WOMEN IMAGINE

𝖠𝗅𝖾𝗑 𝖣𝖺𝗇𝗏𝖾𝗋𝗌 | 𝖲𝗎𝗉𝖾𝗋𝗀𝗂𝗋𝗅

De todos os profissionais que trabalhavam na DEO, você era uma das poucas pessoas a ter coragem de encarar a Diretora Danvers. Você era meio que "marcada" pela ruiva, sempre sendo cobrada até o limite nas lutas, somente parando de treinar quando não conseguia mais respirar. E hoje não poderia ser diferente. As duas estavam lutando na sala de treinamento, mas você estava perdendo, havia trabalhado até tarde no dia anterior e não conseguia se concentrar no treino nem no que ela dizia.

— Vamos, você sabe que é melhor do que isso. — Alex disse, arrumando a postura enquanto você recuperava o ar.

Você respirou fundo e ajeitou a postura também, estava cansada, seu olhar demonstrava isso, mas não queria parar, não queria demonstrar fraqueza para sua superior. Tudo o que queria era mostrar que tinha força o suficiente para o que viesse e impressionar Alex. Você realmente gostava da ruiva e não queria desapontá-la. Por mais que Alex fosse rígida com você, o sentimento que sentia por ela era implacável.

Você saiu de seus pensamentos quando levou uma rasteira e caiu de costas no chão, sentindo o braço de Alex ser posicionado em seu pescoço, sinalizando que ela havia ganhado outra vez. Seus rostos estavam mais próximos que o necessário, fazendo você sentir a respiração quente batendo na sua pele. Por uma fração de segundo, você jurou que viu os olhos dela baixarem para sua boca, mas no outro segundo ela já havia se levantado e ficado de pé. Você suspirou, se sentando e colocando os cotovelos nos joelhos, os dedos das mãos se enfiando em seus fios de cabelo.

— O que está acontecendo com você? — O tom de Alex soou mais suave de tudo que você já escutou. —Eu já lutei com você diversas outras vezes, você conseguiu ganhar de mim diversas outras vezes. — Sua cabeça continuou baixa, o silencio se tornando pesado. — Se estiver acontecendo alguma coisa...

— Eu tô cansada, só isso. — Sua voz cortou o ar, mas, ainda sim, seus olhos não chegaram em Alex.

— Eu não sei se acredito nisso. — Alex se abaixou para ficar na mesma altura do seu rosto e tentar chamar sua atenção.

— Acredite ou não no que você quiser. — Alex suspirou, se sentando e colocando uma das mãos no seu joelho.

— Me conta o que está passando por essa sua cabecinha. — Por um momento, você achou que aquilo era sua imaginação tramando peças na sua cabeça. Alex nunca agiu dessa forma, tão preocupada e protetora. Pelo menos não com você.

— Por que você me cobra tanto? — Sua pergunta soou em um tom cansado, e seus olhos finalmente alcançaram os dela.

— Eu apenas quero que você melhore cada vez mais. — Sua expressão se tornou impassível, o olhar, antes cansando, endureceu.

— Eu venho tentando melhorar todos os dias, mas, aparentemente, nunca é o bastante pra você, não é? — Seu punho se fechou, por não conseguir sentir raiva dela, muito menos quando a mão dela ainda estava quente em seu joelho sob o tecido da calça. — Eu treinei com a Kara ontem até cair no chão de dor, só para tentar mostrar para você que eu estou melhor. Pra tentar impressionar você. — Seus dedos passaram pelos seus fios de cabelo enquanto você suspirava. — Eu tentei impressionar você durante todo esse tempo, tentado melhorar pra você. Então, eu sinto muito, Alex, se eu não consegui fazer isso hoje. Eu sinto muito se eu estou cansada demais pra conseguir lutar com você. Eu sinto muito se eu não consigo ser o suficiente pra você. E eu sinto muito por não conseguir controlar o que eu sinto por você, por não conseguir sentir raiva de você mesmo quando me cobra até o limite, por você ser tão atraente com essa sua skin de Diretora mandona, que sabe que todo mundo vai obedecer a qualquer ordem sua. — Você olhou pra cima com um sorriso irônico no rosto. Parte sua se sentia aliviada por ter colocado tudo pra fora. Já a outra parte não conseguia nem olhar para Alex. — Então, era isso que queria ouvir? Foi o bastante pra você?

