Dead Body

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Já fazia um mês que eu não via outra pessoa além de Marie.

Os dias se passavam rapidamente, um mês parecia ter a duração de uma semana, era quase difícil de acompanhar. Minha tia estava tomando conta de Lily e dor bar, ao menos foi isso que Marie me disse. Eu não aparecia há um bom tempo, as pessoas já tinham começado a se perguntar o que tinha acontecido com a minha mãe e comigo, mas ninguém tinha a resposta para isso.

Eu já me sentia bem para andar em público, eu conseguia me controlar meus "desejos assassinos". Mas ainda assim eu não saia, eu pedia que Marie fizesse as coisas por mim. A verdade é que eu tinha medo de encarar as pessoas que eu conhecia, medo de que notassem o quão estranha eu estava, que me perguntassem o porquê de estar usando as roupas caras de outra mulher ou onde eu estava, todas essas perguntas que eu simplesmente não podia responder, principalmente para minha tia.

Eu não só dormia num caixão agora como também dormia ao lado de uma outra mulher.

Pode soar um pouco doentio, mas Marie tinha tudo o que eu mais desejava, eu tentava negar isso para mim mesmo mas ela sempre aparecia sorrindo no final do dia me beijando, me fazendo concordar em deixar o passado para trás.

Deixar as coisas no passado enquanto a imagem da minha mãe morta ainda me assombrava era difícil, eu não sabia se isso me fazia querer odiar Marie ou a mim mesma, mas ela ainda tinha razão sobre a minha mãe, ela não era boa, nunca sequer tentou ser.

Ela já tinha deixado claro que eu não conseguiria me virar sozinha e era verdade, sem Marie aqui eu já teria causado um grande estrago. No fundo eu sabia que eu só tinha ela.

— Você ainda se nega a sair? — Marie diz se sentando ao meu lado tirando o livro que eu tinha nas mãos.

— Não tenho o mesmo controle que você.

— Você está mentindo. — Ela diz afastando o cabelo que estava em meu rosto.

— Bom, se você já sabe a resposta, por que ainda busca por ela?

— Porque quero que seja honesta comigo. Com palavras.

— Não precisamos ter essa conversa de novo. — Falo pegando o livro de volta e ela segura meu pulso.

— As pessoas estão começando a perguntar por você, sua tia está preocupada e não dorme há dias, sua irmãzinha agora pensa que não só perdeu os pais como também foi abandonada pela irmã.

— E o que você quer que eu faça?! Que eu apareça e diga "estou viva, não se preocupem, mas agora eu sou uma vampira, então não estranhem se eu não aparecer aqui durante o dia"? É muito fácil para você dizer quando foi você quem me fez dessa forma.

— Eu não vou caçar por você todas as noites. Uma hora você tem que aprender a fazer isso, uma hora você tem que aparecer.

Ela se levanta me deixando sozinha, ela tinha razão novamente. Eu odiava que ela sempre sabia o que dizer, odiava que ela conseguia ler todos os meus pensamentos mas era capaz de esconder os seus, eu era um livro aberto fácil de ler enquanto ela parecia ter sido escrito em alguma língua que já estava morta. Essa era a melhor descrição que eu tinha para Marie.

Guardei o livro na prateleira da sala e fui para a porta de casa. Eu pensei muitas vezes antes de sair, não sabia como eu deveria responder as perguntas ou como esconder minhas presas ao sentir o cheiro de sangue, porém, a coisa que eu mais desejava era abraçar minha tia e Lily. Queria ver com meus próprios olhos como elas estavam e se tudo estava bem como Marie disse, elas eram tudo o que tinha me restado no mundo.

Coloquei meus pés para fora de casa e dessa vez eu tinha decidido sair

Pela primeira vez depois de um tempo senti o vento frio de Paris no meu rosto, eu não sabia se devia ir para casa da minha tia ou para o bar, a verdade é que eu não sabia se ela ainda estaria lá tão tarde a noite, mas caminhei pela rua por um tempo antes de decidir por qual caminho eu deveria ir.

The Bloody House (Romance sáfico +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora