Capítulo 8

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[Pergunta rápida: Gente, o wattpad tá notificando a publicação pra vocês ou é só pra mim que não tá aparecendo?]

|Luz Noceda|

Voltei para o dormitório de madrugada. Só não fiquei na festa até de manhã porque precisava descansar para no dia seguinte poder trabalhar.
Willow e Gus até ofereceram um lugar pra mim no quarto deles, mas eu não queria atrapalhar.
Com cuidado em não fazer barulho para que Amity não acordasse, tomei um banho e fui dormir com os cabelos molhados.

Acordo já escutando os gritos da minha colega de quarto e não eram no bom sentido.

— ACORDA! - Senti ela me cutucar com alguma coisa. — LUZ, LEVANTA AGORA!

Levanto com dor de cabeça, a olho tentando entender o porquê dessa gritaria.
Ela faz um movimento, apontando para a barata na parede do meu lado do quarto.
Sinto o desespero me consumir rapidamente.

Me coloco atrás dela, esperando que ela matasse a barata com a vassoura.
Suas mãos tremiam tanto que acabou errando ao acertar a barata, fazendo a maldita voar em nossa direção.
Corremos gritando para dentro do banheiro, fechando a porta e deixando o quarto inteiro pra barata.

Aproveitando que já estava ali dentro, respiro fundo, escovo meus dentes e lavo o rosto.
Pelo reflexo do espelho vejo a expressão de Amity, enfurecida e vermelha como um tomate.

Meu olhar instintivamente cai para o chão do box, um pouco manchado em um tom clarinho de roxo.

— Fala sério?! Você vai lavar esse banheiro, olha como tá isso manchado. - aponto para aquela parte do chão.

— Você vai lá fora e vai colocar essa barata pra fora, agora. - Resmungou autoritária.

— Por que eu? Você é estudante de veterinária, no curso vocês fazem um monte de coisas nojentas, tá com medo de uma barata?! - Digo me posicionando na sua frente.

Amity me olhou em desaprovação, como se não acreditasse no que eu tinha dito.
Só agora reparei que ela pintou seus cabelos em um tom lilás, que talvez - só talvez - , tenha combinado perfeitamente com ela.

— Tá falando sério? A barata tá aqui dentro por causa do pacote de biscoito doce que você deixou no chão! Eu vou ser veterinária e não cuidadora de baratas sujas do esgoto, sua mula! - Ela colocou uma de suas mãos na cintura em indignação.

— Isso significa que vamos ficar aqui dentro por um longo tempo. Quem sabe a imensa vontade de sair de perto de mim, não faça você salvar o nosso dia hein?! - Mordo o lábio inferior e arqueio as sobrancelhas sugestivamente.

Num piscar de olhos, Amity solta a vassoura e põe suas mãos na gola do meu pijama, me colocando contra a parede ao lado da porta do banheiro.
O ar pareceu se esvair de meus pulmões momentaneamente.
Ela estava perto.
Perto demais.

— Blight, se tá' tentando tirar proveito disso pra me beijar e me fazer matar a barata, saiba que eu não sou fácil assim. - Dou uma piscadela, sabendo que aquilo irritaria ela.

Eu jamais me submeteria a humilhação que seria beijá-la novamente.

Para a minha surpresa, ela olha no fundo dos meus olhos, destranca a porta e responde:

— Tá bom.

Assim tão fácil?

No segundo que eu iria me gabar por fazer Amity Blight - a riquinha nariz em pé - matar a maldita barata, fui empurrada para fora do banheiro junto com a vassoura.

Levanto rapidamente do chão tentando abrir a porta do banheiro, mas ela já tinha trancado.

— Hija de puta! - Praguejo tendo a certeza de que ela escutou.

Naquele momento eu senti ainda mais saudades da minha mãe.
Era ela quem sempre enfrentava as baratas lá em casa, quem sempre me confortava quando eu tinha pesadelos, que me encorajava a ser quem eu sou acima de tudo...
Quando eu era criança, eu poderia jurar que Camila Noceda não era "apenas" minha mãe e sim uma super-heroína mesmo sem ter poderes.
Infelizmente demoraria para nos vermos novamente, isso era sufocante.

Depois de muita luta e gritaria, consigo matar a barata.
Amity sai do banheiro com uma expressão neutra e ridícula.
Eu poderia esganar ela ali mesmo.

Sem enrolação, troco de roupa e vou tomar café numa padaria próxima já que Hexside não oferecia nenhum alimento aos fins de semana.
No caminho até a padaria ligo para minha mãe por chamada de vídeo, para tentar matar um pouco da saudade.

— Buenos días, mamá! Como vão as coisas por aí? - Abro um sorriso genuíno para ela.

Ela estava sentada no sofá de nossa casa, fazendo carinho na minha gatinha preta com algumas manchinhas brancas chamada Zoe.

A conversa foi fluindo e toda vez que ela tocava no assunto sobre a minha colega de quarto, eu dava um jeito de contornar a situação.
Ainda não era a hora dela saber que Amity estava de volta, levando em consideração que retorno dela significava várias coisas.

Assim que volto para o dormitório começo a arrumar minha bagunça, varro o quarto, passo um pano e coloco o lixo na lixeira que ficava próxima à lavanderia.
Também aproveito para lavar minhas roupas, agradecendo mentalmente pela lavanderia vazia por conta da quantidade de alunos de ressaca em pleno domingo.

Pedi algo para comer no almoço enquanto minhas roupas secavam na secadora.
Um tempo depois estava eu voltando em passos relutantes para o dormitório.
O dia não estava nem perto de acabar e definitivamente não queria ver Amity nem pintada à ouro.

O semestre mal havia começado e eu já queria eliminar minha colega de quarto da face da terra.
Odeio o jeito mandão dela, odeio quando ela cora de raiva, odeio a cara que ela faz quando está lendo alguma coisa e odeio pensar na maneira na qual ela desapareceu da minha vida sem dar explicações.

Eu odeio tudo nela.
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Notas: inicio do capítulo foi mais descontraído pra entrar no clima de final de ano, não se acostumem 🎉🎊

Me perdoem por qualquer erro ortográfico.
Por favor, não sejam leitores fantasmas. Seu "simples" comentário dará incentivo para que eu possa continuar essa obra.

You again - LumityOnde histórias criam vida. Descubra agora