Alex permaneceu com os olhos penetrados no seu rosto, a boca entreaberta, completamente imóvel. Ela tinha coisas a dizer, mas não conseguia formular uma única frase coerente pelo estado de choque e por todos os pensamentos que rodavam sua cabeça. 

— Eu não queria... — Alex não finalizou a frase, então você se levantou para sair da sala de treinamento, não conseguiria mais passar um minuto perto dela depois de ter falado tudo aquilo.

— Acho melhor você encontrar alguém melhor pra ficar no meu lugar. — Você disse, o aperto no peito apenas ficando mais forte. Seus passos ficaram próximos a porta, mas uma mão firme agarrou seu braço antes que você pudesse sair.

— Me desculpa, e eu sinto muito, meu amor. — Um dos braços de Alex passou pela sua cintura, o outro rodeou seus ombros em um abraço apertado e muito, mas muito, reconfortante. A mão dela fez um carinho leve em seu cabelo, tentando passar o conforto que as palavras dela não iriam conseguir. Você apenas se segurou nela e deixou com que aquela abraço te fizesse esquecer de tudo. — Eu não vou mais te cobrar desse jeito, não vou te sobrecarregar, eu prometo. — Alex levou os lábios à sua testa, deixando alguns beijinhos. — E se você precisar de alguma coisa, qualquer coisa, fala comigo. Eu vou sempre estar aqui pra você.

Ela levou a mão até sua bochecha, o polegar traçando a maçã do seu rosto suavemente. Os olhos dela brilhavam e a boca curvava em um pequeno sorriso. Você nunca havia visto ela daquela forma, te olhando daquele jeito, te tocando daquele jeito. Foi a primeira vez que você a viu tão... vulnerável. 

— Eu não te sobrecarrego tanto assim porque você não é suficiente. — As sobrancelhas de Alex se juntaram levemente e você percebeu os olhos dela vagando pelos traços do seu rosto. — Quando eu digo que quero que você melhore, eu quero dizer melhor do que eu. — Seus olhos se arregalaram, procurando freneticamente por algum sinal de brincadeira.

— O quê?

— Eu quero que, um dia, seja você no meu cargo. Eu sei o potencial que você tem, sei de todas as suas habilidades. Você pensa que a Kara não me conta que também pede pra lutar com ela pra aperfeiçoar ainda mais os seus movimentos pra quando vier treinar comigo? — Suas bochechas ficaram quentes ao escutar aquilo. Kara também deveria ter percebido seus sentimentos por Alex. — Você é dedicada no que faz, você é esforçada, e merece mais do que ninguém ocupar o meu lugar algum dia. E eu não falo isso porque também sinto algo por você ou porque talvez, só talvez, você seja a minha favorita. Falo isso porque você merece mesmo. De verdade. — Seu coração acelerou ainda mais com aquelas palavras.

— Caralho, é muita informação pra processar. — Você soltou o ar que estava preso na garganta, notando que ainda estava envolta dos braços da sua mentora. — Puta que pariu.

— Estou perdoada agora? — Alex tinha um sorriso no rosto, achando graça da sua reação. Você estreitou os olhos para ela.

— Tem mais uma coisa que você tem que fazer. — Você quase pareceu ver as engrenagens girando na cabeça de Alex enquanto ela se tocava do que você estava dizendo. A Diretora balançou a cabeça ainda sorrindo.

— Idiota. — Ela revirou os olhos, mas mesmo assim juntou a boca com a sua.

Você não tinha certeza exatamente de que uma relação entre mentora e aprendiz era legítimo, mas estava com a cabeça ocupada demais naquele momento para pensar nessa parte. Parecia que fogos de artifício estavam sendo soltados dentro de seu estômago. Seu peito explodia de emoções e sentimentos sendo finalmente retribuídos. E sua cabeça era o único lugar vazio, onde não passava nada, apenas os lábios de Alex nos seus.

— Agora eu estou perdoada, Vossa Majestade? — Danvers perguntou no momento em que se afastou, o peito ainda subindo e descendo irregularmente. Você soltou um sorriso genuíno.

— Tem só mais uma coisinha... — Sua mão desceu pelo braço da mais velha, pegando a dela e dando um leve aperto. — Acho que você também deve saber que eu treino meus reflexos com a Kara, né? — Em um milésimo de segundo, você dobrou o braço dela, fazendo Alex se virar com o braço nas costas. Seu outro braço foi parar no pescoço dela, deixando ela imóvel. — Agora eu te perdoo, Danvers. — Você disse perto do ouvido dela, escutando sua risada ofegante.