Capítulo 6: Promessas de futuro

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  Com seus reflexos aguçados pelo espírito de lobo e por seus anos de batalham Cyno conseguiu tirar Nilou da taverna, sem que ela tivesse sido atingida por algum dos objetos atirados contra eles. Já ele estava todo sujo de comida, arak, e terra -  em algum momento da noite, algum imbecíl jogou um vazo com uma planta na parede- fora isso não sofreu nenhum tipo de dano físico.

  E o ponto chave foi esse: físico.

  Emocionalmente ele estava abalado. Ele só queria uma única coisa, um jantar tranquilo, só que aparentemente era pedir muito.

  Acompanhou Nilou até a casa dela em silêncio, não sabia como começar a se desculpar pelo ocorrido. Por sua vez ela também caminhava quieta, olhando fixamente o chão. Não era tão tarde a ponto das ruas estarem vazias, então foram vistos por vários grupos de pessoas durante o trajeto todo. O que o povo falaria no dia seguinte? Se bem que na verdade, não estavam pensando nisso, sua única preocupação era a reação da dançarina.

   Quando chegaram na casa dela, Nilou finalmente olhou para ele, sorriu, e estendeu sua mão para tocar na franja solta dele, chocado ele só conseguiu olhar para ela, enquanto a dançarina mexia no seu cabelo, e tirava uma folha de alface que estava presa nele.

  - Foi um desastre né? Mas veja, o sol sempre volta a nascer. Então sempre podemos tentar mais uma vez. Estou um pouco cansada e já vou dormir, mas espero você aqui no Bazar amanhã hein! Não se esqueça de seu promessa: uma piada por dia, todos os dias.

  - Não sei se mereço tanta bondade, mas agarrarei essa segunda chance.

  - Segunda chance? Cyno, olha nos meus olhos, isso. Nada do que aconteceu hoje foi culpa sua!

  - Eu sou o general Mahama...

  - Nem a própria Arconte conseguiria ter impedido toda a confusão que aconteceu, brigas em tavernas são quase como catástrofes da natureza, imprevisíveis e incontroláveis. Não ponha esse peso em seus ombros.

  -Eu sei, mas...

  Nilou colocou o indicador dela sobre os lábios dele, num sinal para que ele parece de falar, o que o calou instantaneamente, surpreso pelo toque tão repentino e tão gentil. Em seguida ela se aproximou ainda mais dele, ficou na ponta dos pés, e beijou sua bochecha. Ficou em choque por alguns segundos, apenas sentindo a textura dos lábios quentes dela em sua pele. Não conseguia mover um músculo sequer - menos o coração, o qual estava batendo mais rápido - e só conseguiu observar silenciosamente enquanto ela abria a porta da casa dela.

  Daí se virou piscando um olho para ele e dizendo:

  - Estou ansiosa para a piada de amanhã.

  Em sua mente, seria mais fácil presenciar um milagre concedido pela Arconte Dentro do que a dançarina querer vê-lo novamente. Quase não conseguia acreditar que ela estava ansiosa pela piada do dia seguinte! Seu coração batia ainda mais forte, tão forte que até conseguia ouvi-lo. As memórias tão recentes de todo aquele contato físico inesperado tomava conta de sua mente. Ainda sentia o toque dos lábios dela em queimando a pele de suas bochechas. Uma parte de si queria mais, queria beijá-la.

  O mundo inteiro pareceu desaparecer, só restando a beleza daquele momento mágico!

  Só que por mais encanto que seu momento mágico lhe oferecesse, a realidade não deixava de existir, mostrando sua soberania para ele logo que chegou na frente de sua casa. Lá estava um Kaveh bêbado aparentemente o esperando, não queria destruir seu fim de noite mágico sendo obrigado a falar com ele, mas o outro tinha visto ele e sem perder tempo se aproximou, o que impossibilitou que escapasse de uma conversa.

O general apaixonado ( Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora