17.1;

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Eu acordo na manhã seguinte em sobressalto, afinal, parecia que eu havia dormido por muito mais tempo do que deveria por isso eu procuro o relógio assim que consigo abrir meus olhos.

06:27.

A chuva da noite passada havia se estendido e pelo jeito Tóquio toda ficaria caos nojento pelos próximos dias. Ao menos a tempestade havia passado e não se via mais sinal de raios ou relâmpagos.

Me faz abraçar minhas próprias pernas com preguiça e apenas quando pouso a bochecha sobre o joelho é que percebo: estou nua, mas o quarto está impecável. Como se nunca tivéssemos atirado nossas roupas pelos cantos, ou chegado ao ápice tantas vezes ao ponto de não deixarmos um travesseiro sequer sobre a cama.

Então... Eu estava sonhando? Sasuke ainda não havia chegado?

Afasto o lençol em que me enrolava e me visto com o robe, amarrando-o em minha cintura.

Abro as cortinas para ver a chuva deixar o céu cinza e isso me faz suspirar. O clima no hospital sempre conseguia piorar em 100% quando chove assim, abundantemente. Troco os lençóis da cama, dobro os cobertores, deixo-a arrumada e pego o corredor para o banheiro.

Lavo meu rosto, escovo os dentes. E penso se deveria ou não cobrir tantas olheiras. Ter a pele tão clara assim podia até causar um falatório desnecessário ─ como já me ocorreu outras vezes ─, nem todos entendem os motivos de uma pele pálida assim ter olheiras roxas e não escuras.

Suspiro, decidindo cobri-las mais tarde e tomo novamente o corredor, indo à cozinha.

É imediata a forma em que reprimo meus lábios, engolindo meu suspiro surpreso e satisfeito ao vê-lo. Os olhos escuros extremamente focados na tela do seu notebook, uma pilha de papéis sob seu antebraço esquerdo, uma caneca com café e aquele rádio comunicador que eu odeio.

─ Bom dia, Sakura ─ sim, meu corpo idiota tremelica sutilmente quando o silêncio é interrompido por sua voz gostosa.

Sequer consigo controlar minhas bochechas que ardem e se expandem quando sorrio, aproximando-me mesmo que aqueles olhos extraordinários não tenham saído nem por um instante do seu trabalho.

─ Bom dia, Sasuke-kun ─ agora ele me olha, percebo que o faz no instante em que pronuncio seu nome.

Estava com saudades disso.

Acordar e tê-lo em casa. Mesmo que me irrite esse foco desmedido que ele tem em seus relatórios e investigações.

─ O café ainda está quente ─ o ouço dizer, mesmo que eu já estivesse achado meu caminho até as canecas.

Sirvo meu café e é estranho admitir, mas me incomoda não sentir seus olhos sobre mim.

Ele estava me ignorando ou apenas focado demais? Eu não estava mais atraente? Talvez deveria ter penteado o cabelo. Mas poxa, isso nunca foi um problema pra ele antes. Sim, é isso, Sasuke-kun não tinha mais atração por mim.

Essa triste dedução me dá um bico involuntário, que cai a minha feição e me faz suspirar frustrada, até esqueço de mexer o açúcar no café.

─ Estou ouvindo daqui ─ corpo idiotaaa! simplesmente tremelica de novo ao captar o som da sua voz.

Com sua fala, não tenho coragem de me virar agora. E ele continua:

─ Estou ouvindo seu pensamento daqui ─ merda! me faz sorrir, balançando a cabeça levianamente. ─ E também estou vendo sua bunda bonita no reflexo do notebook.

Meu rosto e colo ardem violentamente, preciso engolir o soluço tremendamente envergonhado. Me viro como um robô para ele, o odiando mais do que tudo agora.

Os dias perdidos - SasusakuOnde histórias criam vida. Descubra agora