unexpected. ⁕ carlos sainz

talvez seja a hora...

Amelia nunca foi uma criança com grandes dificuldades adaptativas. Muito raramente ela se queixava ou reclamava de algo, até mesmo enquanto era bebê. As chances de deixá-la estressada com o novo e diferente eram muito baixas e à medida que o tempo passava, essa era uma questão mais viva sob observação de sua mãe.

Elena tinha plena certeza do que pedira a Carlos quando decidiram seguir juntos com a gravidez. Sabia que estava impondo ali um grande limite na interação do pai da sua filha com a rotina que ela teria e, pelos primeiros meses e até o fim do segundo ano, se ateve àquela decisão. Mas recentemente, a possibilidade de ter menos rigidez quanto ao pedido parecia cada vez mais próxima de se tornar realidade.

O clima na Holanda era bom, a menininha loira usava chapéus que não suas toucas costumeiras para viagens. As Morales caminhavam pelas ruas próximas ao hotel em que estavam hospedadas juntamente com Carlos e sua família numa promessa séria que Amelia fizera. Se comportaria direitinho depois de darem uma volta porque ela só precisava gastar alguma energia. O que não deixava de ser verdade, por mais que fosse criança relativamente fácil de lidar e com a qual Elena não costumava ter problemas, dias de viagem eram longos e enfadonhos até mesmo para adultos, então ela não criticaria sua filha por ficar entediada.

A pequena caminhava aos pulinhos enquanto se divertia com uma música do desenho preferido e catava flores bonitas onde quer que as encontrasse. Elena a seguia de perto, no meio de uma ligação a respeito do trabalho, utilizando um dos fones sem fio para conseguir dividir sua atenção em maior quantidade para a própria cria. Era a véspera do aniversário de Carlos e as duas tinham chegado na cidade para comemorar os vinte e oito anos do piloto, já que a data fora espremida por duas corridas seguidas.

Muito raramente a morena se juntava a momentos em que somente a família nuclear do espanhol estava presente, mas ele mesmo a ligara para estender o convite para além da filha que tinham juntos, garantindo que ela precisava sair daquela maré de desânimo somente pela traição, estava na hora de seguir em frente e uma viagem era boa o suficiente para fazê-la despertar de toda aquela inércia. Elena limitou-se a revirar os olhos, soltando um riso nasalado que contagiou Carlos para sorrir também.

E justamente pensando em garantir que estariam prontas na hora certa, Elena carinhosamente pegou a filha nos braços para que atravessassem a rua de volta ao hotel. Aquela primeira comemoração seria um momento somente familiar, mas mesmo assim Morales fizera questão de trazer uma das roupinhas mais bonitas de Amelia — que adorava se vestir bem tanto quanto a própria mãe. Consequentemente, era importante lembrar que Carlos se preocupava aos montes em agradá-la com as roupas que quisesse.

Assim que entraram no lugar, a mais velha identificou o cabelo grande e brilhoso de longe, parado próximo à bancada da recepção. Ele conversava com o pai sobre alguma coisa e o Sainz mais velho foi quem primeiro reparou na chegada das duas meninas, alargando o sorriso que tinha nos lábios enquanto se abaixava o suficiente para pegar a neta nos braços. Amelia correu em sua direção no segundo em que o viu, soltando-se da mãe o mais rápido que pôde.

Elena e Carlos trocaram um olhar de cumplicidade enquanto pensavam sobre a facilidade que era perder a batalha para os avós. A madrilena chegou perto e o abraçou de lado, dando um beijo carinhoso em sua bochecha e ganhando um outro em retorno. Permaneceram no abraço enquanto abuelo Carlos prometia para sua garotinha os melhores doces de toda a Europa e alguns passeios pelos parques de diversão da Holanda. Tudo que ela quisesse, qualquer coisa.

Elena conversou por alguns minutos com o avô da filha enquanto Carlos brincava com a menina que roubara dos braços do pai em algum momento. Eles haviam chegado há pouco e também planejavam subir para se arrumar, então caminharam juntos até o elevador. Carlos e Amelia demoraram um pouco mais porque correram por alguns segundos pelo lobby, com o pai jogando-a para cima algumas vezes que a pegava. Morales riu de dentro do elevador, chamando-os e Carlos Sr. somente sorriu assistindo o jeito como a morena parecia feliz de ver os outros dois juntos. E ela de fato estava.