aleatórios apreendidos juntos de contrabandos e experimentos malucos. Os próprios casos de contrabando costumavam ser de carga inofensiva, mais como um meio de evitar impostos de importação do que para coisas perigosas. 

  Ao contrário do que a população pensava, casos que envolviam coisas perigosas eram extremamente raros, e costumavam ser transferidos para o próprio general Mahamatra investigar. Assim o departamento de estoques da Matra vivia abarrotado de coisas, e como era proibido que os membros da instituição pegassem os objetos estocados nos depósitos, era necessário fazer um grande leilão anual para se livrar de tudo. Como o objetivo nunca foi ganhar dinheiro com isso, todos os lotes começavam com um preço simbólico, o que atraia todo tipo de gente em busca de coisas baratas.

  E o dinheiro ganho, ia para onde? Fácil, por lei todo o dinheiro  arrecadado era transferido para um fundo que financiava bolsas de estudo por toda Sumeru.

  Cyno revisava mentalmente tudo o que sabia da extensa história do leilão, mas nada o ajudava a responder sua curiosidade: O que o teatro Zubayr queria dali? Um lote de madeira para construir um palco novo? Não, não podia ser isso, estivera lá no dia anterior e era nítido que o palco era novo, chegava até a reluzir. Não conseguindo mais controlar sua curiosidade, teve que perguntar à Nilou assim que chegaram num lugar para se sentarem - o que foi fácil de achar pois assim que as pessoas notaram ele olhando para uma fileira, já se levantaram e deixaram as cadeiras vazia, era muito irritante, mas muito útil.

  - Nilou, o que exatamente você veio comprar?

  - Tecidos brilhantes, joias de vidro, garrafas vazias, e o mais importante de tudo: o lote de glitter!

  Tudo o que foi mencionado - sem exceção- parecia meio inútil, menos o glitter, ele nem conseguia cogitar o que seria aquilo, mas por estar no meio daquele conjunto de coisas tão específico, acabou concluindo que também seria algo... banal?

  - O que é glitter?

  - É um pó muuuuuitooo brilhante, que gruda nas coisas e digamos que não sai mais, quantas vezes você lavar, sairá mais e mais pó brilhante.

  - Me perdoe mas estou falhando em ver a utilidade dessas coisas. Sei que são importantes porque o dono do teatro te incumbiu da tarefa de compra-las, só que tenho um conhecimento praticamente nulo do mundo artístico.

  Nilou sorriu para ele antes de começar sua explicação.

  - Puxa, nunca pensei que iria explicar qualquer coisa para alguém da Akademya, mas você está certo são mundos diferentes, e coisas que para mim são obvias para você são um completo mistério, e vice-versa. Bom, lembra que você disse que gostava de investigações porque eram como quebra-cabeças para solucionar?

  - Sim.

  - No teatro nós também fazemos isso, só que nosso quebra-cabeças é : como fazer dar vida a um mundo mágico com objetos do dia-a-dia. Nós mesmo que montamos nossos cenários e figurinos, tudo isso a partir de coisas que encontramos por aí, tipo, não seria viável comprar espadas de verdade para uma peça sobre guerra, ou joias reais. O que precisamos é fazer com que coisas normais pareçam de longe como coisas sofisticadas. A joia de vidro com a iluminação e distância certa, não é diferente de uma real .

  Agora tudo fazia sentido! Realmente seria impossível montar  até mesmo a peça mais simples, se o teatro tivesse que adquirir tudo original. Isso se tornava ainda mais impossível quando a peça se tratava de uma lenda, como iriam conseguir o trono do Rei Deshret caso precisassem?