Tia Emma tinha se voluntariado para ajudar no bar, essa era sua forma de se sentir próxima ao seu irmão falecido e mostrar que estava nos apoiando, apesar da minha mãe não ter gostado tanto da idéia no início, ela aceitou. Negar isso era um pouco cruel, mesmo para alguém como minha mãe.
Desde que meu pai faleceu tia Emma estava mais próxima do que nunca, era algo bom na maioria das vezes, ela cuidava da Lily, ajudava com as compras e ainda com o bar, seu marido também estava sempre em volta fazendo o possível para nos manter o mais confortáveis que ele podia.
Eu ia à igreja todos os sábados e domingos com minha tia pela manhã. Era o único lugar onde eu encontrava algum tipo de conforto, apesar de que esse sentimento na maioria das vezes durasse muito pouco tempo e quando eu voltava para a casa eu ainda estava vazia, como se mesmo com todas as minhas orações nada pudesse preencher o vácuo dentro de mim. Eu costumava a pensar que isso acontecia porque eu vivia em pecado, trabalhava em um bar onde a única coisa que eu fazia era assistir outras fazerem coisas abomináveis para o senhor, ainda não era casada, nem pretendia ter filhos, creio que Deus tinha suas razões para não ouvir as minhas orações.
— Você vai ir trabalhar hoje? — Minha mãe me pergunta enquanto desempacotamos algumas encomendas de bebidas para o bar.
— Não. Prefiro não ir. A tia Emma ficaria feliz em ajudar se você a pedisse.
— Você não entende, não é? A sua tia Emma não vai estar aqui para sempre, Eva. Os rapazes do bar já estão fartos de verem mulheres mais velhas, se você não deseja se casar agora, ao menos faça sua aparência útil para alguma coisa. — Ela fala trazendo outras dezenas de caixas ainda fechadas.
Eu tinha prometido que jamais iria ao bar de novo, mas eu fui naquela noite. Tia Emma precisou visitar um casal de amigos em outra cidade e minha mãe foi cuidar de Lily, eu era a única com disponibilidade para cuidar do bar.
Havia uma grande diferença na maneira em que minha mãe se vestia para trabalhar e eu me vestia. Ela sempre usava algo excêntrico que pudesse chamar atenção dos bêbados que flertavam com ela toda a noite. Esse era uma das grandes razões pelas brigas que aconteciam em casa, minha mãe não queria deixar de trabalhar dessa forma e meu pai não queria que sua fama de 'prostituta' se espalhasse pelo bairro.
A música não estava tão alta como nos outros dias, por esse motivo eu conseguia escutar as risadas e conversas que vinham das mesas.
— Perdida em seus pensamentos? — Uma voz feminina invadiu os meus ouvidos.
— Um pouco, sim. — Falo desajeitada vendo que a voz vinha da mulher atraente que eu tinha visto quando trabalhei no bar pela última vez. — Você veio de novo.
— Sim... Vocês servem boas bebidas aqui. — Ela sorri e eu percebo que não existe nada imperfeito sobre ela, seu sorriso era o mais lindo que eu já vira, ela era invejável.
— Você quer beber algo?
— Não, hoje não. Que horas você vai fechar, Eva?
— Para falar a verdade, o mais cedo possível. — Ela lembrava o meu nome e de alguma forma eu me senti feliz por isso.
— Eu sou nova aqui, seria bom ter alguém para me mostrar os arredores.
— Boa idéia, posso me voluntariar. — Abro um sorriso olhando para seus olhos cor âmbar, imaginando qual tipo de problema uma pessoa tão bela como ela poderia ter.
— Eu aceito.
— Você sabe meu nome desde aquela noite mas até agora eu ainda não sei o seu.
— Marie. Pode me chamar de Marie.
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The Bloody House (Romance sáfico +18)
Vampire"Se o amor não machuca, então por que tenho cicatrizes por todo o meu corpo agora?" Ainda me lembro de todos os detalhes da noite em que eu a beijei. Suas mãos em volta da minha cintura; o nó em minha garganta; o medo que tomava conta do meu corp...