Você de Volta

Capítulo 1

Capítulo Um

Mentir a Nikos e dizer que dormira como um anjo não daria certo as olheiras eram evidentes, por mas que estivesse cansada não conseguira pregar o olho a noite inteira, o pânico a dominou por completo só em saber que ali naquela casa voltava a estar sob o mesmo teto que Nikos Harper. Lembranças vívidas da briga que haviam tido há quatro meses voltaram a sua mente atormentando-a e estava revirando a vida que vinha tentando reconstruir.

(...)

Conhecera Nikos Harper em uma viagem a Grécia onde ficara instalada na casa de uma amiga de Kate que também era amiga dele. Tudo aconteceu muito rápido, namoro e um pulo para o casamento. A paixão podia ser vista nos olhos do casal que se uniu em uma cerimônia simples com a presença da família e amigos íntimos lá mesmo na Grécia. Ela achava que eles haviam se unido para sempre só que o para sempre acabara tão rápido quanto começara. Depois de um ano casados Kate descobriu que estava grávida e isso fora a gota de água no casamento que teve um fim inesperado.

(...)

-Como assim?

-Vamos ter um bebê!-A felicidade estava estampada no rosto dela. -Eu já desconfiava e...

-Você não vai ter essa criança!

O silêncio que se seguiu foi pesado e só se ouvia a respiração irregular de Kate. Com todo peso do corpo ela afundou no sofá encarando-o sem conseguir dizer nada. Ele continuava gritando com ela o que a deixou ainda mais assustada.

-Você está... isso é uma brincadeira não é?

Vendo que estava aos berros ele diminuiu o tom de voz e sentou ao lado dela no sofá segurando-lhe as mãos.

-Ouça, - Seu tom de voz havia ficado mas calmo o que aliviou o coração dela.- um filho agora só irá nos atrapalhar neste momento e definitivamente eu não quero ter filhos, nunca sonhei em ter uma família, apenas alguém como você, você já me completa e não precisamos de crianças correndo por aí ou coisa do tipo.

-E o que você pensa em fazer a respeito?

-Você vai fazer... tire esta criança.

Ela pulou do sofá e ficando em pé deu uma tapa no rosto dele deixando a face avermelhada.

-Nunca cogitei ouvir isso de sua boca. Achei até que você ficaria

feliz por nós, mas vejo que me enganei em tudo, nosso casamento

foi um erro.

Ela correu em direção ao quarto, pegou uma mala e começou a arrumá-la de qualquer jeito.

-O que você está fazendo?

-Indo embora.

-Você não pode me deixar eu te amo Kate.

-Não diga isso. -Ela se virou para ele furiosa. -Amor? Você não sabe o que é isso Nikos, como pode falar em amor e me pede para tirar nosso filho, ou melhor, meu filho?

-Você não pode me deixar porque eu falei isso.

O silêncio reinou majestoso mais uma vez.

-Adeus! Saiba que mesmo você não querendo esta criança eu a amo e a terei com ou sem você.

Uma furiosa Kate passou pela porta. Ali, naquele lugar aonde fora feliz por um ano deixava seu coração e o homem que amava mais que tudo.

(...)

O dia amanhecera e ela ainda se achava sem sono. Apenas as lembranças do passado não tão distante com Nikos vinha em sua mente a todo instante, sem permissão. Uma leve batida na porta fez com que ela se sobressaltasse ainda bem que a trancara na noite anterior não queria ser vista naquele estado, com olheiras profundas que gritavam que ela não havia dormido. Então para não ter que encarar Nikos e uma situação para a qual ainda não estava preparada resolveu fingir que ainda dormia e então as batidas cessaram. O que faria agora que Nikos era o dono daquela casa? Não poderia continuar ali, mas com o pouco dinheiro que tinha não teria para onde ir, não tinha dinheiro para alugar outra. Uma idéia surgiu em sua mente. Iria trabalhar. Sim agora decidida pulou da cama, tomou um banho rápido e maquiou-se, olhando-se no espelho se sentia feliz com a aparência. O banho e a maquiagem tiveram o poder de renovar-lhe a alma. Seu coração disparou quando lembrou que Nikos estaria esperando por ela, querendo ou não teria de enfrentá-lo um dia, então que fosse naquele momento. Desceu as escadas e foi até a cozinha e o que encontrou foi uma visão do paraíso: Nikos enrolado em uma pequena toalha, seus cabelos ainda úmidos do banho e pequenas gotas de água escorriam por seu tórax largo. Embora o odiasse não podia negar que ele era a chave que abria a porta para a perdição.