Capítulo 5

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Era surpreendente o que Zhong havia dito, com todas as letras, que havia sido seu primeiro cara. Claro, Jeno ainda cogitava na ideia dele ser completamente hétero (agora menos), mas sendo alguém tão social e extrovertido, definitivamente não cogitava ter sido o primeiro a tomar seus lábios num beijo homossexual, por mais rápido que tenha sido.

E isso fazia o Lee sentir muitas coisas, cada vez mais.

Acontece que ele acabou deixando-se levar entre os pensamentos de querer persistir em trazer o sempre confiante Zhong se sentindo constrangido e tímidoi. A vulnerabilidade que havia mostrado assumindo desejar ir com calma, porque era o seu primeiro e que deveria ser tratado como especial tornava-se ainda mais interessante quando fazia-o entender que poderia ser quem, pelo menos uma vez, não cedia aos seus charmes do outro tão facilmente.

Mesmo que fosse o mais velho, Lee era claramente mais frágil entre os dois. E em partes, com a relação de sentimentos pendurados ao limbo, isso tenha sido razão o suficiente para tentar recompensar tendo o físico mais forte (até porque, ele era vulnerável com Chenle, mas se sentia frágil com praticamente todos ao seu redor).

Era tão fácil se ver obedecendo-o, tremendo ao falar consigo, suando só de pensar na remota possibilidade dele estar odiando-o ou se distanciando. E porra, Jeno é o mais velho - era para ser o contrário!

No fim, Jeno só era completamente apaixonado.

O que fazia com que ansiasse em provocar um pouco a frustração de Chenle, só para vê-lo bufando pelos cantos de bico nos lábios - atualmente, quase uma obrigação. Queria tirar proveito do único traço de vulnerabilidade que ele havia mostrado quanto a si.

E se ele era vulnerável a um Jeno desentendido, que ocasionalmente mostra músculos demais com roupas justas e curtas, então assim seria.

Chenle fazia transmissões mais do que nunca nestes dias - um mecanismo, por sua parte, para não envergonhar-se enquanto frustrado na frente de seu amigo gostoso, ao qual havia deixado explícito ser o primeiro homem que beijava, e de certa maneira deixar subentendido que estava apto a ser o primeiro homem com quem transava. (E também para não se ver mais duro apenas ao trombar com o corpo dele de músculos expostos no caminho da cozinha, repetindo a então imagem dele em seu colo, friccionando-se em seu falo semi-ereto).

E isso levava Jeno a se frustrar também - porque via suas oportunidades cortadas pela metade, logo agora que podia tomar as rédeas (e possuía coragem suficiente para isso) para provocá-lo.

Adicionalmente, frustrava-se pela falta de interações, até porque ele sempre foi o amigo mais carente entre o grupo (ele e seu irmão, e talvez isso dividissem em seu DNA).

Jeno decidiu quebrar seu streak de livestreams diários (minimamente quatro horas por dia). Não anunciou motivos aos seus fiéis seguidores, apenas que tiraria o dia de folga. Preferiu ficar quieto, sem sair do quarto, até que surgisse a notificação de 'ZHONGLE está ao vivo!' aparecer em seu celular, e um sorriso ladino tomar seus lábios.

Tomou um banho, rápido, porque havia recém acordado e seu visual gritava sono e cansaço. Secou os fios com a toalha, mas manteve as madeixas úmidas pela preguiça, e vestiu apenas uma de suas calças moletom, um largo e cinza que naturalmente usava em casa.

O título da transmissão ao vivo estava como 'Estou horrível hoje, asmr de música?' e a câmera focava unicamente em seus dedos dedilhando o teclado com as luzes de LED, hoje, na tonalidade vermelha (e não no seu típico e enjoativo roxo). Jeno ria sozinho, baixinho, com o celular em mãos, tendo uma ideia surgindo na sua cabeça.

Os chats não sabem guardar segredos - jenleOnde histórias criam vida. Descubra agora