Capítulo 3

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Juliette

Alguns dias depois do primeiro tapa que eu recebi de Sérgio, eu resolvi ir atrás dos meus pais. Eu precisava me desculpar, não por amar Sérgio ou pedir para voltar pra casa, mas por ter sido tão dura com eles.
Quando cheguei em frente a casa que passei os melhores momentos da minha vida, demorei alguns minutos para bater na porta. Sabia que teria que encarar aquilo que fugi por quase dois anos.

O som da batida soou, e eu respirei fundo. Assim que a porta se abriu, vi minha mãe, ela parecia abatida, seus olhos estavam fundos e com olheiras enormes em volta. Ao me ver, vi seus olhos encherem d'água e ela sorrir. Ela me abraçou e me apertou em seus braços como se não me visse a muito tempo, coisa que realmente havia acontecido. Abracei ela de volta e senti todo o remorso me corroer. Eu fui uma péssima filha para eles.

Ela me afastou e me olhou por inteiro, viu minhas roupas, meu cabelo e se não havia nenhum machucado em mim. Era como se ela soubesse que algo não estava tão bem assim comigo. Entramos e a primeira coisa que disse a ela, foi um pedido de desculpas por tudo dito e feito na nossa briga. Ela sorriu e disse que estava tudo bem, que me perdoava.

Me perguntou como eu estava, se não havia nada que queria lhe contar, se o Sérgio era um homem bom e se me tratava bem. E eu, confirmei em todas as suas perguntas. Não que eu quisesse mentir para ela, mas não queria lhe causar preocupação.

Meu pai chegou com meu irmão e a alegria foi estabelecida ali. E eu me senti em paz novamente. Até chegar em casa e ser surpreendida por Sérgio com milhares de perguntas. Aonde eu estava, pq demorei tanto e com quem estava. Disse que fui ver meus pais e meu irmão para acertar oque ficou errado no passado. Ele segurou forte em meu braço e me perguntou se eu disse algo a eles sobre oque havia acontecido há alguns dias atrás e se foi pra isso que fui atrás deles. Neguei por diversas vezes e precisei esperar o tempo dele de acreditar em mim, quando isso aconteceu, ele soltou meu braço e vi o roxo que ele deixou.

Quando ele viu, saiu depressa para esquentar um pouco de água e procurar por alguma pomada ou qualquer coisa que pudesse "curar" o segundo erro dele. Me pediu desculpas, fez compressa ali, me beijou, disse que me amava, e eu só disse que estava tudo bem, que ele só ficou preocupado e que eu que fui a errada por não ter avisado para onde fui e nem oque fui fazer.

Eu sei que ele me ama, eu vejo isso nas atitudes dele quando ele está feliz e de bom humor. Ele me dá presentes e me leva para sair sempre que pode. Diz que me ama e nesses momentos fala coisas muito bonitas para mim.
E eu também amo ele, é claro!

Ouço Manuella choramingar, me levanto do sofá e vou buscá-la.

-A mamãe está aqui.

Digo ao vê-la choramingando, deitei ao lado dela na caminha e balancei ela para ela voltar a dormir.

Eu e Sérgio tivemos uma filha! Manuella tem 10 meses, ela é uma criança tão doce e tão radiante, ela é simpática e sorridente. Ela ama bichinhos e estrelas, isso fala muito sobre sua gentileza com os animais e seu encanto pela noite. Mas por incrível que pareça, ela morre de medo do escuro, e meu colo é seu maior refúgio.

Quando eu engravidei, foi a melhor fase do meu relacionamento com Sérgio, depois dos dois primeiros anos de namoro, é claro, que foi mais incrível ainda. Ele sempre estava feliz e conversar com o bebê era uma das coisas que ele mais fazia. Ele dizia a todos que ia ser pai e eu sequer sabia desse desejo dele pela paternidade. Acredito que por conta dele já estar na casa dos 40, pensei que isso não fazia mais parte dos seus planos.

Eu estava ansiosa por um enxoval, um quarto e um nome, queria saber se teria uma menina ou um menino, se poderia comprar laços ou esse meu desejo ficaria pra próxima. E com quase 6 meses, conseguimos ver o sexo do bebê...uma menina!

Eu fiquei radiante, eu sempre sonhei em ter uma menininha, eu queria os vestidos e os laços, imaginava os penteados, as fantasias e os desenhos de princesas. Sérgio ficou feliz e disse que eu poderia comprar oque quisesse para nossa filha. E surpreendentemente foi a fase em que mais nos amamos, conversamos e voltamos a época de antigamente. Tudo na minha gestação ficou leve, eu e Sérgio ríamos de tudo, conversávamos sobre muitas coisas, assistíamos filmes em dias frios e saíamos sempre para comprar coisas para a bebê. Eu me sentia feliz.

O nome fui eu que escolhi, eu sempre amei Manuella. Quando eu tinha 5 anos ganhei uma boneca dos meus pais e dei esse nome para ela, sempre foi meu nome favorito.
Manuella significa "Deus está conosco", e é isso que eu senti após o nascimento dela, a presença de Deus de uma maneira constante sobre a minha vida.

Meus pais adoraram a notícia que seriam avós, eles ficaram radiantes e os mimos da neta começaram cedo da parte deles, que não podiam ver algo de bebê que compravam para a netinha. Eu sentia que a Manuella traria muita união, da minha parte com meus pais e entre eu e Sérgio. Bom, foi oque eu pensei.

Mas aí ela nasceu, eu passei por um puerpério muito difícil. Após o nascimento da Manu, me senti tão esgotada. E o Sérgio começou a mostrar mais um lado que eu odiei conhecer. Ele ama nossa filha e adora passar o tempo que pode com ela, mas quando eu mais precisei ele não estava tão presente assim.

Enquanto eu passava por um esgotamento surreal, Sérgio quase nunca estava em casa para me ajudar. Ele sempre sai para festas, resenhas, baladas, e tudo que ele pudesse se "distrair", como ele sempre me dizia.

Eu não duvido de uma traição ou até mais de uma nessas saídas dele naquela época. Afinal, eu estava péssima após dar a luz.
E não que eu ache que ele me amava menos por causa disso, mas eu sinto que ele não ficou sentado me esperando por meses até me sentir bem de novo.

Quando tudo começou a se ajeitar, vi que teria que me dedicar totalmente a Manu. Tranquei a faculdade quando estava no sexto mês de gestação, quando começou a ficar difícil conciliar a gravidez com os estudos. Após um tempo, quando decidi colocar Manu em uma escolinha, voltei. E daqui a alguns meses me formo em direito e me sinto realizada por isso.

Vejo que Manu dormiu de novo, me levanto com cuidado e saio do quarto, voltando a cuidar dos meus afazeres.

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Continuo?

Entre a vingança e o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora