"prometo."

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Não era novidade que, vez ou outra, Carlos se perdia nas próprias decisões e ideias. Com a corrida de Monza, ele se ocupara o suficiente para esquecer-se dos planos que tinha de volta a Madri. Seus amigos de longa data viriam para a cidade e o piloto tinha marcado um jantar a ser sediado na própria casa há tanto tempo que com dois ou três dias de antecedência, quando os rapazes animaram o grupo numa das redes sociais, o espanhol assustou-se com a proximidade e não soube o que fazer, que não fosse ligar para Elena, pedindo por socorro.

A madrilena só pôde retornar a ligação horas mais tarde, quando saiu de uma longa reunião que tratava da burocracia de assumir Carlos Sainz como um cliente e enquanto o toque de chamada soava em seu ouvido, ela riu, ao ouvir a campainha e ter a sutil sensação de saber quem veria quando abrisse a porta. O cabelo meio bagunçado do mais alto, lhe evidenciou o que ela esperava e rapidamente se desfez do telefone, desligando no mesmo instante em que o piloto sacava o próprio aparelho do bolso.

"Bem, você definitivamente foi mais rápido que eu..." Ela iniciou, abrindo espaço para que ele entrasse. Carlos rapidamente enfiou-se na sala de estar da morena, lhe dando um beijo carinhoso na bochecha, pegando Elena meio de surpresa. "Está tudo bem, Charlie?" Franziu o cenho por vê-lo tão esbaforido de repente. Sabia que Monza não tinha sido um episódio perfeito, mas já tinham conversado sobre o assunto enquanto ele ainda estava voando de volta à Espanha e lhe pareceu, relativamente, bem. Ainda mais porque sua corrida, individualmente, havia sido sensacional.

"Sim, sim... desculpe, eu fiquei meio preocupado com o tempo e acabei decidindo vir sem avisar para tentar adiantar as coisas." Explicou-se, passando a mão direita pelos cabelos grandes. O espanhol precisava de cortes de cabelo bem constantes para garantir que não lhe escapassem fios pelas laterais dos bonés, mas Elena precisava confessar que adorava quando ele voltava com o cabelo assim tão comprido. "Marquei um jantar em casa, com alguns amigos... esqueci completamente e já é amanhã à noite. Nem sei por onde começar a procurar coisas." Admitiu, mordendo o lábio inferior com certa brutalidade, como costumava fazer. Os olhos cheios de pedidos para a mãe de sua filha, pedidos estes que ele ainda nem havia feito verbalmente, mas que ela já sabia bem por onde iriam. "E agora que você é responsável pela minha imagem pública... me pergunto se resolver isso tudo talvez não se encaixe na situação..." Jogou, arriscando com um sorriso largo.

"Que fique bem claro que seu pessoal já deveria ter lhe passado as minhas funções como sua relações, mas eu vou deixar que essa passe e vou resolver a situação como mãe da sua filha mesmo..." Respondeu, com um sorriso tão grande quanto o dele. "Mas vou precisar da sua ajuda porque talvez tenhamos que ir em alguns lugares e não vou ficar perambulando por aí de metrô." Completou, apontando o indicador na direção do mais alto que somente a puxou para dentro de seus braços, num aperto misturado com rodopio, do jeitinho que costumava fazer com Morales.

Sozinhos, se deixaram aproveitar o momento em mais uma daquelas situações onde nunca sabiam bem qual o limite, ou que havia acontecido e em que se separariam rapidamente, meio desorientados, assim que a consciência recobrasse aos dois. Por melhor que funcionassem, ainda assim era esquisito ter que dividir a paternidade e o pós de um ótimo sexo que acabou se tornando algo muito maior que eles sequer poderiam imaginar.

Então, mais rápido talvez do que ele havia imaginado, Carlos e Elena resolveram todas as coisas necessárias através dos contatos cheios de contatos que ela possuía e que rapidamente lhe quebraram cada um dos galhos que precisava. Sainz sentiu-se até um tanto inebriado — assisti-la esbanjar aquele sorrisinho cheio de charmes para todos os lados, conseguindo os bacalhaus que não estariam disponíveis assim em tão curto período de tempo, mas que eles dariam um jeitinho somente porque eram os preferidos da morena... Ela nem estaria lá no jantar e mesmo assim, vendia cada carta que tinha na manga. Apoiando-se no braço de Carlos, mantendo os corpos próximos somente para que parecessem o tipo de casal que as pessoas gostariam de ser.

unexpected. ⁕ carlos sainzOnde histórias criam vida. Descubra agora