Era domingo. Sanji foi o último a despertar daquele apartamento, até o dorminhoco do Zoro despertara antes dele, tudo isso devido a ressaca que sentia por ter bebido noite passada.
— Preciso fazer o café... — Dizia com uma mão na cabeça e ao seu lado estava uma Perona preocupada com um copo d'água para ele.
— Não precisa, cozinheiro. Perona já fez. — Zoro falava sério e de pé, com os braços cruzados, próximo ao sofá em que Sanji ainda estava de torso levantado. — Se quiser fazer algo, faça o almoço.
— Ele precisa descansar! — Perona interveio.
— Descansar? Mas dormiu até agora.
Perona fez um bico e já diria algo, mas Sanji se levantou.
— O marimo está certo. Sinto muito ter sido tão irresponsável e não ter me levantado pela manhã. Isso não vai mais acontecer. — Depois se dirigiu a cozinha e pôs o seu avental para fazer o almoço.
Zoro o observava e pensava o quanto era maduro pra sua idade. Pelo menos era o que aparentava, porque nada tirava da sua cabeça que Sanji queria era mesmo gritar tudo o que sentia como um selvagem urrando no meio da floresta, mas que engolia a seco.
Ainda se lembrava das lágrimas da noite passada, o que afligia tanto aquele garoto? E aquelas cicatrizes? Alguém as fez ou foi ele mesmo que as fez? Não podia chegar perguntando, tinha medo de machucá-lo e esse tipo de assunto era muito delicado. Por isso esperava que Sanji desabafasse, mas isso não acontecia e Zoro terminava sempre muito preocupado.
Não se lembrava de se preocupar tanto com alguém assim antes, nem quando sua irmã fugiu de casa se sentiu desse jeito. Sanji despertava sentimentos estranhos no seu interior...
Tinha certeza que não era pena ou alguma empatia... mas continuava sendo um motivo nada nobre...
Zoro sentia um sentimento de possessão a ponta de querer machucar aqueles que fizeram mal ao cozinheiro. Com muito custo e ao passar dos dias com a companhia dele, Zoro compreendeu que o queria para si.
Beijá-lo e senti-lo por dentro.
Seu sorriso era lindo, até mesmo quando rodopiava Perona. Mas era satisfatório quando seus olhares cruzavam por um instante e Sanji demonstrava um respeito amedrontador por si.
Sua feição sempre ficava cravada na sua memória, como um servo fiel se curvando ao seu senhor. O que será que era isso? Tal sentimento lhe fazia se sentir um maluco, por que achava o cozinheiro seu?
Estava agindo como um homem estúpido, um abusivo e ciumento.
Talvez seja por isso que Sanji ainda não confiava nele para se confessar.
Já era noite e Zoro saiu para correr pela orla. Como passou mais de uma hora desde sua saída, Sanji começou a ficar preocupado.
— Perona-chan, acho que vou atrás de seu irmão. — Disse Sanji a Perona deitada no sofá vendo um filme idiota. — Sabe, ele pode ter se perdido...
Estava constrangido, ainda mais depois de ver o sorriso da rosada. Com certeza ela pensaria que estivesse preocupado.
— Okay, mas você sabe que não precisa se preocupar. — Disse a última palavra com certo destaque. — Porque ele sempre volta.
Andava no calçadão da praia que vira com Zoro naquele sábado, enquanto passava os olhos ao redor. A brisa era cortante, esvoaçava os seus cabelos loiros e foi com os dois olhos que viu o marimo sentado na areia da praia. Sanji se aproximou fazendo com que Zoro sentisse sua presença e olhasse por cima do ombro.
Sanji percebeu o silêncio constrangedor e começou a se explicar. — Perona está preocupada com sua demora e vim te procurar.
— Perona? Mas ela sabe que sempre retorno. — Respondeu, rindo da desculpa nada convincente. O cozinheiro se sentou ao seu lado ainda envergonhado.
Era noite de lua cheia e por isso o mar estava bem iluminado. Sanji fechou os olhos por alguns segundos para ouvir o barulho das ondas e sentir o vibrar do vento gelado em sua pele alva. Seus cabelos não estavam mais divididos e ele não se importava se Zoro iria rir de suas sobrancelhas ou não, porque nada mais fazia sentido. Não quando estava diante do mar.
— Tem um motivo para eu ter bebido.
Zoro arqueou a sobrancelha ao ouvir isso, não acreditava que ele tocaria no assunto. Imaginava que o cozinheiro ignoraria como sempre fazia.
— Aquele velhote de merda é puta sinistro quando quer. — Abraçou as pernas e umedeceu os lábios para falar mais. — Ele disse que sou arrogante por resolver tudo sozinho e não dar valor as pessoas que estão preocupadas comigo. — Deu uma pausa. — Bem, não exatamente nessas palavras, mas interpretei assim.
— É? — Apenas disse isso, mostrando insatisfação na voz. Era bem verdade que Sanji estava agindo exatamente como disse Zeff, atitude que deixava Zoro nos nervos.
— Sinto muito por não ter dito nada sobre mim para você e Perona. Eu vejo que estão preocupados, mas não me sinto à vontade em dizer.
Zoro piscou os olhos, entendeu que ele também estava se esforçando.
— Tudo bem. Dizendo ou não, tem ainda nossa confiança e continuaremos te ajudando. — Virou o rosto para Sanji ao seu lado, dava um belo sorriso, mas de repente sentiu os lábios úmidos do loiro sobre os seus.
Sanji se afastou e os dois passaram a se encarar. Ver o sobrancelha enrolada com os seus dois olhos azuis muito sem graça, de alguma forma, lhe fez ficar excitado e pensou em merda como estivera pensando desde que o conheceu.
— Mas não guarde tudo dentro de si. — Completou.
E se aproximou do outro para voltar com o beijo, dessa vez mais demorado e mais molhado. Explorava a boca do cozinheiro com cuidado e seu corpo se inclinava mais sobre o dele. Zoro estava sendo o dominador, o tipo que Sanji mais odiava, mas naquele instante não sentiu nojo e permitiu que ele deslizasse suas mãos grandes em seu corpo. Permitiu que Zoro trilhasse em cada cicatriz.
Zoro chupava o loiro sem se importar de que estavam num lugar aberto, mas por sorte não havia ninguém naquele horário. Não conseguiu se controlar e aproveitava aquele momento tão intenso e intrínseco.
Sanji gemia e pedia que continuasse em murmúrios. Nunca pensou que um dia amaria um homem, não depois de tudo que seu pai lhe fez. Mas o destino era irônico, tinha dessas coisas e o que ele podia fazer...
O marimo era diferente. Bondoso e quente, isso era claro. Mas também homem. E do tipo que mais detestava.
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Only (reescrita)
Teen FictionSanji foge de casa com apenas 16 anos, carrega consigo uma mochila com o básico para sobreviver e um coração descrente das palavras mais tenras. zosan reescrita