6 - NATIVITY IN DARK

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17 de junho de 2050, 15:19pm. Dentro de uma van, Hollowpointtown.

Morganna viu sua posição totalmente comprometida, sentia uma tremenda dor nas costas que não estava se curando como deveria, novamente, teria que esperar mais até suas costelas voltarem ao lugar. Um carro semi-autônomo com carcaça de titânio digitalizado realmente fazem um estrago nas pessoas. Se viu sentada no banco de trás de um veículo grande escuro com mais duas pessoas à sua frente e mais duas nos bancos da frente. Sua idade estava a alcançando, sua magia não estava se recuperando. Houve uma época que do dia para noite, Morganna conseguiria se energizar de volta e suportar mais tiros depois, agora, passou-se uma semana, e ela não conseguia magia o suficiente nem para estancar a dor terrível que estava sentindo. Não chorava apenas porque seus dutos lacrimais foram destruídos com os tempos violentos e com as cirurgias para recuperar seus olhos. Mas ainda gemia da tremenda dor que sentia sob seus ombros.

- Tá ficando velha, mulher? -
Uma voz feminina sob uma máscara de cavalo falava com ela, uma voz de uma mulher carregando um fuzil AK-47 em mãos, de trajes velhos militares, marca mais comum desse grupo, e com uma bolinha anti-estresse silenciosa na mão direita. Morganna ficou um pouco confusa, mas logo começou à se reestabelecer.
- ... oi? -
- Tá ficando velha? -
- ... éh... um pouco... ... como sabe? -
- O cabelo louro. Minha mãe fez isso quando não conseguia mais tingir o cabelo de preto com magia para esconder o cabelo grisalho. -
- ... ... droga. Éh, eu realmente... acabei com minhas forças. -
- Bem, respirou? Tá de leve? -
- ... tô... ... sempre. -
- Legal. Para a porra da van! -
*PNEU CANTA*
*ENGATILHADAS!*
- AHHGH!!! -

A van parou de repente, e com a inércia Morganna fora jogada contra os dois mafiosos ARQs à sua frente, esses que puxaram seus fuzis AK-47, engatilharam e enfiaram em seu rosto, dois canos na testa dela.
- Tá legal! Que ideia é essa?! A GENTE...!! -
- Cala a boca! O que que aconteceu lá? -
- ... eu não esperava isso. Ela me surpreendeu... -
- Acha que ela estava atrás de Murdock também? -
- Sei lá. -
- ACHA?! -
- EU SEI LÁ!!! -
- ... ... .... ... tá... ... ainda dá tempo de pegar o trouxa antes de dar ruim pra nós. -
- Sei... ugh. -

Eles tiram as armas de sua testa, e empurram Morganna de volta para seu banco. A van seguiu seu rumo. Agora, Morganna pôde sentir de perto como era estar morta enfim. Nada de tortura, psicologia ou qualquer coisa como brigas de rua valendo a vida e os bagos. Uma bala, uma bala de verdade no crânio. Há grandes manipuladores de magia que conseguem sobreviver à tiros ou golpes fatais na cabeça... e Morganna não é um deles. Olhava para os pés e imaginava o pior de si mesma... algo muito, muito ruim a aguardava, talvez o inferno? Talvez o abismo da existência e a eterna tortura da violência? Uma vez se imaginara nos confins de Zauta'nèt, sendo usada de boneca inflável pelo grandioso e temido Demônio ABYZZ enquanto servia como espírito de ódio, vagando pela história mundial, deixando os Berserkers com extremo tesão pela guerra e os romanos cada vez mais doentes e impotentes. Imagens foscas viajavam por sua mente, a velhice estava a chamando para o caminho das ilhas da desesperança, onde o sol não leva 12 horas para surgir... leva a eternidade e tudo que ela trás.

Cutucava sua nuca enquanto esperava a sua hora chegar. Não esperava que fossem ser tão baixos. Ainda lembra das várias noites que levou para se recuperar, e das várias sonecas diurnas que teve enquanto seu fator de cura se reestruturava. Os ARQs eram os piores, corruptos de esquerda, que se beneficiam de guerras de países pobres e sindicatos que querem tomar os poderes políticos, tudo isso para sustentar o segundo maior cartel de drogas, prostituição, armas e carne humana do mundo... o primeiro é dos MettaPorts. Eles eram os piores, mas é o que dizem... "o inimigo do meu inimigo também é meu inimigo", seguido de "serei inimigo do inimigo do meu inimigo enquanto inimigo meu ele for", seguido também de "enquanto inimigo do meu inimigo for mais do que eu, inimigo meu não será". Ou coisas parecidas. Fato era que Morganna reconhecia que estava numa situação tão deprimente quanto acionista de empresa em último lugar dos rankings regionais.

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