𝖠𝗉𝗋𝗂𝗅 𝖪𝖾𝗉𝗇𝖾𝗋 | 𝖦𝗋𝖾𝗒'𝗌 𝖠𝗇𝖺𝗍𝗈𝗆𝗒

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Eram quase duas da manhã e eu ainda não havia conseguido achar uma solução para retirar o tumor no cérebro de uma paciente, sem correr o risco de a matar ou deixar sequelas permanentes. Meu corpo implorava por um pouco de descanso. Minha cabeça nem funcionava para pensar mais. Eu me sentia frustrada por saber que havia uma parcela de chance de não conseguir salvar aquela garota.

Meus olhos estavam tão presos na tela do meu computador que não percebi quando April chegou na sala, apenas notei sua figura sentando ao meu lado no sofá. Seu rosto estava sonolento e os olhos meio baixos.

- Que horas você vem dormir? - A voz dela saiu rouca. Por um instante, achei ela a pessoa mais graciosa do mundo.

- Eu não sei, meu bem. As engrenagens da minha cabeça estão começando a falhar, e eu não vou conseguir descansar até eu achar uma solução pra isso. - Soltei um suspiro pesado, passando as mãos pelo rosto em busca de expulsar o sono.

- Então vem dormir um pouquinho, amanhã você vai estar melhor pra pensar nisso. Você sempre consegue resolver seus casos. Não vai ser diferente dessa vez. - April pegou na minha mão, tentando me passar conforto. Neguei com a cabeça. - Olha pra mim. - Desviei meu olhar do computador para ela.

Nós duas estávamos exaustas e apenas queríamos descansar. Contudo, April nunca consegue dormir sem mim, e eu precisava resolver o caso da minha paciente, mesmo tendo uma chance muito alta de não conseguir naquela hora pelo cansaço que me consumia. Ainda não queria me dar por vencida.

- Você já fez diversas outras cirurgias mais complicadas do que essa, e mesmo assim conseguiu deixar o paciente vivo. - Abri um pequeno sorriso com as palavras dela. - É apenas uma questão de tempo e descanso, meu bem.

Decidi colocar o computador de lado e abri os braços para que April sentasse no meu colo, apoiando a cabeça no meu ombro. Abracei sua cintura com um dos braços, fazendo um leve carinho no cabelo dela com a outra mão. Em poucos minutos, senti a respiração dela mais calma no meu pescoço enquanto ela ressonava levemente em meus braços. Mesmo atolada de trabalho, eu sabia que ainda tinha April para ficar comigo em qualquer momento, e eu era muito feliz com esse sentimento.

Quando percebi que meus olhos não aguentavam mais ficar abertos por muito tempo, me levantei do sofá com a ruiva em meus braços, deixando o computador na mesinha de centro da sala e subindo as escadas em direção ao quarto. Deitei ela na cama primeiro, dando a volta e me cobrindo ao lado dela. Senti um dos braços de April rodear minha cintura, sua cabeça se aconchegando em meu peito.

- Te amo. - Ela falou baixinho.

- Eu também te amo. - Sussurrei de volta, deixando um beijo em sua cabeça.

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