Dezembro era o meu mês favorito do ano, não só pelas datas comemorativas mas também pelo clima, eu amava o frio que fazia nessa época, também amava as decorações da vizinhança e da igreja.
Naquela época, não muita gente frequentava o bar, então eu só abria nas sextas, sábados e domingos, era quando mais pessoas iam para beber.
Mas nem tudo estava tão bem como nos anos anteriores, meu pai já não estava conosco e minha irmã estava muito doente, esse também era um dos motivos pelo qual não íamos ao bar com a mesma frequência de antes, precisávamos ficar mais perto de Lily. Minha tia também ajudava, ela ia para o bar, arrumava a casa e comprava remédios da minha irmã.
Minha mãe estava quase enlouquecendo com tudo aquilo, não tínhamos dinheiro para quase nada, o bar mal funcionava e o que tínhamos usamos para ajudar na recuperação de Lily, muitas vezes ficávamos nos sentindo mal por pedir tanto a ajuda de minha tia e seu marido, mas não tínhamos outra opção e mesmo sabendo que ela nos ajudava com boas intenções, ainda era um pouco ruim ter que depender dela, afinal, ela também tinha uma família para cuidar.
— Tudo bem se você fechar o bar hoje sozinha, minha querida? Vou olhar como está a Lily. — Minha tia diz recolhendo alguns copos que estavam espalhados pelo bar e os levando para dentro.
— Sim, claro. Pode deixar as coisas aqui, eu termino de arrumá-las.
Minha tia deixa o bar levando consigo uma garrafa de vinho que obviamente não era para ela. Era para minha mãe. Nesses últimos dias ela tinha voltado a beber, passava metade dos seus dias embriagada, ela sempre pedia para que eu levasse algo do bar para ela e se eu me recusasse ela se tornava violenta, ao ponto de tentar me bater várias vezes. Mesmo quando eu passei a ignorá-la, não adiantou, ela vinha até aqui e levava quase tudo o que tínhamos, tia Emma então, decidiu levar uma garrafa ou outra para impedir que coisas piores acontecessem, mesmo que não fosse o jeito certo de lidar com a situação.
Geralmente na vizinhança fazíamos um evento com participação da igreja para arrecadar alimentos e roupas para as famílias mais carentes, meu pai sempre participava, todas as pessoas já esperavam que ele levasse algo, eu queria fazer isso por ele, afinal, era uma forma de honrar a memória dele. Eu pensei em chamar minha tia mas ela parecia ocupada tomando conta de Lily e evitando que minha mãe tivesse um coma alcoólico com a quantidade de bebidas que ela estava ingerindo, então, decidi ir sozinha.
Não estávamos no melhor momento financeiro, conseguir coisas para doação era um pouco difícil na situação em que minha família estava vivendo, alguns agasalhos velhos da minha mãe e de Lily que estavam no fundo do armário empoeirado foram as únicas coisas que consegui.
— Muito obrigado por sua contribuição hoje, filha. — O padre me diz quando me viro para deixar as roupas.
— Não é nada demais, padre.
— Lamentamos muito por Daniel. Ele sempre vinha nessa data, fico feliz que esteja seguindo os mesmos passos que seu pai, ele foi um homem bom, Eva.
— Sim... Eu sinto muito a falta dele.
— Como está a sua irmã?
— Ela ainda está doente, tia Emma está ajudando, esse é o motivo para ela não estar aqui hoje.
— Estarei orando por sua irmã. Diga à Emma que a igreja sempre estará aberta para ela e sua família, Deus sempre olhará para vocês, desejo melhoras para Lily.
— Muito obrigada padre.
Eu saí me sentindo feliz por algo que eu fiz pela primeira vez depois de muito tempo.
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The Bloody House (Romance sáfico +18)
Vampire"Se o amor não machuca, então por que tenho cicatrizes por todo o meu corpo agora?" Ainda me lembro de todos os detalhes da noite em que eu a beijei. Suas mãos em volta da minha cintura; o nó em minha garganta; o medo que tomava conta do meu corp...