Capítulo 7

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|Amity Blight|

— Mais um pouco e você vai estar latindo pra ela. - A voz alheia me despertou dos meus pensamentos. Particularmente, preferia continuar a criticar e me divertir com a lerdeza da Noceda no andar de baixo, do que escutar a voz de Boscha.

— Não fode.

Ela rodeia meu pescoço com seu braço, me abraçando de lado.

— Então você sabe o que fazer. - Ela olha para a Noceda que sorria feliz com seus amigos e logo tenta me empurrar a garrafa na sua mão. O líquido colorido em amarelo neon denunciava que era tinta.

Todo ano era assim, desde sempre.
Escolhiam alguém novo e jogavam tinta, ou qualquer coisa que manchasse, como uma espécie de punição por estar ali.
Para intimidar e garantir que amanhã os calouros não vão se engrandecer o bastante para quebrar o posto de "superioridade" e o orgulho de Boscha e do restante de seu grupinho - eu fazia parte dele, mas nunca fazia o trabalho sujo.

Desde que cortei relações com Odália, eu já não precisava andar com Boscha, que vem tentando me atingir de qualquer jeito até me fazer voltar.
E agora, estupidamente, ela vê a presença da latina como uma oportunidade para isso. Se ela ao menos fosse inteligente o suficiente para saber que eu não tenho afeto algum por Luz Noceda, me pouparia desse showzinho.

Abri um sorriso e logo agradeci aos céus por ela se soltar de mim, seu perfume extremamente adocicado me dava vontade de vomitar e coçava o nariz.
Céus, ela tomava um banho disso?!

— Não, não sei e não vou fazer nada. - Respondi dando um passo à frente, mantendo toda a minha postura. Nem que ela estivesse pintada a ouro eu faria algo assim para suprir suas vontades, só se ela fosse a Taylor Swift.
O que, no caso, ela está bem longe de ser.

A rosada ficou séria, eu tinha conseguido irritar ela e não me importava nem um pouquinho com isso.

— Tudo bem, então eu acho que outra pessoa vai adorar fazer isso. - Olhou para Skara que estava por perto, indo vagarosamente na direção dela.

A música parou.
Sem pensar, me coloquei em sua frente olhando no fundo de seus olhos.
Ela não iria parar até conseguir o que queria.

Quando se têm um inimigo, você precisa enfrentá-lo, por que se deixar de lado ele vai voltar muito pior no dia seguinte.

Eu não tinha mais nada a perder.
Eu não tinha Odália para dizer o que eu devia ou não fazer.
Só havia a mim naquele segundo.
E agora era o momento em que eu escolheria ser podre como Odália, - e me juntar a Boscha novamente - ou me permitir ser livre e impor limites a ela.
Eu não me importo com Luz, eu me importo com a minha liberdade.
Quero ser eu mesma depois de tanto tempo me importando em impressionar e seguir ordens de alguém que não dá a mínima.

— O gato comeu a sua língua? - Debochou.

Tirei a garrafa das mãos de Boscha e despejei toda a tinta em seus cabelos cor de rosa. Ela limpa parte do rosto com as mãos, surpresa pela minha ação e vermelha de raiva.
Em volta de nós duas há uma multidão atenta em cada detalhe de nossa "conversa".

— Sente isso?! Isso te coloca numa posição desconfortável, onde a maioria dessas pessoas aqui já estiveram por sua culpa, e indiretamente por minha culpa também. Mas eu cansei de participar e ver tudo quieta, eu me cansei de você. E não se preocupe, Boscha - Puxei seu braço e me aproximei de seu ouvido, sussurrando para que apenas ela escutasse. — que da Luz Noceda, cuido eu.

Solto seu braço e me afasto dela, olhando no fundo de seus olhos.

— O que foi, Boscha? O gato comeu a sua língua?- Arqueei as sobrancelhas.

Vou embora deixando os olhares alheios para trás. Alguns me olhavam com pena sabendo que a outra não deixaria isso assim.

Apertei minha jaqueta contra o corpo e acendi um cigarro enquanto mandava uma mensagem para os gêmeos, avisando que eu estava indo para o dormitório.
Ando pelas ruas do bairro nobre rodeado de condomínios e casas grandes, por fim achando uma farmácia 24h.

Uma ideia me calhou à vir naquele exato momento.
Joguei a bituca no chão e entrei no estabelecimento, indo até o corredor de tintas e matizadores. Já não suportava mais olhar no espelho e me ver tão semelhante a Odália.
Era hora de mudar um pouco.

Escolhi a tinta e fui até o caixa pagar.
A atendente me deu atenção, paguei tudo, agradeci e fui embora.

Chegando no dormitório, destranquei a porta do quarto e logo fui colocar uma roupa velha para pintar o cabelo.
Eu não estava com sono, então não fazia diferença.

Depois de seguir as instruções, finalmente tenho o resultado que queria.
Observo meu reflexo no espelho por um tempo, satisfeita com minha imagem e brindando aos pequenos passos que eu estava dando.
O lilás combinava perfeitamente comigo, e... com algumas partes do chão do box também.

Já não sentia mais aquele peso de encarar o meu próprio reflexo no espelho e ver aquela mulher amargurada que me trouxe ao mundo. Agora eu via a verdadeira Amity.
Isso para mim já é o bastante.

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Notas: vocês não sabem o trampo maluco que eu arrumei pra conseguir dinheiro e comprar livros na amazon

Me perdoem por qualquer erro ortográfico.
Por favor, não sejam leitores fantasmas. Seu "simples" comentário dará incentivo para que eu possa continuar essa obra.


You again - LumityOnde histórias criam vida. Descubra agora